Masters 1000 Madrid: Foi na raça que Alcaraz revalidou o título

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    Foi em Madrid em plena Caja Mágica que se jogou a 21ª edição do Mutua Madrid Open, um torneio misto pertencente à categoria Masters 1000 do ATP Tour. Com nomes de vulto entre a lista de ausências: Novak Djokovic, Rafael Nadal ou Jannik Sinner, apenas para citar alguns, era com naturalidade que Alcaraz, Ruud e Tsitsipas se perfilavam como maiores pretendentes a levantar o caneco naquele que é sem margem para dúvidas o maior evento tenístico jogado em solo espanhol.

    Refira-se que este foi o primeiro ano em que o torneio subiu não só o valor dos prémios a distribuir como também viu aumentar o número de atletas em ação, fruto do alargamento temporal para duas semanas, à semelhança dos ATP Masters 1000 de Miami e Indian Wells, fator primordial para uma competição empolgante do primeiro ao último dia. O mesmo irá verificar-se  em Roma.

    Aqui ficam aqueles que em minha opinião foram os cinco destaques de uma quinzena onde não faltou ténis de elevada qualidade!

    CASPER RUUD

    Era com os níveis de confiança bastante em baixo, não obstante a conquista do Millennium Estoril Open que o ex número dois Mundial chegava a um torneio onde era considerado potencial finalista. Depois de um paupérrimo Ruud em Barcelona, a prestação na Caja Mágica não seria muito diferente. O talento norueguês desapontaria enormemente, derrotado na segunda ronda, a primeira em que entrou em court pois era um dos principais cabeças-de-série. Com Roland Garros, a catedral da terra batida, aí ao virar da esquina e apesar deste torneio ser bem distinto das restantes competições disputadas sob pó de tijolo, creio e salvo melhor opinião que Ruud será uma das grandes desilusões da quinzena na cidade luz onde terá a defender os pontos alusivos à final da última temporada, salvo um fantástico torneio de Roma. Conseguirá o jogador nórdico voltar ao nível tenístico que fez os especialistas considerarem-no o “Príncipe da terra batida”?

    DANIEL ALTMAIER

    Alguém que aos quinze anos somava já os primeiros pontos ATP em território caseiro, no prestigiado torneio de Hamburgo, o germânico Daniel Altmaier é um daqueles casos bem frequentes no ténis em que se vê que o talento abunda, no entanto, uma série de outros fatores travaram esse acelerado crescimento. Ainda a tempo de recuperar esse nível, pois ainda está abaixo dos 25, pode ser que a presença nos quartos de final em território Madrileno, vindo da fase de qualificação, catapulte Daniel para prestações de outra regularidade, algo que também tem sido determinante para que o atleta continue a jogar provas do ATP Challenger Tour. Com  muitas armas no seu jogo, o jogador germânico tem tudo para se afirmar como membro  do Top 50 mundial, contudo fica a questão: terá ele a estabilidade física e mental necessárias para  pertencer a esse tão restrito lote?

    ASLAN KARATSEV

    Tendo surgido há dois anos em pleno Open da Austrália, dando-se a conhecer ao grande público ao atingir as semifinais da prova oriundo da fase de qualificação, assim apareceu o russo  na alta roda do ténis mundial já aos 27 anos. Tendo alcançado o Top quinze mundial na sequência de uma grande temporada, onde conquistou dois títulos ATP, tendo acrescentado no início da seguinte mais um a esse saldo, foi desde então que  viu a sua carreira resvalar para bem longe do referido patamar. Fora dos 120 melhores do Mundo à chegada a Madrid, e depois de perder na derradeira ronda de qualificação para o certame Madrileno, nem nos seus melhores sonhos Aslan Karatsev acreditaria que estaria até meio da semana das decisões ainda em jogo. Com pancadas bem profundas, penetrantes e potentes, não é atoa que já conta no curriculum com escalpes diante de nomes como Djokovic, Tsitsipas  ou Danil Medvedev‎, uma das vítimas ao longo deste verdadeiro “conto de fadas”.  Teremos de volta o bom velho Karatsev, que tanto me entusiasmava sempre que ia para court, ou esta foi uma exceção no recente trajeto do possante atleta de Moscovo?

