Adiar o inevitável – Parte 2  | Famalicão x Benfica

Primeira Liga, 32.ª jornada: domingo, 5 de maio de 2024, 20h30

A ANTEVISÃO: OS ENCARNADOS SÓ PODEM SEGUIR UM CAMINHO
SE QUISEREM ALIMENTAR A ESPERANÇA

A esta altura, tudo aquilo que o Benfica pode fazer é adiar o inevitável. O Sporting, depois de vencer o Portimonense, será, senão acontecer uma hecatombe, o Campeão Nacional da edição 2023/24 do principal escalão do futebol português, e este duelo entre famalicenses e águias pode mesmo confirmar o segundo título dos Leões na era Rúben Amorim (a última vez que o Sporting conseguiu vencer dois campeonatos num espaço de tempo tão curto foi no início deste século – 1999/00 e 2001/02).

A vantagem leonina é de oito pontos à condição e, portanto, só um triunfo dos encarnados poderá fazer adiar a festa dos muitos sportinguistas espalhados pelo Mundo. Caso o Famalicão consiga roubar pontos aos atuais detentores do título (não acontece há dois anos), a festa será pelo segundo ano consecutivo no Marquês, mas desta vez com tons de verde e branco. Margem de erro zero. Cabe à equipa de Roger Schmidt continuar a alimentar a esperança de alguns (poucos, na verdade) benfiquistas, numa altura em que continua a surgir muita especulação quanto ao futuro do comando técnico das águias. O alemão parece ter perdido toda a credibilidade que detinha no seio da massa associativa e os resultados práticos desta temporada são francamente negativos, mas Schmidt já admitiu querer cumprir o contrato até 2026.

Do outro lado, o Famalicão começou a temporada com João Pedro Sousa, mas é Armando Evangelista quem assume de momento a pasta técnica dos minhotos. Em seis jogos, o ex-técnico do Coritiba soma duas vitórias, dois empates, duas derrotas, nove golos marcados e outros nove sofridos (mais equilibrado seria impossível).

O momento da temporada é tranquilo: a manutenção está praticamente garantida e a chegada aos lugares de apuramento europeu são inalcançáveis, pelo que a pressão está bastante próxima dos seus valores nulos. O melhor (e mais natural) que pode acontecer aos emblema do distrito Braga é terminar na oitavo posição, tal como aconteceu nas três épocas anteriores. Já sabe que não vai igualar o sexto lugar alcançado em 2019/20, mas ainda há esperança numa pontuação superior à da época anterior. Para isso, precisará vencer os três jogos que ainda faltam disputar.

Armando Evangelista fala em “acabar a época com dignidade” e é exatamente isso que tanto Benfica e Famalicão mais desejarão para estas últimas semanas, que não prometem ser de muita festa para os dois lados.

Colocando de lado as prestações e os objetivos dos dois conjuntos nesta temporada, este é mais um jogo que promete belíssimos momentos de parte a parte. Benfica e Famalicão dão garantias de espetáculo aos adeptos e são duas equipas bem apetrechadas de qualidade individual… principalmente no que aos jovens diz respeito.

10 DADOS RÁPIDOS

1. Este será o 27.º encontro entre Famalicão e Benfica. Os encarnados têm 21 vitórias, enquanto os famalicenses apenas uma. Somam-se ainda quatro empates.
2. O registo de golos no histórico de confrontos é igualmente revelador das diferenças entre ambos os conjuntos: 68 golos do Benfica contra 16 do Famalicão.
3. O primeiro jogo entre estas duas formações aconteceu em 1947. A equipa de Lisboa goleou por 5-1.
4. A única vitória do Famalicão contra o Benfica foi conseguida precisamente em casa. É preciso recuar à temporada 1992/93. 1-0 foi o resultado final.
5. As águias levam um registo positivo de quatro vitórias consecutivas sobre este adversário.
6. O Famalicão não marca um golo ao Benfica há quase três anos. O último foi apontado por Bruno Rodrigues, em 2021, numa derrota por 1-4.
7. A maior vitória do Benfica no terreno do Famalicão aconteceu na temporada de 2020/21. 1-5 foi o resultado, num jogo que marcou o início do campeonato.
8. O Famalicão vem de um registo de quatro jogos seguidos sem conhecer o sabor da vitória. Os encarnados, por outro lado, somam quatro vitórias nos últimos cinco jogos.
9. O registo famalicense nos jogos em casa é bastante equilibrado (cinco vitórias, seis empates e quatro derrotas). O Benfica leva 10 vitórias, dois empates e três derrotas nos seus 15 jogos fora de portas.
10. No último duelo entre estas equipas disputado no Municipal de Famalicão, o Benfica levou a melhor graças a um golo de Rafa Silva (0-1).

