Polónia 3-1 Portugal: Garra patrícia não chegou para derrubar favoritismo polaco

    A CRÓNICA: ANFITRIÕES VENCEM, MAS LUSOS DEIXAM BOAS INDICAÇÕES

    A seleção de todos nós estreava-se no Europeu de Voleibol e logo diante da formação Polaca, bicampeã mundial da modalidade, e que em conjunto com: Finlândia, Estónia e Ucrânia organizam esta fase inaugural da competição.

    A equipa liderada por Hugo Silva encontrava esta poderosa formação em Cracóvia, a contar para um Grupo A que via ainda tomarem parte do mesmo as formações da Sérvia, detentora em título, a Ucrânia, a Grécia e a Bélgica. Todos tinham noção de que este seria um obstáculo praticamente intransponível, mas a tacha de 100% de sucesso na fase de qualificação para o evento dariam certamente muita confiança aos de terras de Cabral.

    Num pavilhão praticamente sem cadeiras vazias, e por momentos a fazer lembrar os ambientes anteriores à pandemia principiou um embate em que os favoritos pareciam dispostos a não subestimar e tão pouco facilitar a tarefa lusitana. Desde cedo os caseiros começaram a fazer uso do seu forte serviço, ação que condicionava deste modo a receção portuguesa, dando assim tempo para a organização do seu bloco.

    Os Polacos construíram vantagem na casa dos cinco pontos, que aumentaram ligeiramente e foram gerindo, isto apesar do serviço começar a acumular vários erros que foram oferecendo pontos grátis aos pupilos de Hugo Silva. Com Portugal a ser dominado por uma Polónia que se ia revelando muito profissional e sem menosprezar a equipa pior classificada do grupo, o set inicial ficaria selado pelo parcial de 25-16, favorável aos segundos da hierarquia mundial.

    Contudo a partida seguinte teria decurso e resultado bem distintos! Com as ações polacas a serem , por estes momentos bem mais precipitadas, e com o serviço a descair cada vez mais quer na qualidade como na dificuldade imposta à receção lusitana. A construção do ponto a partir dos recebedores foi aumentando de eficácia, com o parcial de 4-8 a expressá-lo. Desde então a calma foi imperando no seio da nossa seleção, em claro contraste com as muitas falhas denotadas pelos antagonistas, algo que parecia surpreender todos os presentes no recinto!

    Com Portugal a não mais tirar o pé da tábua, aumentando a margem, foi após três bolas de set anuladas pelos anfitriões que Portugal surpreendia o mundo do Voleibol arrecadando o 2º set  por 22-25, com uma exibição que colocava em sentido a equipa favoritíssima e que buscava um título que lhe escapa desde 2009.

    O parcial seguinte abria com o equilíbrio como nota dominante, sendo que o mesmo seguia igualado até aos cinco pontos. Por essa altura os lusos acumularam alguns erros que se revelariam decisivos no evoluir do parcial, visto que tal situação galvanizou e fez com que os da casa se reencontrassem, regressando assim à qualidade patenteada ao longo do set de abertura. Com Leon, atleta nascido em Cuba, mas que atua pelos polacos já há vários anos a ser o principal responsável pela diferença então cravada.

    Este terceiro set  seria fechado pelo mesmo resultado verificado no primeiro, 25-16.

    Na quarta partida, e quando seria de acreditar que a mesmo se tornasse num passeio no parque para os mais cotados, eis que os nacionais enchendo-se de brio, garra e com um espírito inabalável nas capacidades por estes demonstradas foram capazes durante a fase inicial, de beliscar a superioridade caseira. Contudo surgiria então a tela, sim! Ela que influiu tantas vezes sobretudo através de incontáveis remates que lhe tocaram e mudaram  de direção quase sempre adotando semelhante desfecho, resultando em ponto para a casa! Algo que acabou por conferir ascendente já mais perdido pelos caseiros, que assim acabaram por triunfar no set final, averbando um resultado de 25-19.

