4.

SL Benfica 3-0 Celtic FC (3-3 agregado) – Não se trata de uma completa remontada, mas o misticismo à volta do episódio de 1969/1970 justifica a inclusão. O Celtic de Jock Stein era uma potência das ilhas britânicas e tinha ganho a TCCE três anos antes, no Jamor – a epopeia dos Lisbon Lions é a primeira saga de sucesso britânico na Europa – e apanhá-los, naqueles áureos anos e logo à segunda eliminatória era tarefa ingrata para o Benfica de Otto Glória. Ousou-se falar em final antecipada, ideia que os jogos confirmaram.
Primeiro, os encarnados afundam num Celtic Park vibrante da mais pura loucura escocesa; duas semanas passadas, a Luz engalanava-se para operar a reviravolta. O 3-0 chegou aos 90’, por intermédio de Diamantino Costa, já o nervosismo se tinha transformado em desespero nas bancadas. Prolongamento e… nada. O desempate por penalidades, que só seria introduzido no ano seguinte, não estava nos planos.
Tal como na meia-final do Euro68, na qual a Itália se safou de um 0-0 titânico frente à União Soviética, a arbitrariedade de uma moeda jogada ao ar iria determinar o desfecho de tão aguerrido confronto. Jock Stein e Billy McNeill de um lado, Coluna e Francisco Calado, adjunto do técnico benfiquista que não quis observar a tragédia in loco, transformaram o confronto futebolístico em jogo de casino. Cara ou Coroa? Billy disse a primeira e a sorte fez-lhe a vontade.