A eficácia no futebol é sempre vista como uma coisa positiva por parte dos vencedores, que gostam de ver que a sua equipa sabe o que fazer quando vai lá à frente, e uma coisa negativa por parte dos derrotados, que ficam com um sentimento de injustiça. Para os adeptos do Benfica, clube vencedor do duelo da noite frente ao Vitória sadino, a eficácia que o Benfica teve no jogo não pode ser vista como uma coisa positiva.
Os números não enganam. Zero remates na primeira parte mostram como foi o jogo do Benfica. Pobre, sem ideias, sem construção de jogo, e com o Jesus a continuar num 4-4-2 com Enzo nas alas. Assim se jogou no Bonfim frente a um Vitória que tinha a lição bem estudada. A conseguir fechar bem o caminho para a baliza de Kieszek, os sadinos foram, ao contrário do Benfica, uma equipa sempre com determinação e vontade, com mais garra, aproveitando-se dos seus contra-ataques. Ainda assim, sem o efeito desejado, visto que o estreante Oblak não fez nenhuma defesa.
O empate ao intervalo era um resumo fiel do que tinha sido a primeira parte. Duas equipas encaixadas uma na outra e a gritante falta de ideias ofensivas por parte do Benfica.
Na segunda parte, JJ fez alterações que foram determinantes para o resultado do jogo. Mas não se enganem: apesar de Sulejmani ter entrado e de Enzo Perez ter ido para o centro (quem é que disse ao Jesus que o Enzo devia jogar nas alas?), o jogo do Benfica apenas por breves momentos pareceu ser outro, para melhor, para depois voltar a ser o monótono e sonolento jogo da primeira parte. As duas alterações fizeram bem ao Benfica, que começou a dar um ar da sua graça. Gaitan fez o primeiro remate aos 51 minutos (!!!) e, logo a seguir, assistiu Rodrigo para o primeiro golo da noite. Mais eficaz não podia ser. O Vitória também mostrou os seus argumentos, mas um penalty, na minha opinião bem assinalado a favor dos homens de Jesus, matou o jogo. Depois do golo de Lima, os da casa entregaram o jogo ao Benfica, que voltou à fraca exibição da primeira parte, com os jogadores já a pensarem no borrego e no bacalhau da noite de Natal.
No final, uma vitória por 2-0, onde o que se aproveita é mesmo o resultado. Nenhuma equipa fez por ganhar o jogo. O Benfica soube ser eficaz, mas a falta de capacidade ofensiva e de construção de jogo é alarmante. O que peço para o Natal é um Benfica diferente. Será pedir muito?
Quanto a Oblak, um dos pontos de interesse deste jogo pela sua estreia, não teve uma noite muito difícil; cumpriu quando foi preciso, sendo que necessita de mais jogos para ser avaliado. Contudo, espero que a aposta continue.
Vieira, na mensagem de Natal aos benfiquistas, pediu para apoiarmos os jogadores e fazer com que eles sintam a responsabilidade de vestir o manto sagrado. Nós vamos cá estar, críticos quando necessário, mas a apoiar sempre. E é isso que tem faltado aos jogadores: o amor ao símbolo.