A mácula encarnada frente aos germânicos

    Muitos falam da “Maldição de Guttman”, mas o Benfica parece não se livrar de outra desgraça constante. Num passado mais recente, as grandes dificuldades europeias do Sport Lisboa e Benfica parecem ter sempre origem alemã. São as equipas germânicas que se impõem como maior obstáculo ao Benfica, e de facto cada partida contra alemães é sempre de grande intensidade e exige tamanho esforço físico e psicológico.

    Não sei se terá a ver com a própria mentalidade do povo alemão, mas, para mim, serão das equipas que melhor dão uso à organização posicional e controlo de posse de bola. Raramente falham passes, e o normal é serem plantéis com jogadores de estatura física corpulenta. Força, foco, controlo e organização, motes que o Benfica parece não conseguir contornar e sair de uma partida contra alemães com vantagem de golos, principalmente em território germânico. Aliás, a última vitória em solo alemão foi frente ao Bayer Leverkusen em 2013, a contar para a Liga Europa, e mesmo assim previamente existem muito poucos triunfos em casas alemãs. A última vitória do Benfica foi em 2017, a contar para a Liga dos Campeões, frente ao Borussia Dortmund, no Estádio da Luz, e o jogo da segunda mão foi o que foi.

    Tirando as raras exceções vitoriosas, o Benfica só tem na memória pesados desaires. Só este ano já perdemos mais dois jogos contra alemães, desta vez frente ao Bayern de Munique, a contar para a Liga dos Campeões. A mais recente goleada por 5-1 foi um pesado golpe no nosso prestígio, a meu ver. Nos oitavos de final da Liga dos Campeões de 2016/2017 fomos eliminados pelo Borussia Dortmund, com mais uma pesada derrota em solo alemão, por quatro a zero, depois de termos vencido no Estádio da Luz, por um golo solitário de Mitroglou (saudades do grego, mais uma vez).

    Em relação ao adversário de quinta feira, o Benfica nunca se deparou com o Eintracht Frankfurt numa competição europeia. Porém, penso que tivemos o azar de os encontrar nesta fase da Liga Europa, e vão ser, sem dúvida, jogos muito difíceis. A propósito disso, no dia do sorteio o Frankfurt era a equipa que eu menos desejava que calhasse ao nosso Benfica, e, azar dos azares, foram mesmo os alemães que saíram “na rifa”. Precisamente porque já conhecia este passado difícil dos encarnados contra equipas alemãs, eu até preferia um Arsenal ou um Chelsea (com respeito a todas as equipas do sorteio), porque penso que o Benfica se desenrasca melhor (pelo menos faz melhores exibições) frente a equipas inglesas.

    Luka Jovic, emprestado pelo Benfica, tem sido a estrela de ataque do Eintracht Frankfurt
    Fonte: Bundesliga

    O Eintracht Frankfurt está, neste momento, na quarta posição da tabela classificativa da Bundesliga, com o quarto melhor ataque e a terceira melhor defesa (56 golos marcados e 31 sofridos). Eliminaram o Inter de Milão na fase anterior ao empatarem em casa e vencerem por uma bola a zero, em pleno San Siro. Fazem exibições consistentes, e só têm encontrado maiores dificuldades nos jogos frente aos grandes candidatos ao título alemão (Bayern de Munique e Borussia Dortmund).

    Muito provavelmente, esta é a última competição que o Eintracht Frankfurt tem hipótese de vencer, visto que já se encontra a 12 pontos do primeiro lugar da Bundesliga, logo não tem nada a perder. Este facto não é recíproco ao Sport Lisboa e Benfica, que ainda disputa arduamente o campeonato português com o Futebol Clube do Porto.

    No fundo, vão ser mais duas finais, e jogos de dificuldade máxima e extrema intensidade. Penso que está na hora de recuperarmos um pouco deste recorde negativo frente a equipas alemãs, e talvez tentarmos fazer um brilharete na Liga Europa.

    Foto de Capa: SL Benfica

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    Jorge Baptista Laires
    Jorge Baptista Laireshttp://www.bolanarede.pt
    Adepto do Sport Lisboa e Benfica, do clube da sua terra, e, principalmente, da verdade desportiva. Despreza fanatismos clubísticos, tendo sempre uma opinião formada no que vê do próprio jogo jogado.                                                                                                                                                 O Jorge escreve ao abrigo do novo Acordo Ortográfico.