O holandês Worthy de Jong marcou um lançamento histórico que garantiu a vitória dos Países Baixos sobre a anfitriã França, enquanto a Alemanha venceu a Espanha num jogo de cortar a respiração, sagrando-se as seleções medalhistas de ouro no basquetebol 3×3 nos Jogos Olímpicos de Paris.
É raro o momento em que uma multidão consegue sentir um atleta a tornar-se uma estrela nos Jogos Olímpicos. Mais raro ainda é quando uma multidão consegue sentir que um desporto em si está a ascender a esse nível.
No seu segundo ciclo olímpico, o basquetebol 3×3 começou como uma curiosidade em vez de ser um evento imperdível quando estes Jogos começaram em Paris. Na sua estreia em Tóquio, há três anos, jogado sem a presença de público, o 3×3 foi uma espécie de aperitivo para os torneios tradicionais de basquetebol masculino e feminino.
Mas na noite de segunda-feira, o basquetebol 3×3 teve o seu momento de consagração.
Primeiro, a final feminina entre Alemanha e Espanha chegou aos últimos segundos com um final emocionante. Sonja Greinacher, da Alemanha, marcou um lançamento de dois pontos, colocando as alemãs a vencer por 17-15 com 30 segundos para jogar. Foi o segundo lançamento decisivo de Greinacher no dia; que já tinha marcado um buzzer-beater na meia-final, levando a sua seleção à final.
Juana Camilion, de Espanha, marcou uma bandeja fácil, reduzindo a desvantagem para um ponto, e depois Marie Reichert, da Alemanha, cometeu uma violação de passos na posse seguinte, dando às espanholas uma última oportunidade. No entanto, no último lançamento do jogo, o arremesso desesperado de Gracia Alonso no soar da buzina bateu no aro.
Foi um início eletrizante para a ronda das medalhas de ouro e o jogo seguinte igualou a sua energia.
Uma final emocionante entre a nação anfitriã, França, e os Países Baixos foi absolutamente entusiasmante do início ao fim. As milhares de pessoas presentes, e as que assistiam para além da vedação do espetacular recinto na central Praça da Concórdia, em Paris, viveram intensamente cada lançamento.
Foi um cenário feito para ser apreciado, e a multidão francesa certamente o fez. Assim que o jogo da medalha de ouro feminina terminou, os gritos de “Allez, Les Bleus!” ecoaram por todo o estádio.
Embora o estádio estivesse lotado, multidões de fãs juntaram-se à volta das bancadas para assistir ao jogo no grande ecrã pendurado sobre o campo. Num sinal da importância desta final para os franceses, um grande ecrã que transmitia a meia-final olímpica de futebol entre França e Egito tinha apenas algumas pessoas à sua volta, enquanto centenas de pessoas rodeavam o ecrã próximo que mostrava o basquetebol 3×3.
A multidão – maioritariamente francesa, mas com uma notável presença de holandeses vestidos de laranja – explodia a cada jogada. O nível de ruído aumentava à medida que os franceses recuperavam de uma desvantagem inicial, tomando a liderança num jogo renhido até aos últimos segundos.
Parecia que a medalha de ouro estava destinada à nação anfitriã, até que os holandeses empataram a poucos segundos do fim. Com o marcador a 16-16, o jogo foi para prolongamento — e as suas regras únicas preparavam-no para ainda mais drama.
No prolongamento do basquetebol 3×3 olímpico, a primeira equipa a marcar dois pontos vence. Cada lançamento dentro do arco vale um ponto e cada um de fora vale dois, o que significa que um único lançamento poderia decidir o jogo.
O período começou com o astro holandês Worthy de Jong a tentar imediatamente um lançamento de dois pontos para ganhar o jogo. Falhou, e os franceses recuperaram a bola, com Timothé Vergiat a dirigir-se para a área para uma bandeja que colocou a França à beira da medalha de ouro.
De seguida, de Jong levou a bola para fora do arco e lançou outro tiro de dois pontos com segundos restantes — e acertou. Os fãs holandeses perderam a cabeça enquanto a multidão francesa ficou em silêncio, atónita.
Para um desporto tão jovem nos Jogos Olímpicos, foi um final clássico digno do prestígio da competição quadrienal — um momento de maturidade para um desporto que parece destinado a tornar-se uma referência.
Classificações finais
Homens
1 – Países Baixos
2 – França
3 – Lituânia
4 – Letónia
5 – Sérvia
6 – Polónia
7 – Estados Unidos
8 – China
Mulheres
1 – Alemanha
2 – Espanha
3 – Estados Unidos
4 – Canadá
5 – Austrália
6 – China
7 – Azerbaijão
8 – França
Artigo redigido por Tiago Bebiano