«Depressão Pós-Guitta» | Futsal

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    O Sporting Clube de Portugal perdeu, no verão passado, um dos seus antigos pilares: Thiago Mendes Rocha, mais conhecido por Guitta no mundo do futsal. O impacto que teve no Sporting foi inqualificável. Sempre defendi que o Sporting era superior ao Benfica muito devido ao Guitta. A posição de guarda-redes é fundamental, e, como se diz: “um bom guarda-redes faz meia equipa”. Foram muitos troféus, defesas, golos e momentos de classe que para sempre estarão marcados na cabeça dos adeptos da modalidade.

    O seu destino foi a Rússia, onde representa atualmente o Ukhta. O legado que deixou foi pesadíssimo. No final de contas, estou “apenas” a falar do melhor guarda-redes do mundo. Para ocupar o seu lugar, o Sporting contratou o Henrique Rafagnin, que atuava em Espanha, ao serviço do Jaén Paraíso. A tarefa de Henrique era tudo menos fácil. Porém, a realidade é que nos minutos iniciais da Supertaça, muitos sportinguistas pareciam não sentir falta de Guitta. Sentimento esse que mudou rapidamente no final da partida, após alguns lances infelizes. Depois dessa partida, Henrique foi titular do Sporting por mais 14 vezes, entre jogos do campeonato e da UEFA Futsal Champions League. Deu-se o empate a dois golos com o Braga na primeira jornada da liga, mas de resto seguiram-se apenas vitórias para os leões.

    Henrique não foi opção durante algumas partidas, porém, voltou em força para a fase final da Taça da Liga. Esteve bastante seguro nos quartos e nas meias-finais. No entanto, foi mesmo contra o Benfica que o guarda-redes brasileiro brilhou. Foram inúmeras as defesas importantes que seguraram a vitória dos leões num jogo onde os encarnados deram muito trabalho ao guardião verde e branco. Henrique é um guarda-redes muito forte a subir e fechar o ângulo da baliza, é bastante ágil e mostra ter grande reflexos. Em termos de jogos de pés não têm a confiança que o Guitta tem, mas em termos de remate é mais potente.

    Quem tem dividido minutos com Henrique é o jovem guardião, Bernardo Paçó. O atleta formado no Sporting começou a época lesionado e apenas foi opção a partir do mês de novembro. Desde então, já fez seis jogos a titular, com especial destaque para os três realizados na ronda de elite da UEFA Futsal Champions League. Bernardo estava em ótima forma e Nuno Dias parecia pretender continuar a apostar no jovem guardião. O Sporting foi a casa do Braga perder por 5-3. Nessa partida, Paçó não fez uma grande exibição. Posteriormente, veio a fase final da Taça da Liga, onde foi Henrique quem tomou conta das rédeas.

    Sendo curto e direto, Bernardo Paçó, para mim, é o futuro guarda-redes da nossa seleção, e andará lá muitos anos. Quem o acompanha desde a formação sabe do seu enorme potencial. É muito forte em todas as áreas do jogo: reação, posicionamento, ocupação de espaço, agilidade e entre outros. É preciso é perceber que, mesmo que não pareça, tem apenas 23 anos. Ainda tem muita margem para crescer e tenho a certeza que o vai fazer.

    O Gonçalo Portugal, apesar de ter muita qualidade, parece-me que é um guarda-redes que está mais também por questões de balneário e pela sua conhecida capacidade de defender penaltis.

    Na minha opinião, o Sporting está muito bem servido na baliza. Tanto para o presente como para o futuro. Qual é o único problema dos guardiões leoninos? É que terão sempre de carregar o fardo pesadíssimo deixado pelo Guitta. Os sportinguistas terão de perceber que como o Guitta não existe ninguém, mas que isso não invalida que o Sporting possa ter grandes guarda-redes.

    Existe muita qualidade e potencial entre os postes leoninos. Analisando as suas formas recentes, parece-me que Henrique continuará a ser aposta, pelo menos nos próximos tempos. Porém, mantenho a convicção de que, mais cedo ou mais tarde, Bernardo Paçó irá assumir tanto no clube como na seleção.

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    Tiago Figueiredo Rosário
    Tiago Figueiredo Rosário
    Tiago Rosário é licenciado em Jornalismo pela Escola Superior de Comunicação Social. Atualmente é, ainda, aluno na Pós-graduação em Jornalismo Desportivo, também na ESCS. Foi no Jornalismo que encontrou o espaço para se manter ligado a algo que o apaixona tanto: o desporto. No Bola na Rede, Tiago tem a liberdade e o à vontade para escrever/falar sobre qualquer tema de qualquer desporto.