    JAN-LENNARD STRUFF

    Esta é mais uma história de sonho verificada ao longo desta quinzena que começou com a derrota do germânico na última ronda de acesso ao quadro principal! Certamente que se alguém vaticinasse que Struff não só teria uma segunda vida na prova como chegaria à  final da mesma, seria rotulada de louca ou sem noção. Pois bem! Não é que foi mesmo uma realidade! Superando entre outros o grego Stefanos Tsitsipas na ronda dos quartos de final, usando na perfeição um refrescante e saudoso jogo de constantes subidas à rede, algo em voga nos inícios da década de oitenta, foi executando este plano na perfeição que Struff  chegou ao dia D, tendo dado muito trabalhinho ao ultra favorito Carlos Alcaraz, sendo que ao longo de dois sets foi em minha opinião melhor que o jovem de Múrcia! Com uma subida prevista para a 28ª posição da hierarquia individual masculina, convém referir, para os mais distraídos, que este jogador bávaro havia sido derrotado pelo nosso Nuno Borges no super Challenger de Phoenix, vencido brilhantemente pelo tenista da Maia. Com muitas dúvidas sobre a possível estabilidade de Struff neste patamar exibicional durante semanas a fio, veremos se o germânico será capaz de contrariar esta opinião  e quem sabe somar, aos 33 anos, o seu primeiro título ATP da carreira!

    CARLOS ALCARAZ

    Considerado , de forma unânime , como o maior favorito a revalidar a coroa de vencedor do Mutua Madrid Open, as primeiras indicações nem foram as melhores! Vindo de conquistar o ATP 500 de Barcelona sem a cedência de qualquer partida, chegou a temer -se por Carlitos, quando na 2ª ronda esteve em perigo diante do finlandês Emil Ruusuvuori, que chegou a ter set e pontos de break na segunda partida, com Alcaraz miraculosamente a dar a volta ao texto. Passeando até à final, com destaque para novo corretivo imposto a Alexander Zverev, nos oitavos, uma reedição da “tareia” que infligira ao germânico na  final do ano cessante, foi sempre com classe que  atropelou tudo o que lhe apareceu no caminho até ao encontro das decisões. Bem abaixo do seu nível médio na final, mostrou que por vezes os grandes campeões têm de vencer na raça, na marra e fazendo uso da experiência quando a inspiração não está lá. Com 20 anos e dois dias, Charlie , tornou-se apenas o segundo praticante a conquistar por duas vezes consecutivas esta prova, igualando Rafael Nadal que o havia feito em 2013/14, bem como passou a ser somente o terceiro jogador a conquistar as primeiras quatro finais de Masters 1000 disputadas. É caso para afirmar que chegará a Roland Garros como grande candidato a conquistar aí o segundo torneio do Grand Slam, numa carreira que promete muitos mais!

    Agora a caravana ruma à cidade eterna, com o Foro Itálico a acolher nas próximas duas semanas, a partir de quarta-feira, o quadro principal naquele que será , em minha opinião, o grande barómetro para aferir da verdadeira forma dos protagonistas, pois é o grande torneio antes da quinzena Roland Garrosiana.

    Como sempre o BNR não perderá pitada de ambos os torneios. Já sabe, fique bem, sempre na melhor companhia. Até Roma.

    Marcamos encontro?

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    Diogo Rodrigues
    Diogo Rodrigueshttp://www.bolanarede.pt
    O Diogo é licenciado em Ciências da Comunicação pela Universidade Lusófona do Porto. É desde cedo que descobre a sua vocação para opinar e relatar tudo o que se relaciona com o mundo do desporto. Foram muitas horas a ouvir as emissões desportivas na rádio e serões em família a comentar os últimos acontecimentos/eventos desportivos. Sonha poder um dia realizar comentário desportivo e ser uma lufada de ar fresco no jornalismo. Proatividade, curiosidade e espírito crítico são caraterísticas que o definem pessoal e profissionalmente.