Luís Sénica: Os desafios do primeiro mandato à frente do hóquei português

    Luís Sénica iniciou o segundo mandato na presidência da Federação Portuguesa de Patinagem (FPP). Como candidato único, o antigo selecionador nacional vai ter mais tempo para concretizar as suas ideias, depois de ter entrado a meio do mandato anterior em 2018 pela demissão de Fernando Claro. Estes quatro anos revelam-se ainda mais desafiantes do que os anteriores dois.

    Primeiro, pela situação de pandemia que impediu a conclusão das competições na época 2019/20 e que também não permite a presença de público nos pavilhões. A transmissão online das partidas no site da FPP é arma principal para manter os seguidores do hóquei atentos. No entanto, alguns apoiantes da modalidade mais velhos não têm um acesso facilitado à internet e mesmo com a transmissão de alguns jogos no canal A Bola TV, não garante que uma franja importante veja os duelos do campeonato.

    A criação de um canal da federação, proposto por Luís Sénica, também não parece ser o que vai resolver para aproximar o público da modalidade, mas qualquer iniciativa pode ser uma pequena ajuda. Contudo, a solução ideal seria a transmissão, em sinal aberto, como já aconteceu, há vários anos, na RTP2. O interesse pela modalidade pode, assim, ficar diminuído.

    A profissionalização da arbitragem no Hóquei em Patins também é um dos assuntos discutidos pelos agentes da modalidade. Luís Sénica admitiu, em entrevista ao site Zerozero, que «o grau de profissionalismo que nós queremos e apontamos como caminho», mas as condições financeiras constituem apenas uma parte das dificuldades. Para uma modalidade em que uma parte significativa, mesmo na primeira divisão, é amadora ou semi-profissional, parece-me quase impossível concretizar a profissionalização.

    Os árbitros portugueses, com exceções claro, são dos melhores a nível mundial e não creio que árbitros profissionais tragam menos contestação no mundo do hóquei. O problema vem da cultura desportiva em Portugal e que abrange as diversas modalidades desportivas, por vezes até despoletado pelos próprios dirigentes dos clubes.

    A formação dos atletas é uma bandeiras do presidente da FPP. No entanto, ainda não há ideias concretas divulgadas sobre tal. O que é possível concluir, é que a pandemia está a prejudicar seriamente os jovens praticantes, com a suspensão da época anterior e limitações na realização desta. No limite, pode levar a uma diminuição do interesse dos jovens na modalidade e até ao fim de várias equipas da formação, até pelas dificuldades económicas dos clubes e, assim, no limite, com o fim de competições.

    A alteração do modelo do campeonato com os regressos do playoff de apuramento de campeão nacional é uma das novidades este ano. Este formato reciclado pode ser importante para introduzir emoção e mais clássicos e derbys que vendem a modalidade. No entanto, este modelo traz algum grau de injustiça ao campeão, visto que o melhor na fase regular pode não vencer o playoff, o que pode levar à pressão de alguns clubes para voltar a mudar. Uma coisa é certa: o campeonato necessita de estabilidade e, por isso, este formato deve ficar por alguns anos.

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    Pedro Filipe Silva
    Pedro Filipe Silvahttp://www.bolanarede.pt
    Curioso em múltiplas áreas, o desporto não podia escapar do seu campo de interesses. O seu desporto favorito é o futebol, mas desde miúdo, passava as tardes de domingo a ver jogos de basquetebol, andebol, futsal e hóquei nacionais.