A CRÓNICA: NUM JOGO DE LOUCOS, JOGADO A UM RITMO ELEVADÍSSIMO, FOI O SPORTING CP QUE SAIU VITORIOSO E CONQUISTOU A 5ª SUPERTAÇA DE FUTSAL CONSECUTIVA
Em Matosinhos, onde estiveram presentes cerca de 3 mil pessoas, assistiu-se a um dos melhores jogos de futsal dos últimos anos, que merece ser emoldurado, memorizado e relembrado como um hino ao futsal português. Mais do que um derby escaldante e impróprio para cardíacos, estavam frente a frente o domínio nacional representado pelo Sporting CP que nos últimos anos conquistou todos os 7 últimos troféus nacionais, e do outro lado um SL Benfica, com orgulho ferido, já que não vence uma competição desde janeiro de 2020, quando venceu a Taça da Liga de Futsal.
Por isso mesmo, a primeira parte jogou-se a um ritmo bastante elevado e com uma riqueza tática e técnica de grande valor, originando inúmeras oportunidades de parte a parte para chegar ao golo. Prova disso mesmo, é que em apenas 2 minutos de jogo praticamente todos os jogadores das duas equipas já tinham minutos na quadra. Do lado benfiquista, destaque para Afonso que por milímetros quase encostou para o primeiro da partida (5 minutos). Já do lado dos verdes e brancos, a melhor oportunidade de registro acabou por ser o remate de Sokolov, que trabalhou bem de costas e rematou, com a bola a passar alguns centímetros ao lado do poste direito da baliza de André Sousa.
Ora, se os primeiros vinte minutos de jogo foram jogados a um nível sufocante, até para quem assistia, ficou apenas a faltar aquilo que o público mais gosta, os golos. E apenas teve de se esperar por três minutos da segunda parte para se assistir a 3 golos. Primeiro, João Matos aproveitou a desatenção de Jacaré na sua marcação e marcou o primeiro da partida aos 21 minutos. Ainda nem os adeptos leoninos tinham festejado o seu golo, já os benfiquistas restabeleciam o empate aos 22 minutos, por Diego Nunes, com um excelente trabalho no 1 para 1 com Pany Varela e a rematar para a canto inferior direito da baliza de Guitta.
Passado apenas mais 1 minuto de jogo, a equipa leonina voltou a colocar-se em vantagem. Bola parada para a equipa de Nuno Dias, momento do jogo onde a sua equipa é fortíssima, e Merlim encontrou Erick que colocou a bola no fundo das redes encarnadas (23 minutos). Passados estes 3 minutos infernais em Matosinhos, Pulpis a doze minutos do fim acabou por colocar na baliza Léo Gugiel que jogou mais como guarda-redes subido. Uma decisão que, apesar de ter criado maiores dificuldades defensivas ao seu rival, trouxe também consigo maiores riscos. Assim, depois de um enorme corte de Tomás Paçó, Esteban aproveitou a baliza deserta dos encarnados para fazer o três a um aos 32 minutos de jogo e dar maior tranquilidade à equipa campeã nacional.
No entanto, como já se percebeu, tranquilidade não foi algo que abundou muito durante o jogo. Os minutos finais foram de grande aperto para a equipa de Nuno Dias, que teve algumas dificuldades em travar a boa reação que os encarnados tiveram depois do golo, e foram premiados, com alguma sorte à mistura, com o três a dois marcado por Rocha aos 36 minutos de jogo. O pivot benfiquista aproveitou a confusão na área verde e branca e conseguiu reduzir para a sua equipa. Nos últimos minutos de jogo, Pulpis lançou Chishkala como guarda-redes avançado e, numa boa combinação encarnada, Bruno Cintra amorteceu a bola para Arthur que fuzilou a baliza de Guitta e colocou o jogo em três a três e obrigou o jogo a seguir para prolongamento para se encontrar o grande vencedor.
