Primeira Liga, 16.ª jornada: sábado, 6 de janeiro de 2024, 18h00.
A ANTEVISÃO: IMPORTANTE GANHAR EMBALO NO INÍCIO DO MÊS DECISIVO – CAMPEONATO, TAÇA E TAÇA DA LIGA DECIDEM-SE EM JANEIRO
E para isso convém que ninguém se distraia com a entusiasmante novidade para o ataque, Marcos Leonardo, o moleque gingão acabadinho de chegar a Lisboa a troco duns valentes milhões. Afinal parece ser ele a peça que faltava na engrenagem para garantir que os lampejos do belo futebol de outrora, que vão surgindo com mais insistência nas últimas semanas, tenha continuidade e possamos voltar a ver o Benfica 2022-23. É quase impossível não ficar ansioso por ver as potencialidades do menino aplicadas ao futebol europeu e como podem encaixar com os talentos de Rafa, Di Maria ou João Mário – por isso, oito das nove perguntas feitas a Roger Schmidt foram sobre ele, retirando à antevisão o seu propósito e ao Arouca o foco.
O técnico alemão foi respondendo com a naturalidade e honestidade características. À única questão sobre o jogo, respondeu enaltecendo os grandes regressos de Otamendi e Dí Maria e garantindo que dentro do balneário «todos estão preparados», que parece ser o essencial para o clímax da época. As respostas sobre Marcos Leonardo serviram sobretudo para esclarecer que não há pressa em jogar o menino aos lobos e usá-lo como remédio aos problemas de eficácia. Há tempo e confiança em Musa, Arthur e Tengstedt. «Não faço magia. Se fosse possível pôr um jogador em forma num dia ou numa semana não precisaríamos de pré-época. No Brasil a temporada é longa e foi bom para ele ter estas quatro semanas de descanso. Mas pelo que vi hoje ele está em boa forma, causou boa impressão, mas claro que precisa de treinos para prever lesões, mas acredito que a breve prazo ele possa jogar alguns minutos. Para fazer 90 temos de esperar mais, mas isso não é problema porque jogámos bom futebol sem ele, usando os outros avançados. Iremos encontrar a melhor forma de ele se adaptar à equipa e criar conexões com os novos colegas. E encontraremos o melhor momento para ele entrar na equipa.»
A Daniel Sousa pouco lhe devem ter interessado estas conclusões. Na crista da onda desde que assumiu os arouquenses, a 26 de Novembro, conseguiu unir equipa habituada à derrota – só cinco vitórias nos 17 jogos de Daniel Ramos – e dotá-la de espírito empreendedor, de olhos postos no lucro máximo do futebol bonito: a confiança e os golos, que desataram a aparecer em campos difíceis como o Bessa ou a Reboleira. Quatro em cada jogo, sempre o mesmo onze inicial – que poderá ser utilizado este Sábado contra o Benfica, dado que as dúvidas físicas insistem em recair sobre os mesmos azarados das últimas semanas: Mateus Quaresma, Rafael Fernandes e Oriol Busquets. Arruabarrena terá motivação extra pela marca das 50 presenças com Arouca no coração e Hamache, ex-Boavista que treina com o plantel beirão desde Outubro depois de experiência infeliz na Ucrânia, já foi inscrito na Liga e é opção para a ala canhota.
O árbitro é Fábio Veríssimo, coadjuvado por Tiago Martins no VAR.
10 DADOS RÁPIDOS
- 16 jogos a opor beirões e sulistas, com vantagem substancial para os de Lisboa com 14 vitórias e um empate.
- A única vitória do Arouca nem sequer foi no Municipal da terra, mas no de Aveiro, no início de 2015-16. Lito Vidigal venceu (1-0) Rui Vitória e fez alinhar de início… David Simão, o resistente que chega a 2024 com o mesmo emblema ao peito.
- É fácil então concluir: o Benfica ganhou sempre na verdadeira casa arouquense. Cinco jogos, cinco vitórias, com 14 golos marcados e três sofridos!
- Acrescentemos um golo sofrido, que continua a ser pouco, para atestar a qualidade do trabalho de Daniel Sousa desde que entrou ao serviço a meio de Novembro: é esse o score (14-4) em cinco jogos, com quatro vitórias e um empate, mais a eliminação do Boavista da Taça.
