Mundial Futebol Praia’15 – A solução é não complicar

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    Antes do início do Campeonato do Mundo de Futebol de Praia, era quase inequívoco considerar-se a seleção portuguesa uma das principais candidatas a vencer a competição. Com jogadores de tão fino recorte técnico, como Alan, Madjer ou Belchior, o sonho português em sagrar-se campeão do mundo, 14 anos depois, era possível, até tendo em conta o facto de a competição se jogar em areias lusitanas. A verdade é que depois de dois jogos sofríveis contra o Japão e Senegal (vitória por 4-2 e derrota por 5-6, respetivamente), começaram a lançar-se dúvidas sobre a verdadeira valia da seleção liderada por Mário Narciso.

    No jogo contra os argentinos, a receita era simples e solução era somente uma: vencer. Com um grupo A com quatro equipas empatadas com três pontos, Portugal só podia mesmo ganhar à Argentina para chegar à fase a eliminar do Campeonato do Mundo. A grande dúvida que pairava antes do jogo na Praia da Baía era se Portugal conseguiria superar a pressão e lançar-se de vez para exibições seguras e convincentes junto do seu público. É caso para dizer que as dúvidas rapidamente foram dissipadas, tão boa foi a resposta dos jogadores portugueses.

    Apostada no cinco habitual (Elinton Andrade na baliza, Jordan e Torres como defesas e a dupla Madjer/Belchior na frente), a seleção portuguesa entrou autoritária no duelo frente a uma Argentina que pouco ou nada mostrou esta tarde em Espinho. Percebeu-se desde cedo que Mário Narciso havia tirado notas importantes do jogo com o Senegal: os erros defensivos frente aos africanos foram demasiados e por isso Portugal entrou muito mais agressivo no momento defensivo. Por isso, não foi de estranhar que Elinton Andrade tenha sido poucas vezes incomodado sobretudo nos dois primeiros períodos de jogo. A seleção portuguesa jogava bem, as bancadas empolgavam-se a cada lance e o golo acabou por surgir com naturalidade. Aos nove minutos, na sequência de um livre direto, Belchior fez um golo de belo efeito e colocou ao rubro os 3500 adeptos no Estádio da Praia da Baía. Apenas três minutos mais tarde, e já praticamente com o primeiro período a terminar, foi novamente na sequência de uma bola parada que o capitão Madjer, com um forte e colocado remate, pôs Portugal a vencer por 2-0 no final do primeiro período frente à Argentina.

    O segundo período não trouxe novidades de maior na partida. A seleção portuguesa continuava por cima do jogo e nem mesmo as constantes alterações provocadas por Mário Narciso fizeram abrandar o ritmo imposto pelos jogadores portugueses. Mesmo precisando igualmente de vencer, a Argentina raramente se acercava da baliza de Andrade, com apenas Franceschini, Sirico e Hilaire a quererem rumar contra uma maré demasiado forte para os albicelestes. No segundo tempo, Portugal chegou à goleada com mais dois golos marcados, por intermédio de Torres e Alan. O jogador naturalizado português haveria de marcar ainda o primeiro dos três golos de Portugal no terceiro tempo, após uma excelente jogada coletiva. Aos 31 minutos, e novamente num livre direto, Madjer bisou na partida, tal como Alan já havia feito. O 6-0 no marcador era suficiente para demonstrar tamanha superioridade da seleção portuguesa, que em vários momentos proporcionou excelentes momentos de futebol. É certo que, até ao final, Sirico e Hilaire marcaram para os argentinos, mas o golo de Zé Maria ao cair do pano foi a cereja no topo do bolo para uma vitória por 7-2 que colocou Portugal nos quartos de final do Campeonato do Mundo de Futebol de Praia. O próximo desafio será na quinta feira, às 15h30, com a seleção nacional a defrontar a Suíça.

