Foram dias de competições intensas, que nos mostraram que o melhor da ginástica esteve presente em Paris. Houve espaço para tudo: surpresas e consagrações das melhores do mundo. Uma coisa é certa, que bom que é poder assistir ao talento de algumas destas ginastas.
Provas individuais femininas:
All Around feminino: Quem sabe não esquece e Simone Biles é a prova disso
Numa final histórica para Portugal, com Filipa Martins a terminar no 20º lugar, a protagonista do dia foi a inevitável Simone Biles.
Na categoria rainha da ginástica artística, foi tempo de Simone Biles voltar a brilhar e de estar no lugar mais alto do pódio. É certo que não precisa de medalhas que comprovem a razão para ser a melhor de todos os tempos, mas é a coroação pela sua genialidade.
O segredo para se conseguir distanciar é o aumento de dificuldade que aplica nas suas execuções, compensando os pequenos erros que possa ter. Biles começou o all-around com uns fantásticos 15,766 no salto, afastando-se das suas adversárias. Nas paralelas assimétricas, perdeu um pouco da sua vantagem (13,777), naquele que é o seu pior elemento, e viu Alice D´Amato ir aos 14,800 e Rebeca Andrade fazer 14,666. A argelina Kaylia Nemour surgia, surpreendente, como underdog e apareceu entre as melhores com 15,533.
Biles somou mais 14,566 na trave e estava tudo em aberto quando chegaram ao solo. Sempre com a ginasta brasileira à perna, Simone voltou a fazer das suas e só o ouro era uma possibilidade. 15,066 foi a pontuação que conseguiu no solo, ficando a 1,199 de vantagem sobre Rebeca, que viria a garantir a prata. O bronze foi para Sunisa Lee que já tinha garantido o seu pódio depois do seu solo e terminou a sua participação com um total de 56,465. A campeã e a vice-campeã fizeram 59,131 e 57,932, respetivamente.
Salto feminino: E só deu Biles, outra vez
Na final do salto feminino, a história voltou a repetir-se com mais uma incrível disputa entre Biles e Rebeca. A final deste aparelho dá a oportunidade de as ginastas fazerem dois saltos e a pontuação final é a média das duas tentativas. Mais uma vez, foi a norte-americana a levar a melhor e a garantir mais um ouro olímpico, com 15,300 pontos. Simone executou o Biles II – é a única mulher a conseguir fazê-lo – e, com o elemento mais difícil da ginástica artística feminina, fez 15,700 pontos. A melhor ginasta brasileira da atualidade não ficou muito longe, fazendo 14,966 pontos. O bronze ficou entregue a outra norte-americana: Jade Carey, que terminou com 14,466 pontos na média.
Barras assimétricas femininas: Aos 17 anos, Nemour promete o melhor para a Argélia
Mais uma final histórica, desta vez, com Kaylia Nemour, aos 17 anos, a conquistar a primeira medalha de ginástica para o continente africano. A ginasta da Argélia teve uma excelente prestação nesta prova e confirmou o seu favoritismo à conquista de uma medalha. Com uma ótima execução e elementos difíceis, conseguiu arrecadar 15,700 pontos que foram suficientes para garantir o primeiro lugar. A prata foi entregue a Qiu Qiyuan, que também conquistou a sua primeira medalha olímpica, e não ficou muito atrás, depois de somar 15,500. Sunisa Lee completou o pódio ao fazer 14,800, vencendo mais uma medalha depois da prova de equipas.
Trave equilíbrio feminina: O azar de umas é a sorte de outras
Foi uma final atípica, com muitas falhas, que podem ser justificadas pela dificuldade dos elementos, o que prejudicou algumas performances. O maior destaque desta final foi a ausência de Simone e Rebeca no pódio.
Simone Biles lembrou-nos que é humana e caiu durante a sua atuação, com 13,100, ficando, diretamente, fora do pódio. Rebeca Andrade fez uma prova segura, mas sem arriscar, e teve alguns desacertos, optando algo mais conservador. Surpreendentemente, não conseguiu aproveitar a oportunidade de arrecadar o ouro, depois das falhas de Simone.
Contudo, foi tempo de assistirmos a um resultado histórico, com Itália a garantir duas atletas no pódio. Alice D’Amato, depois de estar sempre na sombra das melhores do mundo, conseguiu ser arrojada e consistente nos seus elementos e conquistou, merecidamente, o ouro olímpico – 14,366. Manila Esposito levou o bronze, com uns sólidos 14,000 e a chinesa Zhou Yaqin conseguiu o segundo lugar com 14,100 pontos.
Solo feminino: Rebeca Andrade foi a estrela do Olimpo
Rebeca Andrade subiu ao lugar mais alto do Olimpo e conseguiu superar a sua maior adversária: Simone Biles. A brasileira tornou-se na primeira ginasta a conseguir superar a norte-americana numa final de solo, em grandes competições internacionais.