    Assim, e com uma prestação acima das espectativas, deixando água na boca para o futuro, ficou concluído o primeiro encontro das quinas no certame. Referir que já no dia de amanhã defrontaremos a equipa Belga. De salientar que para o mesmo grupo no dia de hoje a Ucrânia bateu a equipa helénica por 3-2.

    A FIGURA

    Leon (Polónia) – O experiente e temível atleta provou e justificou todos os predicados que fazem deste um dos, senão o melhor atacante do mundo. O praticante terminou com uma eficácia de ataque a roçar os 75% juntando uma taxa de receções, aspeto no qual  normalmente costuma deixar a desejar, na casa dos 60%, . Um dos poucos atletas da Polónia a denotarem rendimento constante ao longo de todo o face a face.

    O FORA DE JOGO

    Segundo set da equipa polaca – Com toda a pressão inerente a quem falhou redondamente nos Jogos Olímpicos e procura alcançar finalmente o topo da Europa, parece-me que os polacos após terem estado irrepreensíveis no set de abertura do evento sentiram-se como que vítimas de um certo relaxamento. Algo que conjuntamente com a “ausência” de alguns dos seus principais ativos, acabaria por lhes custar uma inesperada cedência do 2º parcial. Fico com a crença de que esta equipa terá de elevar e muito a sua performance competitiva e constância, caso almeje  deitar a mão ao caneco!

    ANÁLISE TÁTICA POLÓNIA

    Vital Heynen, técnico de nacionalidade belga, já há vários anos no comando da equipa demonstrou muito respeito pela valia da equipa orientada por Hugo Silva. Apresentando a sua formação base na qual estavam todos aqueles que foram imprescindíveis para o arrecadar da VNL deste ano. Esta foi uma demonstração de humildade e que apenas engrandeceu o set conquistado pelos  patrícios.

    SET INICIAL E PONTUAÇÕES

    Zatorski (7)

    Nowakowski (7)

    Drzyzga (8)

    Kubiak (6)

    Leon (9)

    Kurek (7)

    Kochanowski (8)

    SUBS UTILIZADOS

    Bieniek (6)

    Fornal (5)

    Lomakz (5)

    Wojtaszek (-)

    ANÁLISE TÁTICA PORTUGAL

    Os comandados de Hugo Silva, começavam a participação no campeonato da Europa apresentando três resistentes da geração que arrecadou na Argentina 2002 a sua melhor classificação de sempre: André Lopes, Hugo Gaspar e Alex Ferreira. Diga-se que os mais utilizados eram presenças no set inicial composto por um misto de experiência e juventude. Fica na retina a constância de uma exibição que chegou para assustar um adversário com outras armas e com um bem maior investimento.

    SET INICIAL E PONTUAÇÕES

    Ivo Casas (7)

    Hugo Gaspar (6)

    André Lopes (7)

    Filip Cveticanin (6)

    Miguel Sinfrónio (5)

     Alex Ferreira (6)

    Miguel Tavares Rodrigues (7)

    SUBS UTILIZADOS

    Tiago Violas (5)

    Marco Ferreira (6)

    Filipe Martins (7)

    André Marques (5)

    Lourenço Martins (-)

    Foto de Capa: Federação Portuguesa de Voleibol

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    Diogo Rodrigues
    Diogo Rodrigueshttp://www.bolanarede.pt
    O Diogo é licenciado em Ciências da Comunicação pela Universidade Lusófona do Porto. É desde cedo que descobre a sua vocação para opinar e relatar tudo o que se relaciona com o mundo do desporto. Foram muitas horas a ouvir as emissões desportivas na rádio e serões em família a comentar os últimos acontecimentos/eventos desportivos. Sonha poder um dia realizar comentário desportivo e ser uma lufada de ar fresco no jornalismo. Proatividade, curiosidade e espírito crítico são caraterísticas que o definem pessoal e profissionalmente.