Cardozo parece estar enfim recuperado – quase três meses e 13 jogos separaram o paraguaio dos relvados. Lesionou-se frente ao Sporting, a 9 de Novembro, em jogo a contar para a Taça de Portugal. Titular indiscutível no Benfica, o “Tacuara” não sai do clube da Luz por nada (se depois do episódio da Taça de Portugal do ano passado não saiu, então Cardozo está de pedra e cal no clube encarnado). E, agora, um dos avançados mais temidos do nosso campeonato está de volta. Será só voltar a ocupar a posição?
Desde que Cardozo deixou de alinhar na equipa do Benfica, algumas alterações se verificaram no onze e na dinâmica do grupo. Comecemos por Rodrigo. Não podemos dizer que o jovem avançado “apareceu” agora, mas teve agora uma luxuosa oportunidade de afirmar a sua qualidade, com um excelente momento de forma que teve início quando o paraguaio deixou de entrar nas contas de Jesus. Rodrigo despertou os olhos da Europa com as suas fantásticas exibições, com a sua veia goleadora, com raça e com luta. Foi uma estrelinha que tardou a chegar, mas que finalmente encontrou o brasileiro naturalizado espanhol. Uma estrelinha que Rodrigo merecia encontrar. Outra alteração significativa aconteceu na baliza. O responsável pelas redes da “gaveta” do Benfica, quando Cardozo deixou de jogar, era um e, agora, no momento de voltar, é outro. Oblak é, agora, o “patrão” da baliza encarnada e tem um registo intocável – o esloveno não sofreu ainda um único golo de águia ao peito. Mas que quero eu dizer com isto? Que Cardozo não vai mais tirar o lugar a Rodrigo? Que a dupla Rodrigo-Lima é mais eficaz do que qualquer outra dupla em que se inclua o paraguaio? Que será Lima a ceder o seu lugar a Cardozo? E Oblak, que relação tem com os avançados?
Aquilo que pretendo vincar é, na verdade, bastante genérico. Sou do Sport Lisboa e Benfica de coração e se há vitórias que quero ganhar são as do meu clube. Como escrevi aqui, na semana passada, acima do Benfica não está nem pode estar nenhum jogador, nenhum treinador, nenhum dirigente – não é por eles que vamos à bola. O Benfica somos nós: uns cumprem na bancada, outros cumprem no relvado, mas nenhum está acima do outro. O que quero dizer com isto é que Cardozo tem lugar no Benfica se o seu contributo for maior do que o de Rodrigo ou Lima, e o mesmo acontece com estes últimos. Cardozo tem lugar no Benfica se compreender melhor o sistema táctico ou se se enquadrar melhor nele, se for uma arma mais perigosa, se desequilibrar mais as estratégias adversárias, se agarrar dois centrais com mais eficácia. No entanto, o contrário também pode acontecer, porque os milhões não devem falar dentro de campo. E sim, caro leitor, eu acho que Cardozo tem lugar no Benfica. Não por ser o “Tacuara”, mas por ser quem me deixa mais perto das glórias do meu clube. Não fosse esse o meu pensamento e, ainda hoje, queria ter o Rui Costa de águia ao peito.