Mundiais Xadrez Rápido: boicotes, vistos e mais um para Carlsen

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    O ano de 2017 no Xadrez só terminou mesmo em cima do término do ano civil, com o Campeonato do Mundo de Xadrez de Velocidade na Arábia Saudita de 26 a 30 de dezembro. Neste torneio, estavam em jogo quatro títulos mundiais, masculino e feminino nas vertentes Rápido e Blitz. Aqui, a diferença entre eles e em relação ao Xadrez Clássico está no tempo que cada jogador dispõe para fazer as suas jogadas. Enquanto no Clássico cada jogador tem 30 ou mais minutos para desenvolver os seus movimentos, nestas versões há menos tempo, 15 minutos no Rápido e 3 minutos no Blitz.

    Os Campeonatos deste ano não começaram da melhor forma. A Federação Mundial de Xadrez (FIDE) atribuiu a organização para 2017 e 2018 à Arábia Saudita que ofereceu uma compensação monetária muito superior a todos os outros organizadores e pretende usar o evento para promover  a imagem do país.

    Ora, esta escolha deu especial polémica no lado feminino, dado que várias competidoras se demonstraram incomodadas com o facto de terem de jogar num país em que as leis para as mulheres são discriminatórias. A porta-voz desta indignação foi Anna Muzychuk, campeã em título tanto em Rápido como em Blitz e que decidiu não comparecer no evento por não aceitar se sujeitar às regras sauditas. Curiosamente, na sua mensagem destacou que o que mais a irritava era que “quase ninguém se preocupa”. Ainda assim, a FIDE conseguiu algumas cedências por parte dos sauditas, sendo que, pela primeira vez no país, as senhoras não foram obrigadas a utilizar o hijab ou a abaya no recinto da competição.

    É uma questão de como vemos as situações, Muzychuk tem toda a razão, mas a pequena vitória alcançada pela FIDE talvez tenha uma importância maior no desenvolvimento do país. Ainda assim, há que realçar a coragem da ucraniana, que abdicou de um grande prémio monetário para ser coerente com os seus valores.

    Pela primeira vez na Arábia Saudita, as competidoras femininas não foram obrigadas a usar hijab ou abaya Fonte: King Salman Rapid & Blitz World Championships
    Pela primeira vez na Arábia Saudita, as competidoras femininas não foram obrigadas a usar hijab ou abaya
    Fonte: King Salman Rapid & Blitz World Championships

    No entanto, se Muzychuk ficou de fora por opção e convicção, o mesmo não se pode dizer da comitiva de Israel. Os representantes da nação da Estrela de David também estiveram ausentes dos Mundiais, mas por problemas burocráticos. Uma vez que Israel e a Arábia Saudita não têm relações diplomáticas, não foram emitidos os vistos e este ficaram assim arredados da competição. Isto foi contrário ao que a FIDE tinha assegurado, de que todos os competidores teriam direito a vistos e é inaceitável que se organize um Campeonato do Mundo num lugar que não permite que pessoas de certo país compitam apenas e só pela sua nacionalidade.

    Quanto ao desenrolar do torneio em si, em Xadrez Rápido, após disputas sem grandes surpresas, o último dia viu Magnus Carlsen, o nº. 1 mundial, desperdiçar a oportunidade de vencer a prova ao perder para Alexander Grischuk e ficar-se pelo quarto lugar, proporcionando um empate a três na classificação para vencedor. De acordo com as regras de desempate, os dois com melhor tie-break disputaram um playoff em Blitz, com Viswanathan Amand a levar a melhor sobre Vladimir Fedoseev. No lado feminino, a chinesa Ju Wenjun tive uma exibição sólida ao longo de toda a prova e conquistou o título com 11,5 pontos em 15 possíveis.

    Já em Blitz, no primeiro dia todas as atenções se focaram no embate entre Carlsen e Inarkiev, onde o russo se recusaria a continuar a partida depois de ter sido rejeitado um pedido seu de jogada ilegal pelo norueguês. No entanto, havia sido Inarkiev que tinha feito uma jogada ilegal à qual Carlsen apenas respondera, pelo que até lenda do Xadrez Garry Kasparov veio condenar a atitude do russo. No final do dia, Karjakin liderava com Carlsen já a 2 pontos, enquanto Pia Cramling era primeira nos femininos. No penúltimo dia do ano civil, Magnus Carlsen teve uma prestação demolidora com oito vitórias e dois empates em dez partidas e deu a volta à desvantagem para se sagrar Campeão Mundial de Blitz com ainda uma ronda por jogar, alcançando o seu terceiro título na modalidade, depois de 2009 e 2014.

    Por outro lado, Pia Cramling foi incapaz de manter o nível do dia anterior e acabou por descer para quinto. Foi Nana Dzagnidze que, pela sua regularidade nos dois dias, conseguiu alcançar o título mundial, aguentando por 0,5 pontos o final forte de cinco vitórias seguidas de Valentina Gunina.

    Foto de Capa: FIDE

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