Caros não-adeptos,
Um misto de tristeza e revolta estão de mãos dadas neste artigo! Um sentimento de repúdio assenta nestas palavras, escritas por um adepto de futebol que realmente ama o futebol.
Ganhar, empatar ou perder fazem parte deste desporto pelo qual muitos de nós somos apaixonados e não me ocorre uma única situação em que agredir os jogadores e/ou equipas técnicas seja de alguma forma aceitável. Até porque nunca o pode ser.
Posso garantir-vos que ninguém, seja qual for o trabalho que tenha de desempenhar, trabalha melhor com pedras a serem arremessadas, antes pelo contrário.
Sim, o Sport Lisboa e Benfica vive uma crise de resultados, mas não há crise alguma que justifique tais atos hediondos, como arremessar pedras ao autocarro do clube encarnado, clube esse do qual “dizem ser adeptos”.
Vidros partidos e jogadores maltratados, e digam-me, caros não-adeptos, em que é que isso ajudou a “vossa” equipa? Em literalmente nada! Sujam o nome do Sport Lisboa e Benfica, sujam o nome da liga portuguesa, sujam o nome dos adeptos com os vossos atos de covardia, até porque isto não se trata nada mais, nada menos, que um ato de covardia e ignorância.
Não descarreguem as vossas frustrações no futebol, porque há quem realmente queira um futebol sem violência, sem injustiças, há quem queira um futebol limpo de pessoas que de bom não trazem nada. Desde pequeno que me ensinaram que ganhar ou perder é desporto, e claro que ninguém gosta de perder, mas até que ponto estão dispostos a ir com atos de vandalismo, com atos violência, com atitudes de arruaceiros?
Se a Primeira Liga portuguesa já está distanciada da elite das ligas europeias, os atos violentos de que a nossa liga é palco, seja qual for o clube, colocam-nos cada vez mais próximos de outros campeonatos de segunda categoria. E este não deveria ser o caminho a seguir.
Fomos, como adeptos do futebol português, notícia um pouco por todo o mundo, e isso envergonha-me. Começamos a ser conhecidos por ataques a academias, por apedrejamentos a autocarros, ataques de vandalismo e petardos. É tempo de repensar em certas atitudes. É tempo de fazer uma introspeção e ver onde podemos melhorar. É tempo de trazer dignidade ao nosso campeonato.
As capas dos jornais deveriam falar dos jogos e não do que se passa fora das quatro linhas. Os noticiários deveriam mostrar os melhores momentos dos jogos e não imagens de violência gratuita. Deveríamos caminhar para a grandeza, mas caminhamos a passos largos para o desprestígio.
Mudemos a nossa forma de pensar, mudemos por um futuro melhor, até porque seguimos ao encontro da segunda ou terceira divisão europeia, onde os campeonatos são conhecidos pela violência nas bancadas e fora dos estádios. Campeonatos em que as equipas são conhecidas pelos não-adeptos. É isso que queremos?
Sirvam-se deste desabafo e repensem nas vossas atitudes, porque esta carta é só para vocês, não-adeptos. E mais uma coisa: o problema não está no vermelho, no azul, no verde, no amarelo ou no rosa; está na mentalidade, e nisso ainda há muito para mudar em Portugal. Infelizmente, há e haverá sempre maus adeptos, mas tentemos progredir e aprender com os erros. Até porque o “nosso” futuro depende disto mesmo.
Artigo revisto por Joana Mendes