Para o prolongamento, os jogadores voltaram com as baterias bem carregadas e, na primeira parte, voltaram a jogar a um nível altíssimo. Aos 44 minutos, depois de uma grande envolvência de Guitta no ataque do Sporting CP, o brasileiro assistiu Sokolov que, isolado, só teve de escolher o lado e rematar para o fundo da baliza de Léo. Mas desengane-se quem achava que este golo poderia ter decidido o jogo, pois nem passado 1 minutos depois do golo de Sokolov, o SL Benfica voltou a empatar a partida, desta vez através de uma grande jogada de Chishkala que rematou cruzado ao ângulo da baliza do Sporting CP.
Finalmente, na segunda parte do prolongamento, os jogadores esgotaram as suas baterias que pareciam quase infinitas, e o ritmo de jogou caiu a pique, como espectável.
Com a teimosia do empate no marcador, o jogo teve de seguir para as grandes penalidades, onde Bernardo Paçó foi o grande herói da equipa de Nuno Dias. Assumiu o lugar na baliza, defendeu as grandes penalidades de Arthur e Nunes (Rocha acertou no poste) e deu a vitória à equipa leonina que soma o seu 8º título nacional consecutivo e, taça após taça, mostra a sua força e domínio a nível nacional. Para além disso, este jogo mostrou-se um excelente aperitivo para a abertura da nova época de futsal 2022/2023.
A 1️⃣1️⃣.ª 𝐒𝐔𝐏𝐄𝐑𝐓𝐀𝐂̧𝐀 da história do #FutsalSCP 🏆 pic.twitter.com/5Lt6bbB44o
— Sporting Clube de Portugal (@Sporting_CP) September 25, 2022
A FIGURA
Erick – Num jogo tão bem jogado, com uma riqueza tática e técnica tão elevada e com vários jogadores a jogarem um futsal a um grande nível, é difícil escolher apenas um. Ainda assim, a escolha recai sob Erick, não apenas pelo golo importante que marcou, mas, principalmente, pela importância tática que tem na equipa de Nuno Dias e por ser um dos jogadores mais versáteis no mundo do futsal, podendo jogar (muito bem) em qualquer posição na quadra. Que jogador e que jogão fez Erick. Destaque ainda para Bernardo Paçó que foi o herói nas grandes penalidades e que deu o título ao Sporting CP.
O FORA DE JOGO
Jacaré – Esteve um pouco ao lado do jogo, principalmente se comparamos a sua exibição com a do seu colega de posição, Rocha, que criou muito mais perigo à defensiva rival. Não conseguiu dar profundidade à equipa, criou poucas dificuldades à defensiva adversária e, para além disso, foi ele o culpado pela falha de marcação a João Matos que deu o primeiro golo da partida.
ANÁLISE TÁTICA – Sporting CP
A equipa de Nuno Dias, sem surpresas, utilizou durante a partida dois modelos táticos diferentes. Um deles em 4-0, sem a presença de um pivot tradicional, e que pretende maior mobilidade e dinâmicas nos jogadores que estão em quadra; e um outro modelo de jogo com um pivot fixo (Zicky), que dá mais profundidade de jogo e permite à equipa verde e branca chegar com maior facilidade à baliza do adversário. O treinador do Sporting soube ler bem o que cada momento do jogo pedia.
5 INICIAL E PONTUAÇÕES
Guitta (7)
João Matos (6)
Erick (7)
Merlim (6)
Cavinato (6)
SUBS
Tomás Paçó (7)
Zicky Té (7)
Sokolov (7)
Pany Varela (7)
Esteban (7)
Neves (6)
ANÁLISE TÁTICA – SL Benfica
A equipa de Pulpis apostou num 3-1, com a presença de um pivot tradicional (Jacaré ou Rocha). Equipa bem montada, mas que demonstrou algumas dificuldades em perfurar a defensivas adversária e criar perigo. Por isso mesmo, dependeu muito da inspiração individual e qualidade técnica no 1 para 1 para chegar aos golos. Grande espírito de superação e recuperação por conseguir ir sempre atrás do resultado.
5 INICIAL E PONTUAÇÕES
Nunes (7)
Chishkala (7)
Afonso (6)
André Sousa (6)
Jacaré (5)
SUBS
Gonçalo Sobral (6)
Bruno Coelho (6)
Rocha (7)
Silvestre (6)
Arthur (7)
Bruno Cintra (7)
Léo Gugiel (6)
Foto de Capa: Diogo Cardoso/Bola na Rede