Um brasileiro e um marroquino entram no meio-campo

    O meio-campo. A “sala de máquinas” de uma equipa, o setor onde se ganham e perdem os jogos. O meio-campo desempenhou um papel fundamental na grande recuperação operada pela equipa de Bruno Lage. A dupla Samaris-Gabriel ajudou a dar uma solidez defensiva da qual o SL Benfica não dispunha antes desta parceria. O carácter físico de ambos os jogadores deu mais músculo ao setor intermédio das águias e permitiu mais liberdade aos criativos à sua frente.

    No final da época, Gabriel lesionou-se, dando lugar no onze a Florentino. Esta dupla Florentino-Samaris foi, visivelmente, inferior tecnicamente e no momento de construção, mas uma equipa embalada e em grande forma permitiu disfarçar as fraquezas do setor.

    No início da nova época, a corrida aos lugares do meio-campo estava aberta. Os jogadores que agarraram a posição foram Florentino e Gabriel. Parecia que era nesta dupla que Bruno Lage depositava mais esperanças. Contudo, logo no primeiro jogo oficial, Gabriel lesionou-se com alguma gravidade e terminou logo ali a parceria predileta do treinador do Benfica.

    Nos jogos seguintes, seria Samaris a ocupar o lugar do médio brasileiro. Repetia-se a mesma dupla do final da época transata. As debilidades desta parceria continuaram a existir (agora ainda mais evidentes devido ao menor apoio do setor ofensivo) e foram expostas de forma evidente sobretudo frente ao FC Porto, naquele que foi um desastroso jogo destes dois atletas. Face à forte pressão dos azuis e brancos, o meio-campo encarnado sentia muitíssimas dificuldades para fazer chegar o esférico ao último terço. Florentino tem ainda grandes debilidades do ponto de vista da construção e Samaris aparecia, ainda, muito longe da forma da época passada.

    A baixa forma de Samaris tem sido um dos temas da época no universo benfiquista
    Fonte: Bola na Rede

    Depois do desaire frente ao rival do Norte, Bruno Lage apostou na entrada de Taarabt no meio-campo, mantendo Florentino no onze. O marroquino trouxe mais criatividade ao meio-campo encarnado e capacidade de construção, tendo feito excelentes exibições nos jogos que se seguiram. No entanto, Florentino lesionou-se muito pouco tempo depois, o que levou à entrada de Fejsa na equipa.

    No início da temporada, Fejsa parecia estar fora das opções do treinador encarnado, mas agora o camisola 5 via-se numa posição de titular. Porém, as evidentes dificuldades de construção e a execução sobre uma forte pressão ofensiva eram evidentes no médio sérvio, tendo estas falhas prejudicado o SL Benfica, que sofreu um grande decréscimo exibicional.

    Nas partidas subsequentes, o Benfica foi oscilando a dupla de meio campo, tendo tido, igualmente, desempenhos e exibições oscilantes. No jogo frente aos alemães do RB Leipzig, Bruno Lage apostou em Taarabt e Gabriel, uma dupla até à data pouco testada. Apesar do resultado negativo, as águias realizaram uma boa exibição, muito graças ao rendimento desta nova dupla.

    A criatividade de Taarabt é perfeitamente balanceada com o poder físico e capacidade de passe longo de Gabriel: um meio campo reativo (Taarabt melhorou imenso no capítulo da transição defensiva), mas igualmente criativo, com capacidade para construir a partir de trás ou esticar o jogo na frente.

    Muito do sucesso desta dupla deve-se à recuperação de Chiquinho e à maior ocupação de espaços interiores por parte de Pizzi. Chiquinho vem acrescentar à equipa o tão desejado elemento de ligação entre o setor intermédio e o setor ofensivo.  Em momento de construção, o jovem português junta-se ao meio-campo encarnado, formando, sensivelmente, um 4-3-3, dando sempre uma linha de passe interior. Por vezes, baixa ainda mais no terreno, permitindo ou a subida de Taarabt para terrenos mais adiantados ou as derivações de Pizzi para o meio, onde as suas qualidades brilham com mais intensidade.

    Pizzi, que está num grande momento de forma, alinha como um falso extremo. O camisola 21’ procura muito o espaço interior, deixando a busca da profundidade para o lateral. Esta interligação e trocas posicionais, no meio campo, permitem ao Benfica ter um jogo muito mais dinâmico e criativo, mas mantendo sempre uma consistência defensiva notável.

    Samaris tem-se apresentado a um nível muito mais baixo daquele a que nos habituou a época passada. O médio grego atravessa um momento complicado. Florentino começou lentamente a desaparecer das opções de Bruno Lage. O camisola 61 das águias traz qualidades defensivas à equipa que mais ninguém pode trazer, mas a sua capacidade ofensiva ainda precisa de ser muito melhorada.

    Florentino tem vindo a desaparecer das opções de Bruno Lage
    Fonte: Bola na Rede

    Os momentos menos bons destes jogadores permitiram que Taarabt e Gabriel agarrassem os lugares. Todavia, este sucesso deve-se muito às novas dinâmicas que Bruno Lage implementou na equipa e à cresceste confiança que o plantel vai adquirindo.

    A equipa vai embalando e os resultados vão acompanhando a qualidade das exibições. Teremos de esperar por maiores desafios para ver como este novo meio-campo “a 4” do SL Benfica se comporta.

    Foto de capa: SL Benfica

    Artigo revisto por Joana Mendes

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    Gonçalo Batista
    Gonçalo Batistahttp://www.bolanarede.pt
    O Gonçalo é atualmente aluno da Escola Superior de Comunicação Social, onde persegue o seu sonho de ser jornalista. Descobriu a emoção do desporto quando assistiu, juntamente com o seu pai, ao clássico entre o Glasgow Rangers e o Celtic. A partir desse momento o desporto tornou-se uma parte fundamental da sua vida. Apaixonado pela prática desportiva, segue o futebol em geral e a NBA religiosamente. Tem dois clubes de coração o Benfica, e o Clube Atlético de Queluz clube da terra, no qual é atleta desde os 6 anos.                                                                                                                                                 O Gonçalo escreve ao abrigo do novo Acordo Ortográfico.