- Rafa Mujica é o mais goleador (11) e o que soma mais minutos (1783) no total da temporada, ainda que seja segundo na lista de presenças, atrás de Cristo González (22).
- Do outro lado, sobressaem Di Maria e Rafa (9) no capítulo das finalizações, e o português junta-se a Aursnes e João Neves no topo da lista de presenças (26), ainda que ninguém chegue aos calcanhares do norueguês em minutos (2324’, Rafa conta 2204 e Neves 2007).
- Fora de portas, o Benfica só não conseguiu marcar em Moreira de Cónegos, o único de 20 jogos – e mesmo não conseguindo média famosa de golos por jogo (2,1), não anda muito longe do ano passado, por esta altura (45 golos em 19 jogos nacionais à entrada de Janeiro, 2,36).
- O senhor que se apresenta com o apito chama-se Fábio Veríssimo, que se estreia com os homens da casa esta temporada. Aos benfiquistas já viu… no tal jogo de Moreira!
- Com Veríssimo no apito, o Arouca conta três vitórias em 13 jogos – não ganhou nenhum dos três em 22/23, por isso temos de recuar duas épocas para ver a última vitória sob a sua supervisão: um 2-1 ao Gil!
- Já os benfiquistas não perdem com Veríssimo desde o 0-3 para a Taça no Dragão em 2021-22: são 22 vitórias em 33 jogos.
JOGADORES A TER EM CONTA
Rafa Mujica – O Canário Mujica canta cada vez melhor, equipado a rigor com o mesmo amarelo do Las Palmas do seu coração: vai explodindo definitivamente na segunda época de Arouca, precisando de apenas metade da temporada para igualar números totais de 2022-23, pelo menos na Liga (para o resto falta pouco). A ajuda dos hermanos Jason e Cristo provocam a letal matreirice na grande área, as ideias de Daniel Sousa parecem permitir a total exploração do seu talento: conta em cinco jogos com o novo treinador quatro golos – com Daniel Ramos, desde início da época, fizera… seis.
Rafa Silva – A celebração do bonito recorde dos 300 jogos foi à sua maneira, decidindo o jogo frente ao Famalicão com um golo e duas assistências, estatística que aponta novamente para o óbvio – que Rafael será sempre muito melhor no penúltimo toque que na decisão final. A frustração dos benfiquistas com a eficácia do génio estende-se depois para outras vertentes, menos compreensíveis, como a maneira distante com que Rafael lida com a exposição permanente imposta pelas redes sociais, a forma pouco efusiva com que celebra os triunfos ou o impasse na renovação de contrato, provavelmente a última grande janela de oportunidade duma fantástica carreira. Roger Schmidt garantiu Rafael pelo menos até ao Verão e o português, em mais uma das suas intermináveis provas de compromisso, continuará a ser decisivo. Sobretudo em batalhas difíceis como a que se perspectiva em Arouca.
XI´s PROVÁVEIS
FC Arouca: Arruabarrena; Milovanov, Javi Montero, Galovic e Tiago Esgaio; Kouassi, Sylla e David Simão; Cristo González, Jason Remeseiro e Mujica
Treinador: Daniel Sousa
«Nós estamos muito focados no nosso processo, naquilo que somos como equipa e naquilo que queremos colocar em campo. Obviamente, fizemos o estudo do adversário e sabemos onde podemos explorar e onde vamos tentar procurar algumas coisas para criar vantagem. A nossa grande vitória na Amadora não foi tanto o resultado, mas o ambiente de equipa que se viveu. É disso que precisamos neste jogo com o Benfica, como em qualquer outro, sendo solidários».
SL Benfica: Trubin; Aursnes, António Silva, Otamendi e Morato; Neves e Kokcu; Di María, Rafa e João Mário; Arthur Cabral
Treinador: Roger Schmidt
«É sempre difícil vencer lá, vimos isso no nosso jogo da Taça da Liga, em que ganhámos. Tem um ambiente forte, um novo treinador que trouxe nova energia e obtiveram bons resultados nas últimas semanas».
PREVISÃO DE RESULTADO: FC Arouca 1-3 SL Benfica