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    Portugal conseguiu o apuramento para os quartos de final
    Fonte: Facebook Seleções Portugal

    No primeiro duelo do dia, a seleção do Omã venceu a Costa Rica por 7-2, no duelo que encerrou a prestação das duas seleções no Mundial de Futebol de Praia. O jogo competitivamente já pouco interessava mas a verdade é que a postura das duas seleções, já sem qualquer tipo de pressão, foi muito positiva, com ambas a procurarem um triunfo que evitasse a saída do Campeonato do Mundo de mãos a abanar.

    A verdade é que nem isso foi suficiente para esconder as diferenças entre as duas seleções. Tal como as duas primeiras jornadas haviam demonstrado, a seleção da Costa Rica revelou-se uma das mais débeis desta competição. A qualidade técnica estava lá mas a falta de princípios de futebol de praia foi sendo evidente ao longo da competição. Do outro lado, estava uma seleção asiática que, mesmo tendo perdido frente a Suíça e Itália, havia demonstrado bons pormenores técnicos e táticos. Por isso, não foi de estranhar que o jogo desta tarde tenha sido um verdadeiro passeio para os comandados de Talib Al Thanawi. Apoiados por um público entusiasta que enchia as bancadas do Estádio da Praia da Baía, a seleção do Omã foi dominando o jogo como quis, construindo paulatinamente um resultado que foi sendo engordado ao longo do encontro. Ainda assim, no primeiro período apenas houve um golo para registo, com o jogador de Omã Hani a estrear o placard. Muito forte no ataque e com grande coesão defensiva, a seleção asiática fez mais dois golos no segundo tempo, apontados por Yahya e Ghaith, a que respondeu a Costa Rica com um golo de D. Johnson. O 3-1 com que se iniciou o terceiro período era o espelho da superioridade de Omã, que acabou por chegar à goleada já nos últimos doze minutos de jogo. No terceiro período, os asiáticos marcaram em mais quatro ocasiões, por intermédio de Hani, Yayha e Ishaq (os três bisaram na partida), contra apenas novo golo de Johnson, que também bisou pelos costa riquenhos.

    Depois de Portugal, chegou a vez de Japão e Senegal decidirem quem ocuparia a outra vaga no Grupo B rumo aos quartos de final do Campeonato do Mundo de Futebol de Praia. O Japão acabou por levar a melhor, ao vencer a seleção africana por 4-3, chegando assim a um importante apuramento para a fase a eliminar da prova. Cientes de que o jogo se tornava uma verdadeira final, ambas as seleções mostraram desde os primeiros instantes disposição ofensiva. Ainda assim, a forma como procuraram o golo foi elucidativa da diferença de estilos de cada seleção. No lado senegalês, destacava-se a força física e a velocidade imposta em cada lance pelos seus jogadores; na seleção japonesa, o capitão Ozu Moreira era o comandante de uma equipa coesa e eficaz que raramente se desposicionava na areia. O golo logo aos 37 segundos, num livre apontado por Goto, foi apenas o primeiro golpe que os japoneses deram no jogo e que acabaram por os catapultar para uma exibição bem conseguida.

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    O Japão mostrou muita coesão defensiva
    Fonte: Facebook Beach Soccer Fan Page

    O encontro ia correndo de feição à seleção liderada pelo brasileiro Marcelo Mendes, que viu, aos 10 minutos, Tabata a marcar, após boa jogada coletiva, o segundo golo japonês. Muito longe do nível exibicional que mostrou contra Portugal, o Senegal ia-se arrastando na partida, procurando apenas os remates de longa distância, num claro sinal de desorientação perante uma defensiva tão bem montada como a japonesa. Os nipónicos apenas iam lá pela certa mas quando se acercavam da baliza contrária foram letais. No segundo período, Matsuo e Akaguma, aos 16 e 21 minutos, fizeram com que o Japão tenha chegado aos últimos doze minutos com uma confortável vantagem de 4-0 no marcador. Depois da qualidade evidenciada pelos senegaleses nos últimos minutos dos jogos contra Argentina e Portugal, esperava-se por um Senegal mais forte no último período, procurando ainda relançar a partida. Isso acabou mesmo por acontecer, também muito por demérito do Japão, que foi caindo de rendimento à medida que o final do jogo se ia aproximando. A verdade é que a seleção africana quase conseguiu levar o jogo para o prolongamento, com três golos apontados no último período por intermédio de Faye, Ndoye e Babacar Fall. O 4-3 revelou-se insuficiente para os africanos mas perfeitamente satisfatório para uma seleção japonesa que acabou por selar, com esta vitória, o apuramento para os quartos de final da competição, igualando o registo alcançado no último mundial em 2013. Agora, segue-se a Itália como próxima adversária dos nipónicos.

