Assim vai o ténis
Local de nascimento de algumas das principais lendas do Ténis, Austrália viu desabrochar nomes como os de Margaret Court Smith, detentora do maior número de títulos do Grand Slam, 24, e Rod Laver, aquele que ainda hoje ostenta um dos maiores pecúlios de torneios do Grand Slam na vertente masculina.
Este país, sede do primeiro grande torneio da temporada tenística, vai-se debatendo internamente com algumas dificuldades na renovação da sua constelação de estrelas no desporto da bola amarela.
No meu artigo semanal, refletirei sobre esse momento, referindo quem num futuro imediato poderá capitanear o país, bem como indicarei factos que tenham contribuído para a falta de resultados patenteada pela nação nos tempos mais recentes. Assim vai o ténis
BARTY: UM “OÁSIS” NO DESERTO EM QUE ESTÁ MERGULHADO O TÉNIS DO PAÍS DOS ANTÍPODAS
A ex-menina prodígio do Ténis por estas paragens, que em tempos idos deu nas vistas ao arrecadar o Grand Slam local na variante de pares ao lado da agora veteraníssima e antiga número um do país, Samantha Stosur. Assim vai o ténis
Agora com 25 anos, Ashleigh Barty, alguém que teve de se ausentar por um período de cerca de quatro temporadas desta modalidade, ao que parece por saturação competitiva, aproveitou essa mesma paragem para se dedicar com maior afinco ao Críquete, um dos desportos mais populares por estas bandas. Vai sendo por estes dias e sem grande contestação a líder do ranking feminino, sendo apenas acossada pela também jovem Arina Sabalenka, atleta bielorussa. Barty constrói grande parte do seu sucesso nas provas WTA 1000, as de maior importância logo depois dos quatro grandes.
BRILLIANT BARTY: “She’s got so many ways. The @WTA has a lot of great ball strikers but she’s a great tennis player and that’s the big difference.”@ashbarty to join tennis legends with 100th week as world No.1.
From @DarrenWalton369 https://t.co/IUXFkQAq6J
— AAP Sport (@AAPSport) October 12, 2021
Outras tenistas, ainda bastante jovens, tentam cumprir em pleno a sua consolidação entre a elite da modalidade, sendo que ainda nenhuma destas confirmou a sua valia com resultados concretos. Apenas a sérvia de nascimento, Ajla Tomljanovic, de 28 anos, que já no decurso da atual temporada pisou pela primeira vez uma segunda semana numa prova de Grand Slam, em Wimbledon, cedendo precisamente para Barty nos quartos de final na catedral do Ténis britânico. A antiga namorada de Nick Kyrgios tem revelado capacidade para acompanhar Barty na obtenção de resultados de qualidade, ainda que os mesmos não possam ser, de forma alguma, comparáveis. Assim vai o ténis
Contudo, a vencedora de duas provas do Grand Slam e crónica candidata a ver este número nos próximos anos subir em flecha, parece ser a exceção numa tendência de perda de relevância do Ténis feminino australiano.
De referir que a jogadora, de origens balcânicas, na mais recente atualização da tabela individual feminina ocupa o posto 47, contabilizando cerca de 3200 pontos amealhados. Pecúlio bem inferior ao registado pela sua colega de seleção, visto que Barty leva já mais de 9000 pontos, algo que realça bem a diferença de valor entre as duas melhores atletas desta nação no Ténis ao mais alto nível. A ex-finalista de Roland Garos, Samantha Stosur, já bem entrada nos 30, poderia ser ainda um nome bastante válido para estas contas, até porque vemos ainda atletas bem mais veteranas, como a campeoníssima Serena Williams, na discussão por torneios de nomeada. No entanto, a tenista, natural de Sidney, tem vindo a registar imensos problemas de origem física, algo que a conduziu, de há duas temporadas a esta parte, a uma diminuição do número de competições disputadas, nunca mais assinalando prestações de relevo, caindo inclusive para fora das 200 primeiras da hierarquia individual feminina. Assim vai o ténis
DE MINAUR: O LÍDER DE UMA ARMADA ÓRFÃ DO SEU ANUNCIADO COMANDANTE
Se no panorama feminino, e não obstante a queda da Austrália, Barty ainda consegue disfarçar tais lacunas, já no que aos homens diz respeito a situação assume contornos de ainda maior preocupação, visto que o seu melhor praticante em termos de ranking é Alex de Minaur, que há quatro temporadas começou a chamar a atenção do Ténis mundial ao conquistar o seu primeiro troféu Challenger Tour em solo nacional, mais em concreto nos courts do clube de Ténis da Póvoa de Varzim. Atualmente, o atleta, radicado em Espanha, milita no 27.º posto da classificação ATP. Assim vai o ténis
Alex de Minaur wins an all-Aussie showdown against Jordan Thompson to move into his first @atptour quarterfinal since January 💪 #GoAussies https://t.co/zhx0M9IuuD
— TennisAustralia (@TennisAustralia) June 10, 2021
Para melhor se compreender esta questão, Alex de Minaur é membro único da sua pátria natal entre os 50 primeiros, sendo que apenas mais cinco praticantes ocupam postos dentro do top 100 mundial. De entre estes, destacam-se John Millman, que caiu bastante nos meses mais recentes ao ver desaparecerem os pontos alusivos ao seu triunfo em Nur-sultan ATP no Cazaquistão, título que não se revelou capaz de revalidar. Jordan Thompson, que tarda em afirmar-se em provas fora do seu território. Alexei Popyrin, que, após o primeiro título ATP, averbado na temporada passada, ainda não rubricou exibições consistentes que o possam levar a almejar um posto entre os 40 primeiros, algo que vejo ser possível, dado o valor do tenista em causa. Assim vai o ténis
Contudo, e por essa razão, relegados para o final temos dois casos opostos: James Duckworth e Nick Kyrgios.
O primeiro é, na minha opinião, uma das agradáveis surpresas da época até ao momento, tendo ascendido das profundezas do top 100 Mundial até bem ao top 60. E tendo, pela primeira vez, chegado à fase derradeira de um torneio pontuável para o ATP Tour, bem como tem revelado uma consistência assinalável, cedendo raras vezes nas fases inaugurais das provas onde compete. Assim vai o ténis
Assim vai o ténis
No polo oposto encontramos aquele que, caso a parte mental acompanhasse o seu nível tenístico, teria um lugar cativo entre os nomes grados da modalidade. Falamos do irreverente, polémico e indisciplinado Nick Kyrgios, que, depois de na sua juventude ter batido nomes como Rafael Nadal, Novak Djokovic e Roger Federer, já mais conseguiu confirmar a fama granjeada. Sendo que, para grande tristeza dos aficionados da modalidade, tem sido frequentemente destaque por motivos que deveriam fazê-lo repensar sobre a sua maneira de ser e estar na alta roda deste fantástico desporto, fatores que levam o atleta a ocupar presentemente a 97.ª posição na tabela individual masculina.
Veremos se o país organizador de vários torneios de montra em ambas as variantes conseguirá voltar aos bons velhos tempos, aglutinando caras novas que restaurem o atual estado da modalidade, injetando alguma da popularidade perdida para outros desportos neste belo país que viu Leyton Hewitt, retirado em 2016, ser, em 2005 o seu último número um do lado masculino. Assim vai o ténis
Foto de Capa: Tennis Australia
Artigo revisto por Gonçalo Tristão Santos
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