Carta Aberta a Jonas

    Caríssimos Jonas,

    Quando sugeri escrever esta carta aberta a uma figura tão importante do Benfica, nem sabia se ia detalhar o que tu mesmo já fizeste acontecer nos relvados de Portugal ou se, pelo contrário, ia escrever aquilo que queria que fizesses daqui para a frente. No meio disto fica a certeza que o que já fizeste é aquilo que quero que continues a fazer: magia perante as balizas adversárias.

    Chegaste ao Benfica a custo 0, um custo 0 que nada era aquilo que tu valias no mercado. Vinhas numa altura em que o Benfica tinha acabado de ficar sem uma das caras mais importantes do ataque encarnado dos últimos anos: Lima. E vieste tímido, com essa tua voz fininha, com números importantes, mas que em nada antevia aquilo que ias fazer daquele dia para a frente. A tua história por cá é bem conhecida, recheada de golos, de assistências, de criação de lances de ataque, de “partir rins” a adversários, de, como o meu avô diz: “momentos em que carregas o Benfica às costas”. Diria até, em estilo de brincadeira, que não foste tu que assinaste pelo Benfica, mas sim o Benfica assinou por ti. Vinhas de um clube que tinha uma dimensão à nossa e que te empurrou para fora pois queria realizar uma renovação de plantel com caras novas e promessas.

    Jonas é, a par de Oscar Cardozo, o melhor ponta-de-lança do Benfica dos últimos anos
    Fonte: SL Benfica

    Tu estavas a entrar numa fase mais final da carreira. Cá recebemos-te e fizemos de ti um apoio fundamental ao finalizar que fosse ele quem fosse. Funcionavas como um falso 9, um 10 e meio, um segundo avançado, chamem o que quiserem. Aos poucos percebemos a dependência que tínhamos de ti dentro de campo. Há um Benfica com Jonas e um Benfica sem Jonas. Na temporada passada entramos em “pânico” quando o Rui Vitória decidiu jogar em 4-3-3 e deixar-te sozinho na frente de ataque. Não sabíamos se ias lidar bem com tanto espaço disponível para andar, não sabíamos se a tua vertente de segundo avançado funcionaria sem um avançado principal. Porra. Mais uma vez surpreendias. Surpreendias com recordes, com golos a trás de golos, com um Jonas finalizar e que, mais do que nunca, carregava o Benfica às costas.

    Olha, esta temporada exijo mais do mesmo. Pouco ou nada me interessa a tua idade. És como o vinho do Porto. Interessa-me ver-te em campo seja em 4-3-3 ou 4-4-2. Interessa-me que voltes a ser o melhor marcador do campeonato. Que procures bater os teus próprios recordes. Que seja o camisola 10 que qualquer clube gostava de ter. Quero ver mais Jonas que vi até hoje. Quero que aproveites a frescura do início de temporada para disparares no número de golos na Liga. E se puder continuar a exigir-te mais: Vê se marcas mais do que 0 golos nos clássicos e derbies com os eternos rivais. Nesses jogos, talvez pela pressão que há sobre ti, acabas por ser um fantasma daquilo que és no último terço do terreno.

    És capaz de ajudar muito no processo de criação de lances de ataque, mas no momento em que precisamos de um remate certeiro teu, não há. Aproveita bem esta época e desfruta dos relvados nacionais. Nunca é demais olhares para os nossos adeptos e veres aquilo que somos. Não sabemos se esta é a tua última época na Luz portanto desfruta da melhor forma. E eu prometo que cá estarei, no final da época, para escrever-te a carta aberta daquela que vai ser uma época de sonho para qualquer adepto e jogador do Benfica.

    Foto de Capa: SL Benfica

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    João Neves
    João Neveshttp://www.bolanarede.pt
    O João é benfiquista desde que se lembra. Nascido e criado em Aveiro, com uma experiência de cinco anos de vida em Moçambique, vive em Lisboa desde Agosto de 2015. A acompanhar os jogos do Benfica desde sempre e sem falhar a presença no Estádio da Luz pelo menos uma vez por ano, desde sempre que escreve textos pessoais acerca do Benfica e sobre o futebol em geral. Com coragem para defender e criticar o clube da Luz sempre que for preciso, tem mais interesse pela arte do futebol praticado do que pelas polémicas ou aspectos que mancham o desporto rei.                                                                                                                                                 O João escreve ao abrigo do novo Acordo Ortográfico.