Campeonato do Mundo de Snooker: Habemus Hexa!

    A GRANDE FINAL

    Fonte: World Snooker

    A ela chegámos. Chegámos ao fim-de-semana mais antecipado do calendário da World Snooker, o fim-de-semana mais agridoce de toda a época desportiva da modalidade: por um lado, não há encontro mais emblemático e que os fãs queiram ver mais; por outro, este fim-de-semana marca o fim do Campeonato do Mundo e dá início à espera pelo seguinte e pela seguinte época. Todavia, neste ano atípico, a próxima época é já ali ao virar da esquina.

    Esperava-se um jogo equilibrado. Kyren Wilson mostrou capacidade e maturidade de jogo e psicológica para enfrentar Ronnie olhos nos olhos. Contra as muitas expetativas, não foi capaz de o fazer. Foi sempre menos forte e menos sólido do que o adversário, que surgiu na final melhor do que tinha surgido em qualquer outra fase até então.

    Como o próprio disse, com boa disposição, no final do encontro, “se respeitares demasiado o Ronnie, vais ser atropelado, e foi o que me aconteceu hoje”. Notou-se sempre a incapacidade de Wilson esquecer quem estava a enfrentar. Como tal, entrou muito mal na partida, saindo da primeira sessão a perder por 6-2.

    Contudo, conforme Kyren afirmou após a derrota e conforme já o provou, o jovem inglês é “um lutador”. Na segunda sessão, foi o Kyren Wilson lutador que apareceu. Ainda assim, a qualidade de Ronnie esteve sempre nos píncaros e essa sessão terminou equilibrada, mas com vantagem para O´Sullivan (5-4).

    Era vital que Wilson entrasse “a matar” na terceira sessão, já no domingo. Arrecadou o primeiro frame e fez sonhar. Fez sonhar os seus fãs e os fãs de Snooker que com um 10-8 no marcador acreditavam que o equilíbrio poderia vir a imperar na partida. Mas do outro lado estava um dos melhores de sempre.

    E Ronnie deve ter percebido que o 10-8 significava que ainda poderia conseguir o seu resultado favorito no que toca a vitórias em finais do Campeonato do Mundo. É que Ronnie, nas cinco conquistas anteriores, havia vencido por 18-8 duas vezes: frente a Graeme Dott, em 2004, e frente a Ali Carter, em 2008.

    Ronnie determinou então que era sua missão vencer oito frames consecutivos. Missão cumprida! Para mal de Kyren Wilson e da própria partida, Ronnie venceu os sete frames que sobejavam nessa penúltima sessão e foi para a quarta e última a precisar de um apenas para beijar e levantar o troféu de Campeão do Mundo.

    Um quarto de hora. Foi sensivelmente deste tempo que necessitou o “Rocket” para fechar o encontro com um 18-8 pela terceira vez na sua grandiosa história, que começa a mesclar-se com a própria história do Snooker neste século XXI.

    Terminou sem grande emoção, mas com o cavalheirismo e respeito do costume, a mais estranha edição do Campeonato do Mundo de Snooker. Não faltaram grandes momentos, momentos mais polémicos, momentos de tensão e emoção à flor da pele e do pano e, felizmente e ainda que apenas no primeiro e nos dois últimos dias, nem público faltou.

    A final pecou pelo desnível – foi apenas a nona vez na história do Campeonato do Mundo em que o derrotado venceu menos de 10 frames -, mas saiu valorizada pelo fair-play e respeito mútuo bem patente nas palavras de ambos no final da partida, bem como pela presença inédita de Kyren Wilson. E, claro, pela conquista do Hexacampeonato pelo “Rocket” Ronald “Ronnie” O´Sullivan.

    Ao cabo do Campeonato do Mundo, Ronnie O´Sullivan é agora o número dois do ranking mundial e Kyren Wilson o sexto. Para o ano há mais, esperemos que bem mais precocemente do que foi o caso este ano e que com a presença pelo segundo ano consecutivo do luso-suíço Alexander Ursenbacher, que se tornou este ano o terceiro luso-descendente a participar no Mundial de Snooker.

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    Márcio Francisco Paiva
    Márcio Francisco Paivahttp://www.bolanarede.pt
    O desporto bem praticado fascina-o, o jornalismo bem feito extasia-o. É apaixonado (ou doente, se quiserem, é quase igual – um apaixonado apenas comete mais loucuras) pelo SL Benfica e por tudo o que envolve o clube: modalidades, futebol de formação, futebol sénior. Por ser fascinado por desporto bem praticado, segue com especial atenção a NBA, a Premier League, os majors de Snooker, os Grand Slams de ténis, o campeonato espanhol de futsal e diversas competições europeias e mundiais de futebol e futsal. Quando está aborrecido, vê qualquer desporto. Quando está mesmo, mesmo aborrecido, pratica desporto. Sozinho. E perde.