Taça Davis Grupo Mundial I: Áustria 1-3 Portugal

    Borges e Sousa novamente decisivos em triunfo histórico

    Era e após ser-mos afastados na eliminatória de qualificação para a maior competição tenística ao nível de seleções, a Taça Davis, pelos checos em pleno Complexo de Ténis da Maia, que as quinas começavam tudo do zero. Neste regresso a uma prova centenária calhara-nos em sorte enfrentar o exército austríaco . De referir que a eliminatória decorria nos arredores de Viena bem como era importante salientar  o facto das estatísticas não nos serem  propriamente favoráveis: esta seria a quinta ocasião em que os teríamos pela frente, com estes a liderar o mano-a mano por quatro triunfos sem resposta. O último ocorrera em 2017 em igual fase do certame , no caso em plena cidade berço .

    Uma ausência de peso que deixava tudo bem equilibrado!

    A grande referência do ténis austríaco, na atualidade, o ex finalista de Roland Garros e vencedor do US Open, Dominick Thiem, que mesmo estando a anos-luz do potencial que lhe reconhecemos muita réplica ofereceu ao grego Stefanos Tsitsipas na primeira ronda de Wimbledon. Desde então vai aos poucos trepando no ranking , sendo pedra basilar tanto dentro como fora dos courts numa formação constituída por tenistas pouco experientes nesta competição. No entanto os capitaneados pelo ex Top 10, Jurgen Melzer, sofreriam em vésperas da receção aos lusitanos um golpe impossível de suprir. Segundo um comunicado que veio a público, e por razões de saúde, o mago Domi estava fora do duelo diante dos comandados pelo algarvio Rui Machado, com este infortúnio a enfraquecer de forma brutal o suposto favoritismo de alguém que não era derrotado entre muros ia para dois anos. Quanto aos duelos, jogavam-se numa superfície rápida em recinto coberto, algo que salvo melhor opinião até acabou por ir de encontro às caraterísticas dos de terras de Cabral.

    Borges confirmava estatuto em encontro bem apertado

    Com o objetivo de repetir o que havia sido conseguido pela última vez no ano de 2021 em deslocação à Lituânia, data do último triunfo fora de portas, quem teria honras de abrir as hostilidades seria o melhor tenista Português da atualidade, o 89º da hierarquia Nuno Borges, que após longo período de ausência e com as coisas a não retomarem os trilhos do sucesso desde então, tentaria voltar a ser feliz num palco tão diferente de todos os outros. Com o pavilhão a rebentar pelas costuras , mas com o ambiente a não ser nem de perto nem de longe assim tão hostil, seria mesmo o jogador nascido na cidade da Maia há 26 anos o primeiro a causar o desequilíbrio. Foi então que o 109 do ranking, Jurij Rodionov começou a subir a sua qualidade exibicional, isto não obstante a quebra de concentração da qual Borges era vítima por esses momentos. Depois de uma troca de quebras de serviço, era com elementar justiça que a decisão se jogaria num tie-break emocionante, onde e não obstante um melhor começo do caseiro o mesmo acabaria por sorrir a Nuno, que o embolsava por 7-4. De ombros bastante caídos, moral em baixo e pouca intensidade,  fatores a contribuir fortemente para um parcial de 2-0 para Borges . Foi então que o público resgatou o seu compatriota de um “buraco  bem fundo” com o atleta luso a parecer deixar-se levar pela atmosfera . Numa segunda metade de set irreconhecível  por parte de um dos melhores tenistas de sempre do circuito universitário norte-americano, que mal conseguia ser consistente em trocas de bolas mais prolongadas, eis que a segunda partida seria resolvida por Jurij com o placard de 3-6.Entrando de cabeça totalmente limpa, como se desejava, no set decisivo seria explanando na perfeição todos os predicados do seu jogo, sobretudo tirando muito partido daquele que considero ser um dos melhores serviços da história do ténis nacional, que Borges aplicando um mais que esclarecedor 6-3 fecharia em pouco mais de duas horas o primeiro ponto para os patrícios.

    O conquistador ainda está bem vivo!

