Mais uma vez, a talentosa Seleção portuguesa ficou pelo caminho numa grande competição, como é o Europeu, desta feita nas meias-finais. Fica a sensação de que, com um pouco mais de sorte e eficácia, puderíamos estar aqui a congratular-nos com o apuramento da equipa das quinas para a final.
Em relação ao jogo, que terminou com um parcial de 4-3 favorável à Itália, este foi bastante disputado e equilibrado. No início da primeira parte, Portugal entrou bastante aguerrido, a tentar de imediato o golo madrugador. No entanto, o tiro saiu pela culatra, pois foi a Itália a marcar cedo, logo na primeira ocasião de que dispôs. Um canto na direita, assistência para Gabriel Lima, que chutou colocado de pé direito e não deu quaisquer hipóteses a um desamparado João Benedito. Nós continuámos a toada atacante, culminada com um tiro ao poste de Ricardinho, numa espetacular incursão individual pelo flanco direito, terminando num forte remate ao poste da baliza de Mamarella, quando o relógio assinalava cinco minutos.
O cinismo Italiano é bem visível em todas as modalidades onde se encontram, defendem bem e coesamente, e, quando a oportunidade de contra-atacar surge, a equipa transalpina não hesita e cria sempre enorme perigo. Defende de forma organizada e agressiva, a comprovar pelas cinco faltas cometidas durante a primeira parte.
Terminado o aparte, Portugal haveria de marcar aos 13 minutos, quando- espantem-se – Ricardinho, em mais uma das suas jogadas individuais características, deambulou pelo meio-campo adversário, tirando um italiano do caminho, e chutando forte com o seu mágico pé esquerdo para o fundo da baliza, contando com um desvio precioso na perna de Gabriel Lima.
À passagem dos 15 minutos, Jorge Braz pediu um desconto de tempo, com o objetivo de motivar a equipa lusitana, que estava por cima no encontro e queria desempatar o jogo, antes da chegada do intervalo. Curiosamente, quem regressou ao campo de jogo mais forte foi a formação italiana, que, nos minutos que se seguiram, ameaçou, de forma séria, a baliza de João Benedito por duas vezes, obrigando este a aplicar-se.
Para gáudio dos portugueses presentes no SportPalais de Antuérpia, e de todos nós que estávamos a assistir pela transmissão televisiva, eis que Portugal se adianta no marcador. A defesa italiana faz um corte de bola incompleto, que deixou a bola à mercê do pé esquerdo de Arnaldo Pereira. Ele não se fez rogado e bateu, pela segunda vez no jogo, o guarda-redes Mamarella. Golo marcado a cerca de dois minutos do fim, e, até ao intervalo, gerimos o jogo de forma competente, salvo uma oportunidade flagrante da Itália a três segundos do fim, quando Vampeta surgiu isolado, após um passe de rutura brilhante de Gabriel Lima. Na cara do João, Vampeta atirou ao lado.
Aos dois minutos de jogo na segunda parte, troca de guarda-redes: sai João Benedito, e entra o jovem André Sousa, que defende as cores da AD Fundão. Esta permuta na baliza tem sido a nossa imagem de marca ao longo de todo o Europeu, provando a confiança que Jorge Braz tem nestes dois guardiões e em Cristiano, que, hoje, não jogou mas também já fora utilizado em jogos anteriores.
A condizer com uma entrada mais forte na derradeira metade do jogo, a Itália iria marcar aos 23 minutos de jogo. Grande trabalho coletivo, a culminar num golo fácil à boca da baliza de Romano. Na retina fica mais uma assistência de Gabriel Lima, claramente o motor de jogo da formação “azzurra”. Aos 26 minutos, mais um tiro no poste, agora de Leitão. O jogador nacional hoje esteve claramente azarado, enviando duas bolas ao ferro. Nesta, finalizou uma jogada brilhante de entendimento entre o já habitual Ricardinho e Arnaldo, que fez um passe milimétrico para o jogador, que, curiosamente, atua em Itália. Mereciam claramente o golo, que, infelizmente, não surgiu.
Mas não fomos só nós a ter excessiva pontaria na hora de rematar à baliza. Aos 28 minutos, De Luca acertou na parte indesejada da baliza, após uma jogada semelhante ao primeiro golo transalpino.
André Sousa mostrava-se bastante seguro, a dar sequência ao trabalho competente de João Benedito na primeira parte, travando com segurança as investidas italianas. No entanto, a nove minutos do fim, foi impotente para travar um endiabrado Gabriel Lima, que aproveitou uma bola solta na grande área portuguesa para bater o nosso guardião, que ainda tocou na bola antes de ela entrar.
O resultado era muito penalizador para Portugal, que não se mostrava minimamente inferior ao seu rival, mas não estava a ser acutilante na hora de finalizar. Para piorar ainda mais as coisas, a cerca de cinco minutos do fim, uma perda de bola comprometedora, a meio-campo, foi aproveitada com mestria Fortino, que, a meio do meio-campo, disferiu um tiro fortíssimo, que só parou no fundo das redes de André Sousa. O guarda-redes não conseguiu travar a bola e impedir na altura o 4-2 para a Itália.
Jorge Braz pediu de imediato o desconto de tempo, com o intuito de lançar Ricardinho como o guarda-redes avançado, na tática de 5×4 . A eficácia foi imediata, pois Joel Queiroz reduziu o marcador, quando restavam pouco mais de quatro minutos para o término do jogo. Um remate forte de longa distância, com um desvio no corpo de (mais uma vez) Gabriel Lima, a trair o guarda-redes italiano.
Até ao fim do jogo, sempre a jogar com mais um homem no ataque, Portugal não foi capaz de inverter o rumo dos acontecimentos, embora tenha criado uma ocasião soberana de golo. A escassos 17 segundos do fim, Leitão enviou outra bola ao poste, após um passe soberbo de Ricardinho. Posto isso, nada a fazer, o destino português ficou traçado.
Bom, o título, mais uma vez, não passou de uma miragem para as cores portuguesas, mas ainda temos mais 40 minutos de futsal pela frente. No jogo de atribuição do terceiro lugar, iremos defrontar a toda-poderosa Espanha, que caiu aos pés da Rússia, na outra meia-final. Resta aos nossos rapazes levantar a cabeça e pensar que ainda há um jogo importante pela frente, para tentar garantir um sempre prestigiante lugar no pódio. Sei que não é aquilo que todos nós desejávamos, mas só podemos pedir aos nossos campeões que tenham o máximo de brio e que possam ainda dar uma derradeira alegria a todos os portugueses que apoiam os nossos talentos. Dia 8, o espetáculo está garantido, um apaixonante duelo ibérico a não perder!