Lenine Cunha: Um exemplo de persistência e superação

UMA ESTREIA MAIS RECOMPENSADORA DO QUE QUALQUER MEDALHA

Seria no ano de 2000, quando ainda era um novato, que Lenine embarcaria rumo à sua primeira aventura olímpica, com o palco a ser a cidade australiana de Sidney. É certo que o desportista apenas conseguiria uma quarta posição na especialidade de triplo salto, mas na “bolsa” o atleta trouxe um verdadeiro ensinamento e uma inspiração.

O mesmo confessa que apenas aí começou a ter a verdadeira noção do poder e da força que o desporto paralímpico tinha de facto. Tudo após assistir a uma prova de natação em que constatou a vitória de uma praticante amputada de ambos os membros, que somente com a energia proveniente do ondular do corpo bateu as oponentes. Percebeu então que, quando queres muito algo, não existem barreiras que te possam “amputar” os sonhos.

Refira-se que, no regresso da expedição aos antípodas, Lenine, por puro amor ao desporto, perderia o já referido emprego, visto a empresa ter recusado a sua dispensa para representar a nossa bandeira.

No topo da forma, como nunca havia estado, as olimpíadas de Atenas 2004 e Pequim, quatro anos mais tarde, pareciam rimar com metal. Mas, por erro alheio, Lenine viu-se impedido de defender as suas legítimas chances. A história, essa, é fácil e simples de contar. E tem como origem a seleção espanhola de Basquetebol que, em Sidney, competira com atletas sem qualquer limitação cognitiva, numa prova na qual tal facto era condição básica. Esta infração resultaria numa suspensão de todas as modalidades e respetiva participação destes atletas, com a mesma a ser “levantada”  apenas para os Jogos de Londres 2012.

Mesmo assim, o atleta lusitano, já trintão, ainda viveria um momento supremo e inesquecível, ao arrecadar o bronze em solo britânico no triplo salto, esta que seria a sua única medalha em certames do género.

As dificuldades voltariam à sua vida, dois anos mais tarde, com a morte súbita da mãe, vítima de cancro, algo que o fez perder o “norte” e quase abdicar de competir. Mas apenas acabou por fortalecê-lo e, quase que por homenagem à sua “musa inspiradora”, subiria ao degrau mais alto do pódio, quer no triplo salto, como no heptatlo, em 2015, nuns campeonatos mundiais disputados em Doha.

Muito mais haveria a referir sobre uma carreira gloriosa, inspiradora e memorável. Lenine é o único desportista a contar mais de duas centenas de medalhas em eventos internacionais. O exemplo por ele dado deve inspirar qualquer um a “lutar” e a nunca se render à sua condição.

Dentro e fora das pistas, Lenine é um desportista fenomenal, que fez com que a jornada paralímpica passasse a carecer de maior atenção e reconhecimento no panorama desportivo nacional.

Foto de Capa: FPDD

Artigo revisto por Gonçalo Tristão Santos

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Diogo Rodrigues
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O Diogo é licenciado em Ciências da Comunicação pela Universidade Lusófona do Porto. É desde cedo que descobre a sua vocação para opinar e relatar tudo o que se relaciona com o mundo do desporto. Foram muitas horas a ouvir as emissões desportivas na rádio e serões em família a comentar os últimos acontecimentos/eventos desportivos. Sonha poder um dia realizar comentário desportivo e ser uma lufada de ar fresco no jornalismo. Proatividade, curiosidade e espírito crítico são caraterísticas que o definem pessoal e profissionalmente.

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