Foi ao comando de João Tralhão que a equipa sub-19 do Benfica da época de 2013/2014 chegou à final da primeira edição da UEFA Youth League. Não saíram vitoriosos do torneio, mas mostraram que a formação portuguesa tem qualidade para se bater com as academias dos colossos europeus.
Nessa primeira edição da competição destinada às equipas da formação dos clubes que chegam à fase de grupos da UEFA Champions League, havia duas equipas portuguesas: o SL Benfica e o FC Porto. Os Dragões não conseguiram passar da fase de grupos; já o Benfica teve uma campanha enaltecedora.
Na primeira fase, o Benfica deparou-se com os sub-19 do Paris Saint-Germain, do Anderlecht, e do Olympiacos. Deste grupo, as Águias saíram em primeiro lugar com quatro vitórias e dois empates (um em casa frente ao Olympiacos, e o outro, também na Luz, frente ao Paris Saint-Germain). Nos oitavos de final calhou jogar frente ao Áustria de Viena e o Benfica passou para os quartos ao bater o adversário por quatro bolas a uma. Nos quartos de final o Benfica vence os sub-19 do Manchester City por dois a um, e nas meias-finais vence os sub-19 do Real Madrid por quatro a zero. Corria tudo bem até aqui, mas no final de tudo sai triunfante do torneio a equipa sub-19 do Barcelona, que vence o Benfica por três a zero.
Foi uma primeira edição promissora para o clube português e os miúdos do Seixal mostraram potencial, mas será que esse se veio a confirmar?
No onze inicial da partida frente ao Barcelona estavam: Thierry Graça, Rafael Ramos, João Nunes, Alexandre Alfaiate, Pedro Rebocho, Estrela, Gilson Costa, Rochinha, Romário Baldé, Gonçalo Guedes, e Nuno Santos.
Numa primeira análise, apenas salta à vista um nome: Gonçalo Guedes. De todos aqueles jogadores, Guedes é de facto aquele que chegou mais longe na carreira futebolística até agora. Depois de fazer toda a sua formação no SL Benfica e de atuar na primeira equipa uma época e meia, Guedes foi transferido para o Paris Saint-Germain, onde não encontrou um lugar no onze titular. Na época seguinte a ser comprado, o PSG emprestou-o ao CF Valencia, onde fez uma temporada de sonho, tornando-se num dos jogadores cruciais da equipa. Neste último mercado de Verão foi adquirido a definitivo pelo Valencia. Para além disto, já fez vários jogos pela Seleção Nacional, e começa cada vez mais a ser uma grande aposta de Fernando Santos para o onze titular da seleção das Quinas.
O guarda-redes dos sub-19 do Benfica era Thierry Graça. Natural de Cabo Verde, Thierry tinha chegado ao Benfica precisamente nessa época, e apenas esteve cá praticamente mais uma. Depois de passar pelo Orlando City, Thierry foi para o Estoril Praia, clube onde se encontra há já três épocas e onde atua como titular.
O defesa direito era Rafael Ramos, que também apenas tinha chegado ao Benfica nessa época. Fez quase a formação jovem toda no Sporting CP e, depois de uma época nos sub-19 do Benfica, foi para o Orlando City. Atualmente atua no FC Twente e joga a titular.
João Nunes era um dos defesas centrais, produto total da formação do Benfica. Depois dos sub-19, ainda fez duas épocas na equipa B do Benfica e, de seguida, foi para o clube onde se encontra há três épocas e onde é titular, o Lechia Gdansk.
O outro defesa central era Alexandre Alfaiate, que também fez praticamente toda a sua formação no Benfica. Depois de três temporadas no Benfica B, Alexandre Alfaiate foi emprestado ao Académica por uma época e, de seguida, foi para o Tubize da Bélgica. Esta temporada atua no FC Lusitanos de Andorra.
Quem segurou a ala esquerda foi Pedro Rebocho. Mais um produto da marca Benfica, Rebocho ainda esteve dois anos na equipa B antes de ir para o Moreirense. Depois de apenas uma época foi para o Guingamp da França, onde joga atualmente e a ocupar o onze titular.
Estrela foi outro dos jogadores que saíram para o Orlando City depois dos sub-19 do Benfica. Ainda tendo passado pelo APOEL por uma época, Estrela voltou a Portugal, mas para o Varzim Sport Clube, clube que defende atualmente.
Gilson Costa passou pela formação dos três principais clubes do distrito de Lisboa: Sporting CP, CF Belenenses, e SL Benfica. Foi nas Águias onde esteve mais tempo e onde mais brilhou, tendo atuado na equipa B por duas épocas antes de sair por empréstimo para o Arouca. Na época passada jogou no Boavista e atualmente encontra-se sem clube.
Depois de jogar nas escolas do FC Porto, do Feirense, e do Boavista, Rochinha entrou para os escalões do Benfica, onde esteve até 2014, tendo sido emprestado aos Bolton Wanderers da Inglaterra por uma época. De seguida, foi transferido para o Standard Liége, onde esteve uma temporada, e vai já na terceira época consecutiva a vestir a camisola do Boavista, onde tem tido algum destaque na equipa.
Romário Baldé também fez praticamente toda a formação no Benfica. Passou pela equipa B e pelo Tondela (por empréstimo) quando ainda estava ligado às Águias. Acabou por ser transferido para o Lechia Gdansk e na corrente época está emprestado pelo clube polaco à Académica de Coimbra.
Por último temos Nuno Santos. O avançado fez quase toda a formação nas escolas do FC Porto e, ainda antes de vir para o Benfica, esteve um ano nos sub-19 do Rio Ave. Apenas jogou uma época nos sub-19 das Águias, pois nas duas seguintes atuou na equipa B. Em 2015 ainda chegou a entrar pela equipa principal do Benfica em duas ocasiões, acabando por ser emprestado ao Vitória de Setúbal no ano seguinte. Acabou mesmo por se transferir para o Rio Ave, clube onde joga atualmente.
Em suma, apenas Gonçalo Guedes chegou mesmo a alcançar o potencial que se esperava de uma equipa finalista da primeira edição da UEFA Youth League. Alguns jogadores, como Nuno Santos e Rochinha, ainda encontram algum destaque a nível Nacional, mas não passa disso. Penso que, em termos de qualidade e potencial, o Benfica tem na sua posse (atualmente) jogadores que irão chegar mais longe do que grande parte deste onze.
Texto revisto por: Mariana Coelho
Foto de Capa: UEFA Youth League