EVENTOS HISTÓRICOS
Existem diversos eventos históricos que demonstram que é possível o Desporto aliar-se à Política para travar as mais duras das guerras ou crises e, mesmo não sendo suficiente para acabar com estes eventos, acaba por ser uma manifestação importante pois o desporto movimenta o mundo e tem um impacto brutal nas mais diversas sociedades.
Trago aqui dois exemplos que demonstram tudo isto que tenho aqui descrito e o papel importante que o desporto pode ter nestes momentos catastróficos.
O primeiro em que a voz de Didier Drogba “acabou” com uma guerra civil e o segundo onde a guerra na Nigéria parou para ver o Santos de Pelé jogar. De uma forma muito resumida, o primeiro momento aconteceu no ano de 2005, no dia 8 de outubro, dia que marcava o encontro entre a Costa do Marfim e o Sudão, no qual os costa-marfinenses precisavam de ganhar para garantir a primeira presença num mundial. Contudo isso, por si só, não chegava, pois, era necessário que os Camarões não vencessem o seu jogo.
A seleção costa-marfinense venceu de forma tranquila o seu jogo, por 3-1, enquanto os Camarões estavam empatados e já nos descontos iriam beneficiar de um penalti. O sonho parecia ter acabado para os costa-marfinenses, no entanto os Camarões falharam a grande penalidade e a festa foi feita pela seleção da Costa do Marfim.
Aquando da festa no balneário e no momento em que eram filmados por um televisão, Drogba pegou no microfone e apelou que a população perdoasse e pousasse as armas, mostrando que o povo podia coabitar no mesmo espaço e ter um único objetivo. As pessoas saíram à rua para celebrar e algumas semanas depois começaram as negociações que conduziram à paz.
De relembrar que a Costa do Marfim era um país massacrado por uma guerra que durava há três anos.
O dia em que Drogba parou uma Guerra na Costa do Marfim. https://t.co/yrSe8ala2Z #ChegadePreconceito pic.twitter.com/IGRjYTqepV
— Observatório Racismo (@ObRacialFutebol) April 1, 2019
O outro momento histórico que trago decorreu no ano de 1969, na Nigéria. O povo nigeriano estava em guerra há cerca de dois anos, onde as forças governamentais se opunham aos independentistas do grupo Biafra.
Foi neste cenário que o Santos agendara o seu último jogo na digressão por África, frente a uma seleção regional, depois de um dos governadores nigerianos ter prometido que, caso o Santos de disputasse aquele encontro, iria existir um cessar-fogo para permitir que a população pudesse ver Pelé ao vivo. Foi isso mesmo que aconteceu a população teve o direito a ver o Santos e Pelé jogarem e durante dois dias existiu um cessar-fogo, mas mal a equipa levantou voo a guerra retornou.
Existem muitas pessoas que duvidam da veracidade desta história, mas o Santos e muitos jogadores como Pelé afirmam que terá mesmo acontecido.
Eu sempre tentei mandar essa mensagem, como jogador e como pessoa. Um dos meus grandes orgulhos foi ter parado uma guerra na Nigéria, em 1969, em uma das várias excursões que o Santos fez pelo mundo 🇳🇬 ☮️ pic.twitter.com/Q3cQvp6pE1
— Pelé (@Pele) October 19, 2020