No próximo domingo pelas 18 horas no Dragão, a equipa de Rui Vitoria tem a oportunidade única de deixar os seus rivais a 7 e 8 pontos de distância, quando estamos a chegar ao fim do primeiro terço do campeonato. Coisa que nos últimos 30 anos nunca aconteceu para os lados da luz. Nem Jesus nas 6 épocas de águia ao peito conseguiu tal proeza. Vitória já conquistou até o mais negativo adepto benfiquista, mas sabe que ganhar no Dragão irá levá-lo definitivamente ao Olimpo benfiquista e a figurar entre nomes como Otto Glória, Béla Guttmann ou Sven-Goran Eriksson. Falta-lhe ganhar no Dragão, atingir 17 vitórias consecutivas fora de casa para a liga, e vingar a derrota injusta da época passada ao cair do pano.
Vitória tem a vantagem de poder dizer aos seus jogadores que eles irão sair sempre líderes do clássico. O Ribatejano sabe que a equipa é jovem mas tem personalidade, tem atitude, tem responsabilidade e tem a vantagem de entrar com o seu onze já bastante rodado e conhecedor das suas ideias. Rui Vitoria tem tido o mérito de conseguir com que os meios de comunicação não se lembrem das lesões de Jonas e Rafa.
No Dragão o Tricampeão vai entrar no relvado com o seu sistema habitual, apenas residindo uma dúvida no onze de Rui Vitória: Fejsa é carta fora do baralho e não recupera a tempo do Dragão (que enorme perda para o Benfica e para o jogo) e a dúvida é quem o irá substituir? Samaris? Não é tão rápido a ler os lances e recorre mais vezes à falta. André Almeida? Mais inteligente na ocupação de espaços mas com clara falta de ritmo de jogo esta época; mas Vitória testou-o imediatamente no meio campo dando um sinal que pode ser a surpresa reservada para o Dragão. Danilo? Também será um nome a ter em conta, mais robusto que as alternativas anteriores, mas ainda não apareceu nesta liga.
De resto mantém-se o quarteto defensivo habitual, Salvio na direita do meio campo (como é bom ver Toto Salvio de volta) e a dupla atacante Mitroglou e Guedes (Jonas e Jiménez terão de trabalhar muito para tirar de lá o menino) para bater Casillas. O treinador encarnado sabe que a equipa pode arriscar, a equipa vai entrar tranquila, jogando olhos nos olhos com o rival, só assim poderemos sair vencedores e dormir tranquilos na viagem de volta. Pizzi trouxe ao meio-campo benfiquista tranquilidade e segurança no último passe e tem em Fejsa o parceiro ideal (neste momento o melhor 6 a atuar em Portugal), tem dois laterais extremamente ofensivos que estão constantemente a criar desequilíbrios ofensivos e tem um Gonçalo Guedes em super forma. Fatores que dão também pela primeira vez em muitos anos um claro favoritismo às tropas de Rui Vitória. Só o cansaço da Liga dos Campeões poderá ditar mais alterações, mas o nosso treinador já mostrou que aposta sempre nos melhores, ignorando o cansaço, não arranjando desculpas. Mas favoritismo é diferente de arrogância e soberania, e Rui Vitória já deixou o aviso.
Em sentido contrário está o nosso rival, o empate em Setúbal concedeu-lhe a responsabilidade de ter de ganhar obrigatoriamente. O seu treinador sabe que a raça de Maxi tem de voltar ao onze e ainda existem dúvidas no meio-campo. André André tem alternado com Herrera e, nas alas, Brahimi pode ser a surpresa de Nuno Espirito Santo. A dupla de avançados foi finalmente encontrada e tem sido letal nos últimos jogos, à exceção de Setúbal. No Dragão, os da casa costumam ser sempre favoritos mas se a equipa não chegar ao golo nos primeiros minutos, o estádio vai assobiar e os jogadores vão-se ressentir – situação a que o Dragão não está habituado. Mas tudo pode mudar, basta um golo azul e branco e tudo se transforma, passando de imediato o favoritismo para o lado dos homens de Nuno Espírito Santo
Ingredientes que vão fazer deste clássico um clássico apaixonante e jogado com alta intensidade, se assim os jogadores desejarem.
Texto revisto por: Carlos Valente