“Desterrando la belleza que nace de la alegría de jugar porque sí”

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    Não venho discutir a vitória do Sporting no sábado. Os nossos vizinhos da 2.ª circular ganharam merecidamente; aliás, foram os únicos que quiseram ganhar. O jogo teve uma arbitragem má: penáltis por assinalar, critério de amostragem de cartões pouco ou nada coerente, enfim, toda uma panóplia de decisões que passou ao lado de Jorge Sousa e dos seus assistentes. Apesar disso, isto não serve de desculpa para Rui Vitória, nem para ninguém.

    Não serve de nada, mas relembra uma coisa que há muito não se vê no campeonato português: um sumaríssimo. Quando o Benfica ganhava por uma bola a zero, à entrada da área, Slimana agrediu Samaris. Uma acção que passou despercebida aos árbitros e à maioria dos espectadores, que só depois, nas redes sociais, puderam ver o lance. O lance é descabido, é uma agressão sem nexo, sem intenção de jogar a bola. Slimani é um bom ponta-de-lança, mas, eticamente, não merece o respeito do mundo do futebol. Sim, sei que já estão a listar todas as acções que aconteceram do lado do Benfica nos últimos anos, mas tenham calma. Eu não disse que este caso era único; esta é apenas a amostra mais recente para uma série de casos que acontecem em (quase) todas as jornadas da Primeira Liga aos Regionais. E isto só me faz perguntar: isto passa impune?

    A necessidade de aplicar tecnologias ao futebol para ajudar os árbitros nunca foi tão urgente. O rugby tem-se mostrado como o melhor exemplo. Neste caso é escandaloso se Slimani passar impune. O mais provável? O mais provável é passar. A primeira liga portuguesa deixa passar imensos casos que deveriam ser alvo de análise posterior por uma espécie de tribunal de arbitragem. Não digo cada caso singular, cada falta que não foi assinalada; não sou assim tão meticuloso. Mas há uma grande necessidade de castigar quem viola de forma grave a conduta de jogo. Para mim, Slimani tem de ser alvo de suspensão. Sê-lo-ia na Premier League: os imensos casos de Diego Costa justificam esta analogia. Para mim também seria de castigar, fortemente, todos os que simulam penáltis. É um acto de desrespeito para com o árbitro, a alegria dos adeptos e a equipa adversária; e se no futebol se perde o respeito perde-se tudo.

    Até fica mal a um génio essas ideias de simulações, mortal Fonte: Facebook do Sport Lisboa e Benfica
    Até fica mal a um génio essas ideias de simulações, mortal
    Fonte: Facebook do Sport Lisboa e Benfica

    É obrigatório e necessário castigar casos que levem o futebol para um espectáculo de saltos acrobáticos dentro da grande área e de socos ao acaso. A alegria de jogar só porque sim, de desfrutar do relvado, de dar sempre a mão ao jogador que caiu… Isso há muito que desapareceu. O jogo tornou-se num mercado, num importante pedaço da economia. Digo-o e reforço-o citando o grande ex-jornalista Eduardo Galeano: “A medida que el deporte se ha hecho industria, ha ido desterrando la belleza que nace de la alegría de jugar porque sí. En este mundo del fin de siglo, el fútbol profesional condena lo que es inútil, y es inútil lo que no es rentable.”.

    Concordo com Galeano. Gostava de ter nascido uns anos antes e ter assistido a esta pureza do desporto e não a esta arte de enganar e de agredir na sombra. Espero que haja um sumaríssimo a Slimani. Espero que as simulações comecem a ser severamente castigadas, e isso começa também no balneário. Quero justiça no futebol independentemente do clube, independentemente do dono do clube. Eu sei, é utópico, e não, não acredito que lá chegaremos, mas continuarei a clamar por isso, porque se o povo não clamar por justiça clamará por quê?

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    Tomás Gomes
    Tomás Gomes
    O Tomás é sócio do Benfica desde os dois meses. Amante do desporto rei, o seu passatempo favorito é passar os domingos a beber imperial e a comer tremoços com o rabo enterrado no sofá enquanto vê Premier League.                                                                                                                                                 O Tomás escreve ao abrigo do novo Acordo Ortográfico.