O “melhor” na conjuntura portuguesa atual é, claro, o dinheiro. Durante as últimas duas épocas desportivas nos Açores (local onde estou mais familiarizado com a situação), o voleibol sofreu tremendos cortes nos orçamentos que reduziram de certa forma o nível competitivo.
Os habituais campeonatos regionais, que normalmente têm início a partir de meados do mês de fevereiro, têm também sofrido alterações no esquema competitivo entre os vários escalões – reduzindo o número de equipas participantes, o número de fases e séries do campeonato, e reduzindo, também, a maior abrangência de equipas a disputar as fases finais.
Ora, de forma geral, o que aconteceu foi que, por exemplo no caso dos iniciados, cuja competição começava com duas séries de entre cerca de 12 equipas, hoje cerca de metade têm hipótese de participar na primeira fase dos regionais. Estamos a falar do escalão que praticamente fomenta a iniciação no verdadeiro panorama competitivo do voleibol e já longe daquilo que o mini voleibol proporciona: os ideais de união, espírito de equipa e introdução à parte técnica do voleibol. Pegando neste exemplo dos iniciados: hoje, a hipótese de ganhar a experiência e motivação que outrora as crianças ganhavam ao entrar neste esquema competitivo dos regionais é praticamente nula. No caso dos seniores e outros escalões, inclusive, muitas das vezes a competição baseia-se em fases concentradas (em determinada ilha), o que impossibilita a hipótese de melhoria dos resultados quando os jogos são feitos a uma única volta com cada equipa e apenas uma equipa de cada grupo segue para a fase final.
É compreensível o facto de os cortes orçamentais existirem, não coloco dúvidas sobre esta questão – e, além disso, desconheço a realidade no resto do país tanto para o voleibol como para outras modalidades. O que é certo é que paira no ar a questão de que talvez fosse possível gerir o formato competitivo das provas regionais nos Açores, mantendo a elevada competitividade e assumindo o papel de qualidade das equipas açorianas e dos promissores candidatos aos títulos regionais, que por vezes não chegam a ter o seu reconhecimento por falta de oportunidades.
Esta é uma visão de alguém que vive esta situação, como árbitro e treinador. E é um assunto que suscita pensamentos diversos dentro da comunidade do voleibol açoriano.