A CRÓNICA: FRAGILIDADES NA DEFESA VALEM NOVA DERROTA AOS GALESES
Ao final da tarde disputou-se, em Twickenham, um duelo histórico, entre dois históricos rivais (não só no desporto) que se têm mantido, ao longo dos últimos anos, no topo do rugby mundial. A Inglaterra sagrou-se vice-campeã mundial em novembro e tinha, neste jogo, a hipótese de vencer o Triple Crown (competição disputada entre as nações britânicas). Os galeses, por sua vez, confirmaram o seu mau momento, com mais uma derrota que os afasta da luta pela revalidação do título do torneio das Seis Nações.
Os ingleses entraram bem no jogo, fazendo o primeiro ensaio do jogo aos três minutos. Após um alinhamento com introdução própria, Ben Youngs aproveitou o deslize da defesa para o lado aberto, ao fazer um belo passe interior para Anthony Watson que quebrou a linha da vantagem e fez o grounding.
A equipa da casa ia gerindo o jogo de forma eficaz, conseguindo ampliar a vantagem à passagem pelo minuto 31, desta vez por Elliot Daly. Uma situação de superioridade numérica criada pelos três quartos ingleses que permitiu ao defesa dos Saracens isolar-se à ponta e somar mais cinco pontos, que se vieram a transformar em sete, com a frieza de Owen Farrell na conversão.
Ao intervalo, o resultado ditava vantagem inglesa por por 20-9. Os galeses apenas pontuaram através de penalidades aos postes, por Dan Biggar e Leigh Halfpenny.
Na segunda parte, esperava-se uma reação da equipa visitante, reação essa que demorou 40 segundos. Após o pontapé de reinício, os galeses, ao explorar o lado fechado, conseguiram o seu primeiro ensaio no jogo, tendo este sido marcado por Justin Tipuric. Um ensaio de primeira fase em que os comandados de Wayne Pivac progrediram 80 metros.
O flanqueador galês conseguiu reduzir a distância no marcador, mas esta acabou por durar pouco, uma vez que Manu Tuilagi fez o terceiro ensaio inglês que, juntamente com as penalidades de Farrell e Ford, dava vantagem à seleção da rosa por 33-16 a três minutos do fim.
O País de Gales apenas conseguiu tomar conta do jogo nos minutos finais, num momento em que a defesa inglesa mostrou alguma indisciplina, tendo ficado reduzida a 13 jogadores. Nos últimos três minutos, os ensaios de Dan Biggar e Tipuric de pouco serviram, tendo em conta que esta derrota colocou um ponto final no objetivo dos galeses.
Com esta vitória, a Inglaterra segue na luta pelo título, ficando à espera dos resultados da França. Já os galeses, vão receber a Escócia no Principality Stadium na próxima semana, não tendo quaisquer aspirações de vencer a prova. De acrescentar ainda que os jogos Irlanda x Itália e Itália x Inglaterra foram adiados devido ao coronavírus.
63 points. Six tries (including one of the best the #GuinnessSixNations has ever seen) and so much more…
Highlights of #ENGvWAL really are not to be missed! pic.twitter.com/g9X7LcU9Rp
— Guinness Six Nations (@SixNationsRugby) March 7, 2020
A FIGURA
Ben Youngs – Um jogo de grande intensidade do médio de formação dos Leicester Tigers. A sua leitura tática do jogo aliada à sua capacidade de execução faz deste jogador um dos melhores a envergar a camisola nove no mundo. Hoje soube imprimir velocidade e dinâmica ao jogo inglês, tendo um papel primordial na organização do jogo da sua equipa com bola.
O FORA DE JOGO
Dillon Lewis – O pilar dos Cardiff Blues esteve praticamente desaparecido do jogo. Numa das poucas vezes em que apareceu deixou-se bater por Anthony Watson, permitindo, a este último, quebrar a linha da vantagem e fazer o ensaio. Uma exibição fraca que lhe valeu a substituição ao intervalo.
ANÁLISE TÁTICA – INGLATERRA
Os ingleses foram superiores em quase todos os capítulos do jogo. Foram mais fortes nas fases estáticas e souberam aproveitar as fragilidades defensivas apresentadas pelo País de Gales. A defesa mostrou-se, mais uma vez, poderosa e veloz, tirando espaço ao adversário, quando estes tentavam alargar o perímetro de jogo. Apesar da boa exibição e da vitória, a Inglaterra mostrou-se muito indisciplinada nos últimos minutos de jogo, valendo-lhe dois ensaios e dois cartões, um amarelo e um vermelho.
15 INICIAL E PONTUAÇÕES
1- Joe Marler (8)
2- Jamie George (6)
3- Kyle Sinclair (7)
4- Maro Itoje (8)
5- George Kruis (6)
6- Courtney Lawes (7)
7- Mark Wilson (7)
8- Tom Curry (7)
9- Ben Youngs (8)
10- George Ford (7)
11- Jonny May (-)
12- Owen Farrell (7)
13- Manu Tuilagi (7)
14- Anthony Watson (7)
15- Elliot Daly (7)
SUBS UTILIZADOS
16- Luke Cowan-Dickie (5)
17- Ellis Genge (5)
18- Will Stuart (-)
19- Joe Launchbury (6)
20- Charlie Ewels (-)
21- Ben Earl (-)
22- Willi Heinz (-)
23- Henry Slade (6)
ANÁLISE TÁTICA – PAÍS DE GALES
O País de Gales mostrou muitas debilidades defensivas. A imprevisibilidade das linhas de corrida dos jogadores das linhas atrasadas inglesas custou vários pontos aos galeses. No ataque tiveram sérias dificuldades em quebrar a linha inglesa, que se mostrou muito compacta. A meu ver, Jonathan Davies faz muita falta a esta linha de três quartos, uma vez que é absolutamente irrepreensível defensiva e taticamente e tem uma boa capacidade de transporte de bola. Já Hadleigh Parkes é um jogador que acrescenta pouco à equipa no processo atacante. É um jogador muito forte no contacto, mas hoje mostrou-se muito previsível e algo precipitado.
15 INICIAL E PONTUAÇÕES
1- Rob Evans (5)
2- Ken Owens (6)
3- Dillon Lewis (5)
4- Jake Ball (5)
5- Alun Wyn Jones (7)
6- Ross Moriarty (6)
7- Justin Tipuric (8)
8- Josh Navidi (7)
9- Tomos Williams (5)
10- Dan Biggar (7)
11- Liam Williams (5)
12- Hadleigh Parkes (5)
13- Nick Tompkins (7)
14- George North (6)
15- Leigh Halfpenny (6)
SUBS UTILIZADOS
16- Ryan Elias (-)
17- Rhys Carre (-)
18- Leon Brown (5)
19- Aaron Shingler (5)
20- Taulupe Faletau (5)
21- Rhys Webb (6)
22- Jarrod Evans (-)
23- Johnny McNicholl (-)
Foto de Capa: Six Nations Rugby