Chegados próximo da fase decisiva do BNP Paribas Open, e tal como já havia sido anteriormente previsto, a emoção tem tomado conta dos adeptos de ténis em Indian Wells. O torneio tem sido repleto de jogos de grande qualidade, sobretudo na vertente masculina, com alguns dos mais cotados tenistas da atualidade a medirem forças e a proporcionarem momentos marcantes para a história da modalidade.
Na vertente feminina as surpresas não têm sido muitas e este tem sido, acima de tudo, um torneio de confirmações. Confirma-se que Venus Williams parece um “poço sem fundo” tenístico, uma verdadeira lenda ao nível da longevidade e da resiliência face aos problemas de saúde que a impediram de ser uma figura ainda mais relevante na história da modalidade; confirma-se que Caroline Wozniacki está atualmente a um nível mais próximo daquele que a levou ao lugar cimeiro do ranking WTA no passado; confirma-se que Angelique Kerber está, sobretudo em termos anímicos, a um nível marcadamente inferior ao da temporada passada; confirma-se que “inconsistência” é a palavra que melhor descreve o ténis de Simona Halep; confirma-se que Agnieszka Radwanska tem sentido dificuldades para, neste início de temporada, (re)encontrar o seu melhor ténis; confirma-se que Karolina Pliskova é hoje em dia uma das melhores e mais fiáveis tenista do mundo e, como tal, é a principal candidata à vitória do BNP Paribas Open.
Porém, é na vertente masculina que Indian Wells tem levado ao rubro os adeptos de ténis e, em particular, os aficionados portugueses que vêem nos quartos-de-final da competição dois tenistas que irão estar presentes no Estoril Open: Pablo Carreño-Busta e Nick Kyrgios (estando o primeiro já apurado para a semifinal). Nick Kyrgios, nunca perdendo a loucura que o carateriza, tem conseguido manter a concentração e a estabilidade emocional e, com um serviço e uma pancada de direita absolutamente extraordinários, conseguiu levar de vencida Novak Djokovic nos oitavos-de-final do torneio. O sérvio, claramente pouco confiante e padecendo do facto de não ter uma verdadeira arma no seu jogo, continua a não conseguir encontrar o seu melhor ténis e a ser uma sombra de si mesmo.
Tenistas como Stan Wawrinka e Dominic Thiem têm beneficiado do bom sorteio que tiveram e, um deles, estará na meia-final do BNP Paribas Open. Porém, a grande figura do torneio tem sido Roger “King” Federer, a exibir-se a um nível verdadeiramente assombroso, que “atropelou” Rafael Nadal para se apurar para os quartos-de-final em Indian Wells. Com o jogo de pés que lhe é caraterístico e a bater a esquerda de uma forma que nunca antes havia sido vista, Federer está hoje a jogar melhor do que há 10 anos atrás e, mantendo a forma atual, faz os adeptos de ténis sonhar e acreditar que, com a eventual exceção de Roland-Garros, poderá vencer os restantes torneios do Grand Slam da presente temporada. Porém, o desafio que se segue (Nick Kyrgios) é imenso, pela qualidade do australiano, e é um verdadeiro confronto entre o passado e o futuro. Na base para o desfecho do encontro estarão, certamente, a capacidade física de Federer e a capacidade mental de Kyrgios.
O BNP Paribas Open ainda não terminou mas trouxe mais confirmações do que surpresas. Na generalidade, aqueles que tiveram bons desempenhos do Australian Open mantêm-se em competição em Indian Wells, ao passo que as desilusões do torneio australiano tiveram também desempenhos modestos no deserto californiano. Naquela que pode ser a temporada de aproximação (ou mesmo do atingir!) do número 1 do ranking WTA por parte de Karolina Pliskova, Roger Federer mostra a todos os adeptos de ténis que o talento não tem idade e que atualmente, a jogar com menos pressão do que outrora, o relógio suíço é cada vez mais pura filigrana.
Foto de capa: BNP Paribas Open
Artigo revisto por: Francisca Carvalho