    Os austríacos entravam fortemente pressionados para um duelo que era, praticamente vital para as suas aspirações. De um lado o 59º da hierarquia, Sebastian Ofner, que apesar dos 27 anos atuava apenas pela terceira vez numa eliminatória da Davis. Já do outro lado, não obstante estar afundado no posto 289 da tabela ATP encontrava-se o melhor luso de sempre da modalidade da bola amarela, João Sousa, detentor de 5 títulos ATP e antigo Top 30. O primeiro set parecia confirmar que em partidas de seleções nem sempre o ranking e a forma dos intervenientes assumem papel relevante, com a experiência ou não, a ser realmente algo fundamental. A prová-lo o facto do vimaranense ter servido para o vencer. Foi então que o radicado em Barcelona pareceu acusar, principalmente psicologicamente, o momento , sendo que Ofner conseguiria mesmo encaixar cinco jogos de seguida. Já no segundo e protagonizando um set onde se comprovou toda a sua fibra, seria Sousa a impor a sua superior valia, qualidade de jogo e maturidade tenística. As grandes emoções viver-se-iam na terceira e decisiva partida, onde o caseiro chegou a dispor de ponto de encontro no seu saque. Só que, e confirmando a fama que trazia, de falhar em alturas críticas acusando toda a pressão inerente ao que se encontrava em jogo, e qual Fénix João  sobreviveu  colocando toda a garra, competitividade e rigor que fazem dele um exemplo para todos os que amam a modalidade.  Prevalecendo num fantástico tie-break e após mais de duas horas e dez, permitindo apenas um ponto a Ofner no jogo decisivo a nossa seleção teria três possibilidades de resolver a eliminatória, escrevendo assim mais uma página dourada para a modalidade a nível nacional.

    Ainda que «ligados às máquinas», austríacos acreditavam em «milagre»

    O duelo de pares colocou em confronto as duplas : Luccas Miedler e Alexander Erler , ante os bem rotinados Borges e Cabral, embora Sousa estivesse escalonado para emparceirar com  Francisco. Num duelo tipicamente de pares e com tudo a ser resolvido por detalhes, seriam os da casa a prevalecer por duplo 7-6, com os portugueses a serem deserdados pelo seu serviço quando mais necessitavam.

    Percalço abre caminho a festa lusitana

    Seria e em pleno período de aquecimento, para o confronto diante de Nuno Borges, uma reedição da primeira ronda do US Open então favorável ao austríaco, que Sebastian Ofner sentiria uma dor impeditiva de poder dar o seu contributo. Algo que forçou o capitão a recorrer ao 192º melhor tenista do mundo, Dennis NovaK, alguém que apesar de veterano não tinha um saldo favorável nem diante de tenistas nacionais nem tão pouco nas escassas ocasiões em que jogara a competição. Depois de algumas dificuldades de ambos em assegurar o respetivo jogo de serviço , a chave do duelo seria a quebra realizada por Borges ao oitavo jogo, com este a vencer por 6-4, colocando assim Portugal a uma partida de seguir em frente. Com Novack mentalmente derrotado, Borges jogaria em verdadeiro estado de graça, algo que condenou irremediavelmente as ambições dos austríacos. Resultado: um 6-2, fruto de dois breaks e com Nuno a servir como uma verdadeira máquina de compressão massiva! Assim e em pouco mais de uma hora ficou fechada uma eliminatória que tornamos fácil devido à qualidade apresentada.

    Este triunfo comprova e reforça a aposta feita pela nossa Federação no desenvolvimento do ténis, tanto no que respeita ao número de praticantes como ao número de torneios por si organizados em solo luso.

    Agora o sorteio a realizar ainda neste ano ditará o adversário de Portugal em Março próximo, sendo que esta será a derradeira barreira a  transpor no acesso às finais da competição mais mítica de seleções do ténis mundial.

    O BNR continuará a acompanhar tudo o que de relevante acontece no desporto e no ténis em particular.

    Fique bem, sempre na melhor companhia.

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    Diogo Rodrigues
    Diogo Rodrigueshttp://www.bolanarede.pt
    O Diogo é licenciado em Ciências da Comunicação pela Universidade Lusófona do Porto. É desde cedo que descobre a sua vocação para opinar e relatar tudo o que se relaciona com o mundo do desporto. Foram muitas horas a ouvir as emissões desportivas na rádio e serões em família a comentar os últimos acontecimentos/eventos desportivos. Sonha poder um dia realizar comentário desportivo e ser uma lufada de ar fresco no jornalismo. Proatividade, curiosidade e espírito crítico são caraterísticas que o definem pessoal e profissionalmente.