Li há poucos dias um artigo de opinião de um dos jornalistas cuja forma de escrever é das que mais me cativa. Nesse artigo – do jornalista Carlos Daniel – dizia que o campeonato podia ser decidido à esquerda e mencionava os laterais-esquerdos dos três clubes ditos grandes. Fábio Coentrão, Alex Teles e Grimaldo.
Eu faço uma readaptação do título, e restrinjo a minha análise apenas à esquerda benfiquista. E à esquerda incluo toda a ala. A começar em Grimaldo, passando por Zivkovic e a acabar em Cervi.
A entrada de Krovinovic na equipa titular e a consequente mudança da disposição tática da equipa foi o ponto de partida para o ínicio de um novo ciclo na equipa benfiquista, no entanto, foi com estes três últimos em campo que o jogo encarnado ganhou outro brilhantismo.
Desde o transporte rápido de bola, em posse e no espaço, à forte componente técnica de cada um dos jogadores é na esquerda que está o principal motivo do sucesso do estilo de jogo encarnado.
Grimaldo oferece a disponibilidade para apoiar em momento atacante. A técnica que o caracteriza superioriza-se à baixa estatura física e torna-o, a par de Alex Teles e Coentrão, dos laterais do campeonato que mais desequilíbrio cria nas defesas adversárias. Com bola, e sem ela, é sempre uma opção viável para os colegas. Zivkovic e Cervi oferecem a irreverência no ataque.
Zivkovic, mais com bola no pé, é um jovem jogador que faz uso do pé esquerdo para levar a bola controlada, e em espaços relativamente curtos, e carregar jogo sobretudo em zonas interiores. Joga na posição de “falso 8”, mas facilmente é visto como um “10” e ainda como extremo – a sua posição característica.
Já a Cervi dar-lhe espaço é estar a dar o “ouro ao bandido”. Com espaço faz uso da rapidez para progredir no terreno em movimentos de 1×1 na sua concepção original.
É da junção das características dos três jogadores que nasce uma das tríades em melhor forma em Portugal. O facto de qualquer um ser capaz de entender qualquer posição da ala permite que em trocas rápidas se perca a noção de onde está cada jogador. Grimaldo por vezes parece mais extremo que Cervi e o pequeno argentino interpreta o papel de lateral esquerdo em diversos momentos do jogo.
Os jogos mostram Rui Vitória a assentar a base da progressão atacante à esquerda, contudo, e naturalmente, as equipas estão a habituar-se à forma de jogar dos encarnados. Será, por isso, imprescindível que jogadores como Pizzi, Rafa e Salvio – quando voltar – assumam de igual forma as rédeas do ataque encarnado e possam oferecer soluções diferentes.
Foto de Capa: SL Benfica