Tóquio 2020, Triatlo #2: Flora Duffy diz adeus aos Jogos em grande

    PRIMEIRO OURO DE SEMPRE PARA UM ARQUIPÉLAGO NO MEIO DO ATLÂNTICO PLANTADO
    As condições climatéricas atrasaram o tiro de partida em 15 minutos e a prova, ao contrário do que estava previsto, só arrancou às 22h45 de Portugal. Quem não precisou de estar atenta às horas foi a ucraniana Yuliya Yelistratova que acusou positivo num teste de doping por EPO, uma substância que ajuda a prolongar a resistência dos atletas.

    Se os amenos 24ºC poderiam parecer facilitadores da tarefa das triatletas, a humidade relativa de 83% prometia endurecer a missão de completar o quilómetro e meio de Natação, os 40 de Ciclismo e os 10 de Corrida. A chuva também não deu tréguas, pelo que a água não foi uma constante apenas no primeiro segmento.

    A britânica Jessica Learmonth tentou marcar uma posição logo nas primeiras braçadas da Natação. As principais candidatas ao ouro, tais como Katie Zaferes, Georgia Taylor-Brown, Vittoria Lopes, Laura Lindemann, Summer Rappaport ou Flora Duffy, acompanhavam-na, mas nem todas as participantes tiveram essa capacidade, pelo que o pelotão começou a dividir-se. A austríaca Julia Hauser foi a primeira das 20 desistentes.

    O segmento de Ciclismo exigiu particular cuidado. A chuva juntou-se à estrada para fazer um convite formal às quedas. Que o digam várias atletas que testaram a dureza do chão. A pedalar a grande ritmo na frente da corrida, continuava o conjunto de elite que vinha dominando a Natação, sendo que Summer Rappaport foi a primeira a ceder e a desfalcar o grupo da frente, seguida de Vittoria Lopes.

    No segundo grupo, Nicola Spirig, medalhada de ouro, em Londres, em 2012, e de prata, no Rio de Janeiro, em 2016, assumia a perseguição. A portuguesa Melanie Santos atrasou-se e seguia no terceiro grupo, a uma distância considerável dos lugares de discussão da corrida.

    Na vertente masculina, ainda existiu um lote alargado de candidatos às medalhas na entrada para os últimos 10 quilómetros. Pelo contrário, na prova feminina, o desgaste provocado pela Natação e pelo Ciclismo fez com que apenas cinco triatletas chegassem à Corrida com condições de discutir o título. Mesmo no final do Ciclismo, Georgia Taylor-Brown teve um pneu furado e, consequentemente, os seus planos quase seguiam pelo mesmo caminho. Ainda assim, a campeã do mundo aguentou e arrancou para a Corrida muito rápido, recuperando algum do tempo perdido.

    Os acontecimentos na plataforma de transição marcaram muito a reta final da prova. Flora Duffy foi quem resistiu melhor e, sem dar grandes hipóteses, ganhou terreno às adversárias. A atleta das Bermudas acabou por assegurar a conquista da primeira medalha de ouro de sempre em Jogos Olímpicos para o seu país.

    Aos 33 anos, a campeã do mundo em 2016 e 2017 já revelou que não vai estar em Paris, em 2024, pelo que tinha em Tóquio a última hipótese de conquistar um pódio. Não só conseguiu alcançá-lo, como conseguiu aquele lugar que tem melhor vista, fazendo-se valer de um tempo de 1:55:36 para se sagrar campeã olímpica. Georgia Taylor-Brown (+1:14) e Katie Zaferes (+1:27) ficaram em segundo e terceiro, respetivamente.

    Melanie Santos, bastante feliz com o resultado, pelo menos assim indica o sorriso com que cruzou a meta, acabou a prova de estreia olímpica em 22.º lugar (+6:30).

    Artigo revisto por Joana Mendes

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    Francisco Grácio Martins
    Francisco Grácio Martinshttp://www.bolanarede.pt
    Em criança, recreava-se com a bola nos pés. Hoje, escreve sobre quem realmente faz magia com ela. Detém um incessante gosto por ouvir os protagonistas e uma grande curiosidade pelas histórias que contam. É licenciado em Jornalismo e Comunicação pela Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra e frequenta o Mestrado em Jornalismo da Escola Superior de Comunicação Social.