JOGADORES A TER EM CONTA

Jhonder Cádiz – Podia destacar merecidamente Gustavo Sá, que está a fazer uma boa temporada e promete dar o salto no próximo mercado de verão, mas optei pelo melhor marcador da equipa (quarto colocado na classificação geral) na Primeira Liga. Cádiz esteve contratualmente ligado ao Benfica, mas nunca chegou a estrear-se de águia ao peito e acabou emprestado primeiro ao Dijon, e depois ao Nashville, da MLS. Na terceira época consecutiva no Minho, o avançado venezuelano vai fazendo a sua melhor temporada da carreira, tendo já contribuído com 16 golos em 30 jogos. Não é um portento técnico, mas são poucos aqueles que no nosso campeonato conseguem criar tanta mossa a partir do jogo aéreo como Jhonder Cádiz. O Benfica, que até tem vários problemas a defender situações de cruzamento (laterais demoram a encurtar e os centrais são demasiadas vezes apanhados disposicionados), terá de evitar ao máximo que, por exemplo, Francisco Moura tenha espaço para progredir a partir do corredor.

Di María – Muita coisa se poderá dizer acerca dos prós e contras que traz ao jogo do Benfica, mas, certamente, não foi pelo argentino que o Benfica não conseguiu fazer mais e melhor nesta temporada. Mesmo já com 36 anos, Di María vai com 16 golos e 13 assistências. É o jogador mais influente do plantel encarnado. Schmidt insiste em colocar o extremo do lado direito do ataque, mas El Fideo até consegue acrescentar mais a partir do corredor esquerdo (ninguém cruza como ele no futebol nacional), até porque ainda há Neres, que, com mais agilidade, velocidade e capacidade no 1×1 ofensivo, é mais útil à equipa encarnada através das suas diagonais. Com o arrastar da temporada, as dúvidas em relação ao futebol de Di María começam também a ser já tema de conversa. Ficando ou não, a gestão física do artista argentino terá de ser bastante mais apertada e… sensata.

XI´s PROVÁVEIS

Famalicão: Luiz Júnior; Nathan Santos, Mihaj, Riccelli e Francisco Moura; Mirko Topic e Zaydou Youssouf; Puma Rodríguez, Gustavo Sá e Chiquinho; Jhonder Cádiz

Treinador: Armando Evangelista

«Independentemente de ter a sua questão competitiva praticamente resolvida, o Famalicão tem a ambição de entrar sempre para vencer, a nossa guerra é terminar a época com dignidade. A outra guerra é dos outros, de modo que vamos procurar fazer um bom jogo, onde pretendemos jogar olhos nos olhos com o Benfica para promover os nossos jogadores, mostrar qualidade e tentar vencer».

FC Porto: Trubin; Aursnes, Otamendi, António Silva, Álvaro Carreras; Florentino Luís e João Neves; Neres, Rafa Silva e Di Maria; Arthur Cabral

Treinador: Roger Schmidt

«No Campeonato ainda é possível, ainda não está feito, mas estamos com uma diferença de cinco pontos. Refiro um exemplo: contra o Sporting [no Campeonato], David Neres, por volta dos 75 minutos, driblou o guarda-redes e só tinha de fazer um passe para a baliza vazia, mas Coates conseguiu salvar o guarda-redes nessa situação. Se fosse golo, talvez tivéssemos vencido o Sporting e estaríamos um ponto à frente neste momento. Isto é futebol. São pequenos detalhes, não quero usar como desculpa, mas quero deixar claro que foi uma época muito equilibrada».

PREVISÃO DE RESULTADO: Famalicão 1-2 Benfica