Tem-se especulado e rumorado que o SL Benfica pode (tentar) avançar para a contratação de Carlos Júnior, brasileiro de 25 anos que pontifica no ataque do CD Santa Clara. Segundo consta, o nome de Beto há sido rasurado da lista encarnada e o do avançado dos açorianos adquiriu maior relevo por consequência.
A ser verdade, há dois pontos de maior saliência que se fazem notar: as águias vão estar atentas ao mercado nacional acima de qualquer outro e Jorge Jesus procura um homem da frente que seja potente e portentoso, visando fazer chegar ao seu plantel quem incuta agressividade à frente de ataque.
Carlos Júnior seguirá para a Luz?
Olhando por esse prisma, a possível contratação de Carlos Júnior pode fazer sentido. Apesar de não apresentar uma fisionomia “por aí além” – 1,72m e 69Kg -, o mineiro é muito potente quando parte em velocidade (não necessariamente veloz, mas potente) e não se acanha nos duelos com os centrais adversários – duas características em falta no atual lote de avançados do SL Benfica.
À força e pujança de que é dotado, Carlos Júnior alia um jogo de cabeça um pouco mais agradável do que os de Darwin e Seferovic (os mais utilizados por JJ) e, não sendo um prodígio, cumpre os mínimos técnicos no que respeita aos movimentos e ações que devem fazer parte da miríade de recursos de um ponta-de-lança: sabe onde estar, sabe como lá chegar quando não está lá e sabe o que fazer com a bola quando com ela se encontra.
Acima de tudo, sabe como colocar a bola na baliza (que será sempre a missão primordial de um avançado, ainda que Carlos Júnior não seja o mais clássico ponta-de-lança). Na época há pouco findada, o brasileiro apontou 15 tentos: um em Aveiro, frente ao SC Beira-Mar, e 14 para a Primeira Liga. Este número fez dele o quinto melhor marcador do campeonato (à frente de Beto e Rodrigo Pinho, por exemplo), a um de Mario González e a dois de Taremi.
A segunda volta, em particular, foi pródiga em golos para o “13” do CD Santa Clara, que fez 13 dos 15 golos da sua temporada no ano civil de 2021 e que marcou cinco golos nos últimos cinco encontros da época (incluindo o seu único bis de 20/21, ante o B-SAD). Está, pois, mergulhado num estado de graça que poderá escamotear as eventuais deficiências do seu jogo e, acima de tudo, a sua inexperiência a alto nível.
O brasileiro de 25 anos já leva 82 jogos em Portugal (sete pelo Rio Ave FC, 75 pelo CD Santa Clara), mas não conhece a realidade de um clube que (em teoria) luta por todas as competições nacionais. Ainda assim, os 25 golos que já tem sob o seu nome em terras lusas (média de golos de 0,31) fazem da sua compra uma aquisição de baixo risco, se pelos valores especulados (três a quatro milhões de euros).
No entanto, parece-me uma contratação de baixo retorno também. Carlos Júnior não deverá ser mais do que um suplente fiável para competições nacionais no SL Benfica, caso ingresse no plantel do clube da Luz (e, claro, caso o clube da Luz arrepie caminho e construa um plantel à medida dos seus pergaminhos).
Caberá, então, aos responsáveis sem responsabilidade do clube decidir se faz ou não sentido avançar para a compra de um avançado suplente, sendo muitas as lacunas a suprir no atual plantel (conhecendo a estrutura encarnada, haverá sempre quem veja sentido neste negócio, mesmo que por si possa não fazer sentido algum).