«The Last Dance»: O adeus ao melhor de sempre | Futsal

    E agora… a fase mais bonita da carreira de Ricardinho. Em 2018, Liubliana acolheu o Campeonato da Europa. Portugal não era favorito à conquista do título, mas cedo demonstrou ao que vinha. Vitórias sobre a Ucrânia e a Roménia valeram a passagem à fase a eliminar. Depois, goleada ao Azerbaijão e um 3-2 à Rússia, num final de jogo épico. Na final… a fatídica Espanha. O craque abriu a contagem logo nos primeiros segundos e viria a lesionar-se no prolongamento, passando o testemunho para Bruno Coelho, o herói da primeira conquista nacional. Ricas marcou sete golos nos cinco jogos e amealhou mais um troféu de melhor marcador.

    Em 2018, Ricardinho ajudou Portugal a conquistar o seu primeiro título internacional
    Fonte: UEFA Futsal

    A fechar esta trajetória, o Mundial da Lituânia. Kaunas e Zalgiris albergaram a competição durante o mês de setembro e o início de outubro. Ricardinho já havia anunciado que seria a última prova com a sua Seleção e passava por uma grave lesão a poucos meses do início do Mundial. Não virou a cara ao seu país, fez tudo para estar presente e recuperou em tempo recorde. Portugal chegava à competição na condição de Campeão da Europa e, por isso, era uma das favoritas, tentando destronar a fortíssima Argentina. Na Fase de Grupos, Tailândia, Ilhas Salomão e Marrocos não causaram dificuldades, e a equipa de Jorge Braz avançou para os Oitavos de Final. A partir daí… chegou o sofrimento. Frente à bem organizada Sérvia, Portugal esteve a ganhar 2-0, deixou-se empatar na segunda parte e o jogo foi para prolongamento. Aí, os nossos jogadores não deram qualquer hipótese e apuraram-se para os Quartos.

    27 de setembro de 2021. Vilnius Arena. Talvez o dia, o local e o jogo que melhor retratam esta caminhada ascendente de Portugal e, consequentemente, de Ricardinho. Após um primeiro tempo sem golos, a Espanha entrou forte na segunda parte e marcou dois golos a abrir. Portugal empatou na reta final e levou o jogo para prolongamento. Aí fica uma das imagens que perdurará para sempre nas nossas memórias. A célebre de Jorge Braz, “ando há 20 anos a dizer que somos melhores que eles”. E somos. Portugal voltou a superar-se na etapa complementar e venceu os espanhóis por 4-2. Na meia-final, o Cazaquistão, equipa que voltou a causar-nos grandes dificuldades e só caiu nos penáltis. Por fim, a Argentina. Uma das imagens mais fortes desta partida, aconteceu antes do jogo, com Ricas a não esconder emoções ao escutar A Portuguesa. Depois, esteve envolvido nos lances capitais da sua última partida oficial – sofreu a falta que expulsou Borruto e assistiu Pany para o 1-2 – e ajudou a sua equipa a conquistar o primeiro Mundial.

    Ricardinho marcou “apenas” dois golos durante toda a caminhada e, simbolicamente, acabou por conquistar o troféu de melhor jogador da competição. Terminava assim a caminhada de um dos melhores desportistas de sempre, que deixava o seu país saindo pela porta grande. Mas antes disso, o derradeiro dia, diante da Bélgica. Na sua casa, o eterno capitão entrou em campo com os filhos e não escondeu as lágrimas ao ouvir o “seu” hino. Na primeira fase do jogo, marcou o seu último golo, com um fantástico remate de… pé direito. Ao minuto dez, o jogo foi interrompido para prestar a última homenagem e Ricardinho deixou a quadra, aquela que nunca mais voltará a pisar com a nossa camisola. Por agora inaugurou um Pavilhão em seu nome, tornar-se-à embaixador do Futsal no Mundo e continua a espalhar magia pelos pavilhões franceses.

    Chega assim ao fim uma das melhores caminhadas de sempre, de um jogador que nunca virou as costas ao seu país. É imperativo dizer que Ricardinho e Portugal chegaram ao topo juntos, sem descartar todo o trabalho excecional que tem sido realizado pelos dirigentes da modalidade. A história começou em 2003, acabou em 2021 e, pelo meio, disputaram-se 188 jogos e marcaram-se 142 golos. Ricardo Braga disputou cinco europeus, quatro mundiais, marcou 22 golos em 21 jogos em Europeus e 22 golos em 23 jogos em Mundiais. A juntar a tudo isto, os seis troféus de Melhor Jogador do Mundo. E é com letras grandes que se escreve o legado deste pequenino jogador, que nunca descurou os seus objetivos. Assim, fica para a eternidade esta brilhante Estória que, garantidamente, fica para a História. Cabe-nos a nós mantê-la bem presente.

    Obrigado, Mág1c0!

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    Tiago Alexandre
    Tiago Alexandrehttp://www.bolanarede.pt
    O Tiago nasceu em Abrantes e, atualmente, estuda em Portalegre, cidade para onde partiu em busca do seu sonho no meio do Jornalismo. Está ligado ao Desporto desde sempre e gosta de rebater as suas opiniões até à última. O Ciclismo e o Futebol - não o 'jogo da bola' - são as suas paixões, sem nunca descurar o Hóquei em Patins, o Futsal e o brilhante mundo dos Esports.