    O último encontro do dia era, à partida, aquele que mais interesse despertava. E isto não pelo apuramento para a próxima fase, porque quer Itália quer Suíça já tinham bilhete para esse destino. O jogo era desejado pela qualidade de ambas as seleções, fortes candidatas a chegar longe na competição. A verdade é que acabou por ser a Itália a levar a melhor e a terminar em primeiro lugar o grupo B do Mundial de Futebol de Praia, após bater os suíços por 6-4. No jogo que decidiu quais os adversários de Portugal e Japão, os apurados do Grupo A, estiveram em campo três dos quatro melhores marcadores da prova até ao momento, com Zurlo e Gori do lado italiano e Noel Ott do lado suíço à procura de mais golos para registo. O resultado final acaba por demonstrar o equilíbrio que se verificou ao longo do jogo e a grande qualidade ofensiva evidenciada por ambas as seleções.

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    A Itália vai defrontar o Japão nos quartos de final
    Fonte: Facebook Beach Soccer Fan Page

    As expetativas à volta do jogo acabaram por não sair defraudadas, com o primeiro período a oferecer aos espetadores cinco golos, com a Suíça a chegar ao primeiro intervalo em vantagem por 3-2, fruto do bis de Ott e do golo de Schrinzi, contra os golos de Zurlo e Gori para a seleção transalpina. No duelo entre os vice-campeões em 2008 (Itália) e 2009 (Suíça), os italianos acabaram por se superiorizar na segunda parte. Três golos marcados contra nenhum dos suíços foi o espelho de um segundo tempo nitidamente marcado por uma forte eficácia italiana, registada com os golos de Palmacci, Marinai e Frainetti. Depois dos três golos marcados no primeiro tempo, parecia que o poder ofensivo dos helvéticos havia secado, com Stankovic como figura maior do desperdício suíço.

    No terceiro período, a Itália deu o xeque-mate no jogo com o 6-3 apontado novamente por Palmacci, num belo trabalho individual. Até ao final do encontro, Marinai ainda apontou um golo na própria baliza, que foi ainda assim insuficiente para fazer perigar a vitória italiana. Com três vitórias em outros tantos jogos do Grupo B, os italianos, liderados por Esposito, seguem em frente na competição e mostram-se capazes de chegar ao título mundial. Antes disso, defrontam na próxima quinta feira o Japão, enquanto a seleção suíça defrontará Portugal pelas 15h30, num duelo que reeditará o jogo de atribuição, ganho pelos portugueses, da medalha de bronze dos primeiros Jogos Europeus, realizados no passado mês de junho, em Baku, no Azerbaijão.

     

    Figura do Dia: Exibição de Portugal – É caso para dizer que à terceira foi mesmo de vez. Depois de dois jogos pouco conseguidos frente a Japão e Senegal, a seleção liderada por Mário Narciso finalmente fez uma exibição condizente com a qualidade dos jogadores portugueses. Sempre autoritário e dominador, Portugal mostrou que é preciso contar com ele no lote dos favoritos ao título mundial. Para já, segue-se a complicada Suíça nos quartos de final, num duelo que tão boas memórias traz à seleção de todos nós. Resta agora repetir a dose rumo às meias finais.

    Fora de Jogo: Senegal – A exibição feita pela seleção africana frente a Portugal fazia antever uma vitória dos senegaleses no duelo contra os japoneses. A verdade é que o Senegal andou, no jogo com o Japão, muito longe do que tinha mostrado frente a Portugal. A reação que teve no terceiro e último período já foi tardia e não esconde a desilusão sentida ao ver uma seleção com tanto potencial a ser eliminada de forma tão surpreendente na competição.

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