Há uma semana, a equipa de voleibol masculina do Sport Lisboa e Benfica conquistou o 11.º campeonato da sua história e o seu primeiro Tetracampeonato da sua história. No entanto, esta época também deixou alguns sinais de que existem aspectos que necessitam de ser retificados para o voleibol encarnado ser capaz de dar continuidade ao seu domínio.
Para se ter uma pequena ideia, nesta época, o Benfica teve tantas derrotas nas competições internas como nas quatro épocas anteriores juntas com Marcel Matz ao leme: seis. Isto significa que o domínio do voleibol do Benfica não é tão absoluto como foi nos primeiros 2/3 anos de Marcel Matz na equipa.
A fase inicial da temporada do Benfica ficou marcada não só pela derrota na Supertaça, mas também por uns desaires inesperados no campeonato, como por exemplo, uma derrota por 3-1 no reduto do Esmoriz GC. Na segunda fase do campeonato, seria a equipa da Fonte Bastardo a sofrer desaires inesperados contra o Vitória de Guimarães e o Leixões SC.
Estes desaires viriam a ser fundamentais para o Benfica assegurar o primeiro lugar na fase regular e consequentemente, o factor casa no play-off. Play-off esse, que viria a assumir uma importância vital, visto que a equipa do Fonte Bastardo venceu todos os jogos em casa nesta época.
A meu ver, os sinais que existem de que há coisas a retificar na equipa, prendem-se com a política de contratações que o clube tem adoptado nos últimos dois anos. Há muitos que os adeptos que acompanhavam a modalidade falavam que a equipa estava envelhecida e necessitava de ser renovada.
Esse processo de renovação foi iniciado há dois anos, quando o Benfica contratou os jovens Pablo Natan, Bernardo Westermann, Lucas França e Aaro Nikula. Na época seguinte, foi contratado o central Thales Falcão e saíram Marc Honoré e Zelão. A estes, já se juntou o zona 4 André Lopes, que já anunciou o final da sua carreira.
Mas a verdade é que, apesar da equipa continuar a dominar a nível interno, o processo de renovação em si tem tido poucos efeitos práticos, visto que os jogadores contratados não têm feito subir o nível da equipa.
O zona 4 Pablo Natan é aquele que demonstra maior potencial, mas a sua recepção precisa de ser muito afinada para poder tornar-se numa mais-valia no Benfica. Lucas França não tem sido mais do que um jogador de rotação. Bernardo Westermann tem um bom serviço, mas em tudo o resto, é muito inferior a Tiago Violas.
Aaro Nikula fez alguns bons jogos, mas no geral, não mostrou o potencial que tinha nem mostrou estar a altura das exigências de uma equipa como o Benfica. Já Thales Falcão integrou a equipa titular no decorrer da temporada e foi um jogador importante na final do play-off. Ainda não está ao nível que pode atingir, mas sendo o voleibol uma modalidade onde os jogadores têm maior longevidade e atingem o seu pico de forma mais tarde, a sua idade ainda lhe permitirá evoluir.
A imprensa já apontou rumores das saídas de Bernardo Westermann, Aaro Nikula e Thales Falcão. As saídas dos dois primeiros, na minha opinião, são necessárias para elevar o nível do plantel. Mas depois, é preciso saber o que fazer com outros jogadores.
Com a retirada de André Lopes, o Benfica terá de contratar um jogador para a posição de zona 4 que seja muito bom no serviço e na recepção, aspectos onde o ex-internacional português era mais forte. Para além disso Rapha e Hugo Gaspar também irão pendurar as botas brevemente e as suas saídas precisam de ser precavidas.
Na minha opinião, o Benfica tem condições para dar continuidade ao seu domínio, mas necessita de reinventar a sua política desportiva, de modo a não só recuperar a supremacia que teve há uns aninhos atrás, mas também de modo a tornar-se mais competitivo na Champions.