O fim da carreira de Pedro Sousa: O “adeus” a um jogador de culto

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    Foi e confirmando o que deixara escapar após entrar no quadro principal do Millennium Estoril Open, anunciando a retirada ainda na presente temporada, que Pedro Sousa, o lisboeta de 34 anos concretizaria tal desígnio ao pendurar as raquetes em pleno Oeiras Open, onde travado nos ¼ de final pelo argentino Juan Manuel Cerúndolo, pôs fim a um percurso iniciado em 2007 e em que apenas as incontáveis lesões não fizeram deste um trajeto ainda mais memorável e cintilante. Neste artigo apresentarei, sumariamente, quais os pontos mais altos da carreira do tenista da capital, explicando também os motivos evocados para o final da mesma.  Venham daí!

    UM “AMOR” QUE FOI E SERÁ PARA A VIDA TODA!

    Quase de modo inevitável e nascendo no seio de uma família que “respirava” ténis, sendo o senhor seu pai , o grande, Manuel de Sousa (Manecas) foi desde o berço que Pedro Barreiros Cardoso de Sousa começaria a apaixonar-se pela modalidade da bola amarela. Sendo o  pai um treinador de renome e prestígio e com provas mais que dadas a nível nacional, seria no  CIF -Clube Internacional de Foot-Ball, onde começaria o percurso formativo , sempre com o pai na retaguarda, embora e ao longo da carreira tenha também beneficiado dos serviços de dois antigos praticantes: o atual capitão da seleção nacional da Davis, alguém que foi como que um mentor, Rui Machado, e o espanhol Rubén Ramírez Hidalgo.

    UM TALENTO SEM PAR NO TÉNIS NACIONAL

    Embora correndo o risco de alguma imprecisão, pois nunca vi nomes como: Nuno Marques ou João Cunha e Silva atuar e de entre os tenista lusos que vi, considero que até aos dias de hoje Pedro Sousa foi o jogador mais talentoso , pelo menos da sua geração! Num tempo em que dividiu seleção na Davis entre outros com: Rui Machado, João Sousa, Leonardo Tavares ou Fred Gil, foi sempre o “Manequinhas” que mais me encheu as medidas. Com grande sensibilidade de bola, demonstrando sempre muitas mãozinhas, era um verdadeiro prodígio na arte de bem usar e executar bolas amortecidas e em toque, onde era mestre.

    AS LESÕES QUE SEMPRE LHE MINARAM O PERCURSO

    A  frase feita de que no ténis só o ter muito talento não é por si só fator para se vingar no circuito ATP , aplica-se e infelizmente na perfeição, ao Pedro que não obstante tudo isso ainda venceu  oito troféus ATP Challenger Tour, nove ITF’s e alcançou  uma final entre a nata: na edição de 2020 do Open da Argentina em Buenos-Aires, sendo então derrotado pelo atual Top 5 mundial e vencedor do nosso Millennium Estoril Open, o norueguês Casper Ruud que conquistaria às custas de Sousa o primeiro título ATP da carreira. Olhando ao trajeto do lisboeta, raras foram as temporadas, se é que as houve, sem o aparecimento de lesões. Aspeto recorrente e que por norma se verificava  quando  estava a jogar um ténis de elevado nível, impedindo  a sua ascensão na hierarquia individual masculina. Passando a maior parte deste a competir na segunda divisão do ténis mundial, o ATP Challenger Tour, onde e em terra batida se foi afirmando sempre com a qualidade, humildade e categoria por todos reconhecidas.

    MAIORES TÍTULOS E A CHEGADA AO OLIMPO!

    De entre os 17 troféus colecionados pelo atleta, 15 destes sob pó de tijolo e apenas dois em rápido, os que considero mais relevantes foram: um Maia Open em 2020 e um outro ganho no ano anterior em Meerbusch na Alemanha. Para além da final perdida no circuito principal e como o próprio já confessou, as “espinhas encravadas “, são: a final perdida em casa no CIF que considera ser a sua e ainda o facto de a seleção nacional ter falhado a entrada no Grupo Mundial da Davis. Também a ida a Tóquio para representar a bandeira nacional em 2020 e a frequência do Top 100 em fevereiro do mesmo ano foram igualmente marcas dignas de admiração, louvor, aplauso e regozijo por parte de todos que como eu amam a modalidade.

    Estando certo de que esta decisão já não terá, infelizmente, retorno e após o lusitano ter revelado ao diário “O Jogo”, que não o faz por não se sentir ainda competitivo e capaz de oferecer algo ao ténis, mas sendo a sua vida familiar o principal motivo. Refira-se que Pedro é pai de duas crianças: o Manequinhas de 3 anos e a Caetana de apenas dez meses, algo que  torna impossíveis as longas ausências de casa, uma constante para quem é profissional de ténis.

    Resta-me desejar que a paternidade lhe dê ainda mais alegrias do que as que proporcionou a todos nós ao longo de uma carreira de elevada nota artística e que jamais será esquecida por todos os fãs nacionais e não só!

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    Diogo Rodrigues
    Diogo Rodrigueshttp://www.bolanarede.pt
    O Diogo é licenciado em Ciências da Comunicação pela Universidade Lusófona do Porto. É desde cedo que descobre a sua vocação para opinar e relatar tudo o que se relaciona com o mundo do desporto. Foram muitas horas a ouvir as emissões desportivas na rádio e serões em família a comentar os últimos acontecimentos/eventos desportivos. Sonha poder um dia realizar comentário desportivo e ser uma lufada de ar fresco no jornalismo. Proatividade, curiosidade e espírito crítico são caraterísticas que o definem pessoal e profissionalmente.