João Sousa não tinha uma tarefa fácil na sua estreia no grand slam australiano como cabeça de série. Mikhail Kukushkin, que em 2012 havia alcançado a 4ª ronda do torneio australiano, é um jogador muito experiente e matreiro. Todavia, o português confirmou o seu favoritismo e assinou uma excelente exibição.
O vimaranense, que realizou parte da pré temporada de 2016 com Rafael Nadal – curioso que em 2015 havia trabalhado juntamente com Djokovic -, não começou o novo ano com o pé direito. Em Auckland, frente a Fabio Fognini, saiu derrotado; todavia, já aí havia deixado alguns excelentes apontamentos. Na Austrália, frente a Kukushkin, a supremacia do português foi enorme.
João Sousa apresentou-se bastante consistente “deixando” Kukushkin cometer inúmeros erros não forçados – 42 do cazaque contra apenas 24 do português. No entanto, a exibição do português tem alguns aspetos bastante interessantes que gostaria de destacar. Em primeiro lugar, a agressividade da resposta de Sousa. O português, sobretudo do lado das vantagens e desviando-se da esquerda para atacar com a direita, colocou constantemente o adversário em dificuldades logo após a resposta. Ganhando 47 % dos pontos quando respondia ao serviço, João Sousa teve na resposta uma das armas para levar de vencida Kukushkin. Em segundo lugar, nota para o nível assombroso do serviço do vimaranense.
Sousa assinou 13 aces e ganhou ainda 74 % dos pontos em que colocou o primeiro serviço e 53 % dos pontos em que foi forçado a jogar com a segunda bola. Por último, mas, de todo, não menos importante, quero destacar a estabilidade psicológica do português. Sousa apresentou-se sempre bastante focado e, mesmo quando as coisas não correram tão bem – o português esteve, por exemplo, a perder por 3-1 na terceira partida – manteve-se calmo e soube voltar a puxar o ascendente, se é que alguma vez o perdeu, para o seu lado.
Em suma, e mesmo tendo em conta que o adversário era Mikhail Kukushkin, arrisco-me a dizer que foi uma das melhores exibições que vi João Sousa fazer.
Segue-se agora Santiago Giraldo ou Donald Young. Apesar do confronto direto frente a Giraldo ser desfavorável (o colombiano leva uma vantagem de 2-0), seria preferível do que defrontar Young. O norte-americano é bastante mais talentoso do que o colombiano. Todavia, e tendo em conta o nível que João Sousa apresentou, penso que o português será capaz de ultrapassar qualquer um deles.
Foto de capa: Australian Open