Será que Rafael Nadal começa a provar já não ser uma «máquina»?

    Nas semanas mais recentes, muita tinta tem corrido no que às principais figuras do ténis, a nível mundial, diz respeito. Desde a lesão contraída por Dominic Thiem, em Maiorca, que o deixou de fora do torneio de Wimbledon, passando pela surpreendente participação de Novak Djokovic, na variante de pares, na prova balear, ao lado do espanhol Carlos Gómez- Herrera.

    Contudo, e também o ponto de partida para este artigo, o “touro de Manacor”, Rafael Nadal, renunciou não só à participação no torneio de Wimbledon, terceira prova do Grand Slam da temporada, bem como revelou que não competirá nos Jogos de Tóquio. Serão estes indicadores de um declínio por parte do maiorquino?

    UM MAU MOMENTO COM REPERCUSSÕES IMEDIATAS

    Uma verdadeira “lenda” viva e não só um dos melhores tenistas da história, como uma das maiores referências do desporto mundial. Tanto que já se sagrou vencedor de um Prémio Laureus para melhor desportista do ano. Rafael Nadal já tem a sua quota parte escrita nos livros de recordes, nomeadamente devido às mais de 1.000 vitórias conseguidas ao longo de 20 anos de carreira ao mais alto nível, mas também pelo facto de ter tocado por 13 ocasiões na Taça dos Mosqueteiros, que é como quem diz, ter vencido o título na catedral de Roland Garros. Feito nunca antes replicado.

    Saliente-se que, até à derrota averbada na presente edição do certame, o maiorquino apenas contava dois insucessos no pó de tijolo parisiense. Primeiramente, na terceira ronda, em 2009, diante do sueco Robin Soderling, com o segundo a ser façanha obtida, curiosamente, por Novak Djokovic nos quartos de final da edição de 2015. Este último  triunfou sobre Rafa este ano, na competição gaulesa.

    Contudo, parece ser necessário puxar a cassete atrás, pois este foi o ano em que o pupilo de Carlos Moyá, ex-tenista e vencedor, por uma vez, de Roland Garros, em 1999, diante do seu compatriota e amigo Àlex Corretja, e de Francis Roig, registou menos sucesso na superfície de terra batida, a sua predileta.

    Com 35 anos, o tenista de 1.88m está a viver um momento bastante delicado, tudo porque, após a derrota na cidade da luz, voltaram os problemas crónicos nos joelhos. Fator que parece ter sido decisivo para o afastar do torneio de Wimbledon, sendo que Rafa já triunfou na prova britânica jogada sob relva por duas ocasiões. Como se já não fosse pouco falhar o tão prestigiado evento, esta lesão retirará o esposo de Maria Francisca Perello da possibilidade de lutar pela conquista de uma medalha em Tóquio, claro está, nos Jogos!

    É de referir que o “gladiador” venceu o torneio de ténis olímpico de Pequim, em 2008, em singulares, repetindo a subida ao degrau mais alto do pódio no Rio 2016, mas, desta feita, na vertente de pares na qual soma 21 títulos, que contrasta com os 88 em singulares, com a vitória na cidade maravilhosa a ser conseguida ao lado do especialista da variante, Mark Lopez.

    Será que Rafa, com a veterania já por ele patenteada, conseguirá voltar a um nível de topo?

    Não será fácil, apesar de, quando se está perante uma “lenda”, como é o caso, tudo ser possível. Não se podendo, contudo, dissociar o fator idade, bem como a capacidade de recuperar de uma lesão, que não é a mesma de há uma década atrás. Motivos mais que suficientes para sustentar a opinião de que será altamente improvável ver Nadal a retomar  os trilhos do sucesso em provas do Grand Slam, com a exceção de Roland Garros.

    Uma das razões para sustentar tal teoria será a questão motivacional: o que pode fazer com que nomes como o de Roger Federer, 39 anos e 20 títulos do Grand Slam, ou Rafa, que leva tantos troféus de tamanha magnitude conquistados, corram atrás de algo que os faça abdicar de horas passadas em família, viajando constantemente de torneio em torneio!

    Em segundo lugar, a tomada de consciência por parte dos mesmos de que a vida de tenista ao mais alto nível já estará a dar as “últimas”, e que o futuro da modalidade está assegurado por tantos e tantos jovens que nestes “monstros” têm modelos humanos e desportivos a seguir!

    Por último, a única razão que os pode fazer ainda mover por algo concreto, será, porventura, o facto de Novak Djokovic, atual número um mundial e, aos dias de hoje, com 19 Grand Slams no seu curriculum – que de entre estes três é não só o menos veterano (34 anos), como o que está em melhor forma -, estar a tentar o feito inédito de se tornar o único homem na era Open a vencer os quatro grandes no mesmo ano.

    Estaremos mesmo a assistir a um declínio do maiorquino, ou conseguirá o mesmo reerguer-se e voltar a brindar-nos com aquilo que tão bem sabe e pode fazer?

    Foto de Capa: ATP Tour

    Artigo revisto por Joana Mendes

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    Diogo Rodrigues
    Diogo Rodrigueshttp://www.bolanarede.pt
    O Diogo é licenciado em Ciências da Comunicação pela Universidade Lusófona do Porto. É desde cedo que descobre a sua vocação para opinar e relatar tudo o que se relaciona com o mundo do desporto. Foram muitas horas a ouvir as emissões desportivas na rádio e serões em família a comentar os últimos acontecimentos/eventos desportivos. Sonha poder um dia realizar comentário desportivo e ser uma lufada de ar fresco no jornalismo. Proatividade, curiosidade e espírito crítico são caraterísticas que o definem pessoal e profissionalmente.