Foi aos 35 anos que Pedro Sousa se despediu dos courts no seu clube de sempre, o Club Internacional de Foot-Ball (CIF). Foi lá que deu os primeiros passos no ténis e onde fez os seus últimos pontos da carreira. No passado dia 3 de outubro, Lisboa recebia com uma tarde de sol um dos portugueses mais talentosos de sempre da modalidade. Rodeado de amigos, família, treinadores, colegas e admiradores, foi frente a João Sousa que fez a segunda ronda do Lisboa Belém Open, que ditou a sua despedida oficial.
É dos poucos a conseguir reunir o consenso de tantos, não só pelos amantes do desporto, mas também pelos seus pares que o aplaudiram por toda a carreira que teve.
Venceu oito troféus ATP Challenger Tour e nove ITF´s. Tornou-se no terceiro português da história a fazer parte de uma final de singulares de um torneio ATP ao defrontar Casper Ruud no Open da Austrália, depois de Frederico Gil e João Sousa o terem feito. Foi no dia 11 de fevereiro que atingiu um dos mais difíceis feitos na modalidade, inscrever o seu nome no top 100 mundial, um grupo restrito aos melhores dos melhores, tendo sido o sétimo português a consegui-lo. Em 2021, concretizou um dos seus maiores sonhos: o apuramento para os Jogos Olímpicos de Tóquio, onde representou Portugal.
Quando olhamos para estes resultados pensamos num percurso sem grandes sobressaltos e obstáculos, no entanto, foram raras as temporadas sem lesões. Pedro Sousa foi constantemente atraiçoado pelo seu corpo que nunca permitiu que conseguisse subir ainda mais na hierarquia individual masculina e que, algumas vezes, tivesse até que dar passos atrás.
Pedro Sousa jogou, grande parte da sua carreira, na segunda divisão do ténis mundial, o ATP Challenger Tour. Foi lá que se foi afirmando enquanto jogador e marcando pela diferença todos os que com ele se cruzavam. Dono de uma personalidade carismática, é a sua humildade e descontração que saltam à vista e que ficarão para sempre lembradas como o seu grande legado.
Em terra batida conseguiu imprimir o melhor do seu jogo, era a sua superfície predileta e onde parecia estar como peixe na água. Com uma leitura tática muito acima da média, conseguia mudar a velocidade de jogo, anular por completo o jogo do seu adversário e bater-se de igual para igual com qualquer outro jogador. Repleto de uma subtileza e classe fora do comum, eram os seus amortis que deliciavam qualquer apreciador da modalidade.
Talentoso, empenhado e profissional, será sempre recordado como um dos melhores de sempre no ténis nacional.
Artigo redigido por Mafalda Ferreira Costa