Primeira Liga, 3.ª jornada: sábado, 20h30, 26 de agosto de 2023
A ANTEVISÃO: EM BARCELOS MANDA O GIL, AO BENFICA CABE PROVAR A SUPERIORIDADE
Como cantava tão bem Marco Paulo, alguém podia e devia muito bem ser uma lady na mesa e uma louca na cama – e talvez seja uma possível descrição deste Gil Vicente 2023-24, que esmagou o Portimonense de Paulo Sérgio por limpinhos 5-0, na primeira jornada da Liga, jogada no seu Estádio; mas perdeu os outros dois encontros que fez, jogados fora. A loucura em Barcelos não encontra correspondência na aparente delicadeza demonstrada longe da tal cama, quando é convidado de honra. Infelizmente para este Benfica, joga-se no Municipal de Barcelos.
Roger Schmidt enfrenta equipa à qual ganhou os dois encontros na época passada (3-1 e 0-2) mas, se pudesse escolher, certamente não marcava viagem para o Minho nesta altura.
Até por tudo o que envolve a equipa do Benfica, enrolada em mil histórias sobre um mercado de transferências que mexe remexe, se encosta, se enrosca, e não há meio de terminar; resolvida a questão Di Maria, solucionada pelo próprio com um esclarecimento a uma cadeia noticiosa do país natal, seguiu-se a novela Neres: tanto se cogitou um possível desencontro entre as ideias do brasileiro e do treinador quanto à sua utilização que foram obrigados, os responsáveis encarnados, de meter tudo em pratos limpos com rectílinea entrevista.
Por fim, ainda morosa e barulhenta, a inevitável substituição de Vlachodimos por alguém mais desenvolto na parte ofensiva do que é ser guarda-redes, que deu direito a transcrições criativas em horário nobre. A tudo isto, juntam-se rumores de saídas, como a de Scheljderup, João Víctor ou Morato, possibilidades que nascerão como cogumelos até dia 31.
Ossos do ofício, saberá bem Roger Schmidt que, obrigado pelas circunstâncias, limitou-se a… suspirar: “Há a questão do dinheiro, com o mercado aberto, mas o trabalho do treinador é estar completamente focado. Há sempre alguma coisa a acontecer. É possível fazer pequenos ajustes no mercado de transferências”. O mercado árabe só fecha dia 20 do próximo mês, ainda por cima…
Mas bola para a frente. A um Gil a quem só faltam Alipour e Kritsyuk, exige-se que volte à carga perante os seus adeptos, tendo todos os motivos para continuar a exibir o seu bom futebol; e a este Benfica, repleto de craques e boas ideias, é urgente recolher mais três pontos, que já é preciso levantar o pescoço para ver os rivais na tabela.
O árbitro nomeado é João Pinheiro.
10 DADOS RÁPIDOS
- 49 jogos entre barcelenses e lisboetas, que só deram uns com os outros a partir da década de 90: o Gil só ganhou seis e conseguiu o empate em sete, marcando 29 golos e sofrendo… 97.
- No seu reduto foram 23 jogos e apenas duas vitórias. Ou seja, o Gil sabe melhor como levar o Benfica de vencido… na Luz.
- Últimos pontos perdidos pelo Benfica no Municipal de Barcelos: o empate a um de 2013-14.
- A última derrota? Ora bem, recuemos até… 2000-01. Foi 3-0 a favor do Gil.
- Resumo dos últimos 20 jogos – 16 vitórias benfiquistas e apenas duas do Gil – aquelas duas seguidas na Luz por 1-2, em 2020-21 e 2021-22.
- À melhor classificação de sempre em 2021-22 (5.º), conseguida com Ricardo Soares, o Gil seguiu com um 13.º lugar final na temporada passada. Por isso não é descabida a contratação de Vítor Campelos, que meteu o Chaves em 7.º.
- Fujimoto tem sido o grande destaque do conjunto neste início: tem dois golos em 257 minutos jogados, assinando exibição portentosa nos 5-0 ao Portimonense.
- O Benfica tenta acertar o passo. A derrota inesperada no Bessa encosta-os à parede: em 2022-23 só se perderam 15 pontos no campeonato; Até ao jogo com o Porto, no fim de semana do primeiro de Outubro, os encarnados recebem o Vitória e viajam até Vizela e Portimão. São quatro jogos fora nas primeiras seis jornadas.
- Do actual plantel, só João Mário e Chiquinho sabem o que é marcar ao Gil.
- Cinco vitórias nas últimas cinco deslocações a Barcelos para o campeonato.
JOGADORES A TER EM CONTA
Pedro Tiba – Chegado a Barcelos há um ano depois de aventura preenchida na Polónia, Tiba atinge os 34 anos em ponto rebuçado, afirmando o estatuto que já houvera reclamado depois de grandes épocas em Setúbal e em Braga, a meio da década passada.
Farol tático para companheiros, substituiu a engrenagem que lhe permitia vasculhar cada metro de relvado pela sapiência dos grandes estrategas, que evitam movimentos desnecessários e comandam sem precisar de gritar.
Telepaticamente, é Tiba quem comanda as investidas de Fujimoto, os ziguezagues de Maxime ou Marlon ou as finalizações certeiras de Baturina.
David Neres – Já tivera impacto no Bessa, e revolucionou um jogo tenso para dar a primeira vitória ao Benfica no campeonato. Se a chegada de Di Maria o empurrou ainda mais para a condição de suplente, o recuo de Aursnes e o desânimo de João Mário nas últimas oportunidades deverão obrigar Roger Schmidt a fazer do brasileiro um titular indiscutível, pelo menos nesta fase. E aos que dizem que a equipa pode ficar desiquilibrada com tanta criatividade junta, Florentino mostrou também ser ainda, de longe, o melhor recuperador de bolas benfiquista. Entrando os dois, fica resolvido o assunto.
XI´s PROVÁVEIS
Gil Vicente FC: Andrew; Zé Carlos, Rúben Fernandes, Gabriel Pereira e Leo Buta; Gbane e Tiba; Maxime, Fujimoto e Marlon; Baturina
Treinador: Vítor Campelos
«O Benfica é sempre forte, e, seja qual for o momento da época, está sempre a lutar para ser campeão. Mesmo tendo entrado com um resultado menos bom na primeira jornada, sabemos que só um Gil Vicente no seu melhor nível é que poderá tentar conquistar os três pontos».
SL Benfica: Samuel Soares; Bah, António Silva, Otamendi e Aursnes; Florentino e Kokcu; Di Maria, Rafa e Neres; Arthur
Treinador: Roger Schmidt
«Os meus jogadores estão totalmente focados nos treinos. Mesmo em situações mais complicadas em termos pessoais, há uma entrega total. Estou feliz com a atitude dos jogadores, independentemente dos rumores».