Rebeca aproveitou os deslizes de Simone, que saiu duas vezes do tapete, e com uma pontuação de 14,166 garantiu o seu segundo ouro olímpico da carreira. Biles ficou aquém da sua melhor forma, mas foi por pouco que não chegou ao primeiro lugar, tendo ficado muito perto de Rebeca com 14,133 pontos.
A atribuição do bronze veio depois de um recurso, uma vez que era a romena Ana Barbosu a terceira classificada e que viu a sua festa ser interrompida pela alteração da nota de Chiles. A romena passou, então, para a quarta posição, enquanto que Jordan Chiles, com 13,766 de pontuação, arrecadou o bronze, naquela que foi a sua estreia numa final olímpica por aparelhos.
Provas individuais masculinas:
All around masculino: A estrela Shinnosuke veio para ficar
Shinnosuke conquistou o ouro e confirmou a hegemonia do Japão no all-around – vencem a prova desde Londres 2012 – e fez uma grande prestação do concurso completo masculino de ginástica artística nos jogos de Paris. Conseguiu ser o ginasta mais regular e concluiu a prova com um total de 86,832 pontos, superando, no último aparelho, os chineses Boheng (86,599) e Ruoteng (86,364), que ficaram com as medalhas de prata e bronze.
O japonês participa nos seus primeiros Jogos Olímpicos e ter conseguido a medalha de ouro na categoria mais importante da ginástica artística demonstra o quão impactante pode vir a ser a sua carreira.
Solo masculino: Carlos Yulo faz história para as Filipinas
Também na competição masculina foi feita história, com Carlos Yulo a conseguir a primeira medalha de ginástica para as Filipinas, em Jogos Olímpicos. Foi uma final bastante renhida, com o campeão a vencer por menos de um décimo o israelita Artem Dolgopyat, segundo classificado. Carlos Yulo terminou a sua prova com uma pontuação de 15,000 e o antigo campeão olímpico Dolgopyat fechou a sua participação com 14,966 pontos. Jake Jarman levou o bronze para a Grã-Bretanha e somou 14,933 pontos.
Cavalo com alças masculino: McClenaghan faz história pela Irlanda
McClenaghan tornou-se no primeiro irlandês medalhado na modalidade e ficou no lugar mais alto do pódio, depois de fazer 15,533. O cazaque Kurbanov foi segundo, com 15,433 pontos e Stephen Nedoroscik, dos Estados Unidos da América, completou o pódio. Apesar de não terem estado em destaque em mais nenhuma final, conseguiram, neste aparelho, evidenciarem-se.
Argolas masculinas: Liu Yang voltou a comandar nos Jogos Olímpicos
Liu Yang revalidou o seu título e mostrou que as argolas são a sua praia. Depois de já ter conquistado o ouro em Tóquio, voltou a demonstrar muita força e técnica na sua prestação e não deu margem para outro resultado que não o ouro. Terminou com 15,300 pontos, à frente do seu compatriota Zou Jingyuan que fez 15,233. A medalha de bronze ficou entregue a Petrounias, da Grécia, que fechou a prova com 15,100 de pontuação.
Salto masculino: Carlos Yulo saltou até ao ouro
Carlos Yulo estava imparável e garantiu mais medalha, depois de fazer dois saltos bastante difíceis e bem executados. Foi campeão com uma média de 15,116 nos dois saltos, depois de ter obtido 15,433 (6,000 de dificuldade e 9,433 de execução) num excelente primeiro salto e 14,800 (5,600 de dificuldade e 9,200 de execução) na sua segunda tentativa. O ginasta da Arménia Davtyan melhorou a performance que tinha feito em Tóquio e conseguiu subir ao segundo lugar do pódio com 14,966 de nota média. O bronze foi entregue à Grã-Bretanha depois de o seu ginasta Hepworth ter conseguido uma média de 14,949 pontos.
Barras paralelas masculinas: Zou Jingyuan brilhou e conquistou mais uma medalha
O ginasta chinês de 26 anos, Zou Jingyuan, conquistou mais uma medalha em Paris, desta vez de ouro. Foi nas paralelas que brilhou e conseguiu 16,200 pontos na sua prova. Ficou, com uma vantagem bastante simpática, à frente do ucraniano Illia Kovtun, que não fez mais do que 15,500. A estrela do Japão, Shinnosuke, acrescentou mais uma medalha ao seu palmarés e completou o aparelho com 15,300 de pontuação.
Barra fixa masculina: Shinnosuke comanda a ginástica japonesa
Shinnosuke mostrou estar, mais uma vez, ao mais alto nível nestes Jogos Olímpicos e garantiu mais uma medalha de ouro para o Japão. O atleta japonês e Barajas (medalha de prata) foram os únicos ginastas a “sobreviverem” à barra fixa. Por isso, os dois terminaram com a mesma nota, no entanto, Shinnosuke teve uma melhor nota de execução (8,633 contra 7,933) e ganhou vantagem nas contas finais. A disputa pelo bronze também foi animada com Zhang Boheng e Tang Chia-Hung a empatarem com 13,966 pontos. Como tiveram a mesma nota de execução e de dificuldade, ambos ganharam a medalha de bronze.