📲 Segue o Bola na Rede nos canais oficiais:

O fim das extraordinárias (ou extraordinariamente chatas) batalhas em Wimbledon

- Advertisement -

Numa decisão não consensual, a organização de Wimbledon anunciou na semana passada que, na edição de 2019, o maior torneio de ténis britânico irá implementar o sistema de tie-break no último set dos encontros de singulares. Desde o seu início, o torneio inglês teimou por resistir às mudanças inerentes à passagem dos anos, mas pouco a pouco Wimbledon está a deixar de ser um torneio atrasado no tempo (ou fiel às origens, como dizem os amantes da “tradição a todo o custo”).

A primeira grande mudança deu-se em 2009, imediatamente após a mais épica Final de todos os tempos, disputada entre Rafael Nadal e Roger Federer. Se todos os bons adjetivos se esgotam para qualificar o desempenho dos dois melhores tenistas da nossa era nesse fim de tarde, já o mesmo não se pode dizer da organização de Wimbledon, que se mantinha inflexível na manutenção da tradição e obrigou os atletas a disputar o encontro de forma intermitente (devido às sucessivas interrupções por chuva). Pior ainda quando, já para lá das oito da noite, com a escuridão a abater-se sobre Londres, os jogadores retomaram o encontro para tentar terminá-lo no domingo. A organização teve de recorrer a métodos, digamos, pouco comuns, tais como aumentar a luminosidade de todos os painéis eletrónicos ou utilizar flashes e lanternas de jornalistas para que os atletas pudessem continuar a jogar, tudo em nome da tradição que recusava a utilização de luz artificial no All England Club. Por esta vergonha, Wimbledon adotou mesmo as modernices e em 2009 estreou o Court Central remodelado, com cobertura retráctil, e iluminação artificial é algo que não falta hoje nesse court (mas apenas nesse court). Já só resta o Grand Slam parisiense abrir as portas a este método, elementar nos dias que correm.

Mas e o tie-break?

O segundo jogo mais longo de ténis da história de Wimbledon terminou com um sentido abraço

Fonte: ATP World Tour

Até 2018, Wimbledon sempre hasteou orgulhosamente a “bandeira” de ser o único Grand-Slam a manter-se fiel às tradições, recusando o uso de tie-break no decisivo quinto set dos encontros de singulares masculinos (terceiro no caso das senhoras). Graças a essa regra foi possível estabelecer o recorde de encontro mais longo de sempre, entre John Isner e Mahut : 6/4 3/6 6/7 7/6 70/68 (sim, 70/68, não é gralha). O mesmo Isner que já este ano se “alongou” de tal forma frente a Kevin Anderson nas meias-finais (desta vez perdeu por 7/6 6/7 6/7 6/4 e “apenas” 26/24, em seis horas e meia de encontro) que obrigou Rafa Nadal e Djokovic a ver o seu encontro começar tão tarde que não pôde ser concluído no mesmo dia. Encontros extraordinários ou extraordinariamente chatos?

Na minha opinião (que pelos vistos é partilhada por mais alguém que tem poder nas decisões), é penoso ver um encontro desta duração quando os intervenientes baseiam o seu jogo em tiros de serviço que resultam em ases “ponto sim, ponto não”. Se entre Anderson e Isner se dispararam 102 ases durante todo o encontro, no encontro mais longo de sempre foram 216 os serviços ganhantes (não contando aqueles em que o adversário toca na bola sem hipóteses de devolução). Não colocando em questão o mérito de quem trabalha o seu serviço aproveitando a alta estatura que possui, creio que a decisão de implementar o tie-break na quinta partida faz todo o sentido, protegendo não só os atletas (que deixam de ser obrigados não só a estar a um nível de exigência física e mental alto como o vencedor da batalha a recuperar para um ou dois dias depois estar de novo ao mais alto nível) como os espectadores que apreciam batalhas épicas, mas com o máximo de “ténis jogado” possível. Nota final apenas para o “detalhe” (ou não estivéssemos a falar de Wimbledon) de que o tie-break será disputado não aos 6-6 como habitual mas sim … aos 12-12. Melhor que nada!

Foto de Capa: Wimbledon

Artigo revisto por: Rita Asseiceiro

Henrique Carrilho
Henrique Carrilhohttp://www.bolanarede.pt
Estudante de Economia em Aarhus, Dinamarca e apaixonado pelo desporto de competição, é fervoroso adepto da Académica de Coimbra mas foi a jogar ténis que teve mais sucesso enquanto jogador.                                                                                                                                                 O Henrique escreve ao abrigo do novo Acordo Ortográfico.

Subscreve!

Artigos Populares

Luís Castro deixa comando técnico do Al Wasl após empate frente ao Al Muharraq de Nandinho

Luís Castro já não é treinador do Al Wasl. O técnico português deixou o clube dos Emirados Árabes Unidos após o empate frente ao Al Muharraq de Nandinho.

Kasper Hjulmand elogia jogador do Bayer Leverkusen e enaltece triunfo com o Benfica: «Foi uma luta e uma vitória muito importante»

Kasper Hjulmand fez a análise do Benfica x Bayer Leverkusen em conferência de imprensa. O técnico dinamarquês elogiou Patrik Schick.

Fredrik Aursnes lamenta derrota do Benfica com o Bayer Leverkusen: «Faltou algo mais ali»

Fredrik Aursnes lamentou o desaire do Benfica em casa frente ao Bayer Leverkusen por 1-0, no quarto jogo da fase de liga da Champions League.

Recordar é Viver | Dirk Kuyt, produto do Utrecht

No Liverpool, Dirk Kuyt não era o virtuoso das fintas curtas, mas o motor que nunca parava. Rafa Benítez viu nele o soldado perfeito

PUB

Mais Artigos Populares

De olhos na invencibilidade europeia | Braga x Genk

Carlos Vicens, técnico do Braga, quer continuar a senda de vitórias na competição e esquecer o resultado obtido com o FC Porto

Leonardo Lelo reage aos elogios de Roberto Martínez: «É sempre um motivo de orgulho»

Leonardo Lelo fez a antevisão do jogo com o Genk para a Europa League. O defesa falou ainda sobre as palavras de Roberto Martínez.

Adidas revela novos equipamentos para o Mundial de 2026

A Adidas apresentou os novos equipamentos de 22 seleções nacionais que patrocina. Estas camisolas serão utilizadas no Mundial 2026 para as seleções que garantirem a qualificação.