Um reinado que parece ter os dias contados | Ténis

    As outrora “rainhas” do ténis mundial, as irmãs Williams, que dominaram anos a fio o circuito WTA e amealharam vários títulos do Grand Slam, veem agora essa condição perdida para atletas pertencentes à nova vaga do ténis mundial. A sua precoce queda em Wimbledon é o ponto de partida para o artigo desta semana no qual identificarei quais as razões que conduzirão a uma retirada a breve trecho e que poderá ser pouco condigna com a grandiosidade das respetivas carreiras.

    IRMÃS WILLIAMS COM O FIM À VISTA

    Um verdadeiro fenómeno de precocidade aquando do seu surgimento, em finais da década de noventa do século passado, foram as irmãs californianas: Venus, a mais velha, e Serena, dois anos mais jovem, dominaram durante mais de dez anos a seu belo prazer e sem grande contestação os principais torneios do mundo.

    Desde sempre orientadas pelo seu pai, Richard Williams, que ainda é, aos dias de hoje, o principal treinador de Venus, granjearam façanhas e um curriculum difícil de igualar. Entre títulos de Grand Slam, medalhas olímpicas e conquistas, não só a nível individual como em pares, somam-se mais de centena e meia de sucessos.

    A mais velha, Venus, de 41 anos, começou a declinar e a cair nos rankings e, por conseguinte, nas suas prestações, quando por volta de 2015 foi diagnosticada com síndrome de Sjogren. Uma doença altamente incapacitante que leva a perdas súbitas de energia. Algo que fez a atleta de 1.85m desistir por variadas ocasiões de eventos prestigiantes como torneios de Grand Slam ou outras competições de elevado relevo no contexto do circuito WTA, atraiçoada pela sua condição física.

    A menos titulada do clã, arrecadou apesar de tudo cinco torneios de entre os quatro grandes: em três ocasiões levantou os braços na catedral britânica, claro está, no centenário certame realizado no All England Club, os outros dois maiores sucessos da sua carreira seriam obtidos em solo pátrio ao arrebatar o US Open, evento que diz ser o seu favorito. Isto além de várias medalhas obtidas entre Sidney 2000 e os Jogos do Rio, em 2016, nos quais, quer em singulares, quer em pares, conquistou sempre, pelo menos, uma medalha.

    Se falamos de Venus como uma atleta das melhores que a modalidade já viu, o que dizer de Serena! Atualmente com 39 anos e mãe de uma menina de quatro, a campeoníssima, também apelidada de “leoa” pela forma como se motiva quando as coisas não lhe estão a sair particularmente a gosto, persegue um recorde, da autoria da australiana Margaret Smith Court, que ainda ostenta o incrível pecúlio de 24 provas de Grand Slam averbadas.

    Sendo que a Norte-americana de 1.75m, unanimemente reconhecida como um dos maiores vultos de toda a história do ténis, encontra-se a um troféu de igualar o curriculum da tenista dos antípodas. Com mais de 70 sucessos em singulares e mais de meia centena em pares, aquela que os especialistas definem como a melhor servidora da história do ténis feminino sagrar-se-ia campeã olímpica, individualmente, nos Jogos de Londres 2012. Embora sem o fulgor de outros tempos, nem nada que se pareça, mantém-se classificada entre as dez melhores na hierarquia individual feminina, onde ocupa a oitava posição.

    Contudo, os resultados das fantásticas irmãs que fizeram o ténis feminino ganhar o destaque que tanto merece, e que havia sido perdido, estão agora a sucumbir ao peso da idade. Isto, não obstante, manterem: enorme competitividade, uma vontade insaciável de vencer e, mais do que tudo, um enorme gosto pela prática da modalidade.

    Isto mesmo ficaria provado no seu máximo expoente no decurso da primeira semana da presente edição de Wimbledon, visto dar-se uma situação quase inédita, uma vez que, pela primeira ocasião desde 2002, se assistiu à saída de cena por parte do clã Williams antes da terceira ronda. Serena ver-se-ia forçada a abandonar diante da bielorussa Alexandra Sasnovich, a 3-3 da partida inaugural, após contrair lesão motivada por uma sempre perigosa escorregadela na relva britânica.

    Ao passo que Venus perderia à segunda, diante da incrível tunisina Ons Jabeur, a atleta que conta mais triunfos na presente temporada sob relva. Refira-se que Venus já não marca presença num encontro decisivo, em torneios maiores, desde a final perdida em 2017, prestação essa obtida no primeiro Grand Slam da época, jogado em solo australiano. Diga-se  ainda que já mais voltou a chegar a uma segunda semana num dos quatro maiores.

    Já para além dos quarenta, e com tanto que já deu à modalidade, creio que a sua retirada  ocorrerá logo após a olimpíada de Tóquio, isto se o objetivo for tentar uma surpresa em terras nipónicas. Se tal não passar pelas cogitações da jogadora, então acho que veremos a tenista das terras do tio Sam “arrastar-se” pelos courts, imagem que, a concretizar-se, será altamente desprestigiante, não fazendo jus à sua enorme carreira.

    Em relação à mais jovem, tentará com todas as forças que lhe restam bater o recorde de 24 títulos do Grand Slam, meta que não descansará enquanto não a atingir. De resto, creio que, e se o conseguir, retirar-se-á de imediato, até porque, e como já admitiu, gostaria de dar maior atenção à família, assistindo ao crescimento da filha.

    Será possível as irmãs mais conhecidas da senda tenística voltarem a dias de glória, ou o final pode estar para breve?

    Foto de Capa: US Open

    Artigo revisto por Joana Mendes

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    Diogo Rodrigues
    Diogo Rodrigueshttp://www.bolanarede.pt
    O Diogo é licenciado em Ciências da Comunicação pela Universidade Lusófona do Porto. É desde cedo que descobre a sua vocação para opinar e relatar tudo o que se relaciona com o mundo do desporto. Foram muitas horas a ouvir as emissões desportivas na rádio e serões em família a comentar os últimos acontecimentos/eventos desportivos. Sonha poder um dia realizar comentário desportivo e ser uma lufada de ar fresco no jornalismo. Proatividade, curiosidade e espírito crítico são caraterísticas que o definem pessoal e profissionalmente.