Benfica: De «ganhar a Champions» a rezar contra o 14.º da Ligue 1

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    Há um ano, o Benfica sonhava em ganhar a Liga dos Campeões. As águias de Roger Schmidt voavam pela Europa com um ótimo futebol, que entusiasmava fiéis e inclusive novos adeptos. O chamado conto de fadas e era a vez do Benfica. O que era normalmente uma utopia (chegar à final) já não era assim tão descabida, fruto também do emparelhamento mais acessível. Hoje em dia, o Benfica desespera por vencer contra o Toulouse – 14.º lugar da Ligue 1 – na Liga Europa. A vida dá, de facto, voltas.

    No Estádio da Luz, o Benfica tinha mais que obrigação de vencer o Toulouse de forma tranquila, atendendo às diferenças de planteis e ao fator casa. No entanto, o que devia ter sido uma serena passagem, foi na realidade uma tempestade. E somente no último instante, o Benfica agarrou-se a uma réstia de Luz e venceu com bis de Ángel Di María (duas grandes penalidades).

    Mesmo com melhor plantel, a turma de Roger Schmidt passou de um gegenpressing assertivo e boas jogadas coletivas a ser salvo esta época por individualidades. Neste jogo, o 5-4-1 do Toulouse (sem bola) desafiou o Benfica a vários níveis, dificultando a progressão por zonas centrais e os espaços curtos. Faltou também criatividade e soluções, não logrando construir muitas grandes oportunidades de perigo tendo em conta as expetativas para esta partida.

    Existem problemas (como, por norma, em todos os clubes), mas Roger Schmidt prefere atirar areia para os olhos dos adeptos, deixar fortes elogios depois de fracas exibições e ignorar adversidades. Basta ver o seu discurso nesta última noite. Devia haver reconhecimento e mais transparência: admitir quando se joga mal e celebrar quando se joga bem. A sua ideia deve passar por focar sempre nas coisas boas e não alimentar negatividade, mas é a verdade e há que assumir para trabalhar e melhorar.  

    Falemos também a nível individual. Após quase três meses de lesão, Alexander Bah está de volta e é a melhor opção para a lateral-direita. Porém, Roger Schmidt preferiu utilizar o polivalente Fredrik Aursnes, que não cobriu tão bem essa zona – logo a que o Toulouse decidiu insistir mais. O caso mais flagrante é ter David Neres disponível e continuar a utilizar João Mário descaído na esquerda. Nesta temporada, o português jogou praticamente sempre a titular e parece ser intocável, mesmo que por vezes não tenha boas exibições. Com David Neres no ativo, porque não utilizar o brasileiro?

    Atenção, nem tudo é mau no Benfica. Orkun Kokçu fez uma excelente partida, João Neves é sinónimo de consistência e Ángel Di María voltou a ser decisivo em momentos chave. O Benfica é capaz de ter o melhor plantel da última década a nível de profundidade e Roger Schmidt já mostrou muita qualidade e bom futebol. E depois há o seguinte: Álvaro Carreras encontra-se em fase de adaptação; Bah, Neres e Tengstedt regressam ao ativo; Marcos Leonardo e Rollheiser passaram um período considerável parados; Prestianni e Bernat estão lesionados. Pode mesmo ser questão de tempo até o Benfica voltar a mostrar a sua melhor cara. Jogadores de qualidade é algo que não falta.

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    Diogo Lagos Reis
    Diogo Lagos Reishttp://www.bolanarede.pt
    Desde pequeno que o desporto lhe corre nas veias. Foi jogador de futsal, futebol e mais tarde tornou-se um dos poucos atletas de Futebol Freestyle, alcançando oficialmente o Top 8 de Portugal. Depois de ter estudado na Universidade Católica e tirado mestrado em Barcelona, o Diogo está a seguir uma carreira na área do jornalismo desportivo, sendo o futebol a sua verdadeira paixão.