Parece existir uma certa tendência para que todas as boas sequências tenham quebras. Dá a ideia que estas falhas aparecem como uma necessidade de recuperar algum suspense previamente perdido e manter o público com um batimento cardíaco acima do esperado e agarrados à cadeira. Contudo, a questão que se coloca é, será que esta quebra/tensão gerada pelo Benfica de Rui Vitória é propositada ou simplesmente acontece?
Soa, de uma maneira quase tola, mal dizer que tudo isto é de propósito. Afinal de contas é difícil de acreditar que a equipa retire alguma espécie de prazer em fazer os adeptos sofrer sem grande necessidade. O problema é que já no ano passado foi a mesma coisa, embora noutro registo.
Por esta altura em 2016, o Benfica era segundo classificado e estava a poucas semanas de jogar em Alvalade, jogo que, como se sabe, viria a mudar o rumo do campeonato e levar o Benfica ao tricampeonato. Nessa altura o sofrimento da aficíon encarnada era justificado pela perseguição ao primeiro lugar, mas desta vez é só maldade.
A que é que deve esta quebra de rendimento disfarçada de sorte? Estarão os jogadores cansados? Bem, em matéria de cansaço acho que podemos todos concordar que Pizzi precisa que o Benfica lhe ofereça uma semana num spa com direito a massagens. O homem tem sido titular constantemente e a julgar pelos resultados e o grau de exigência, não me parece que tão cedo tenha direito a descanso. Fejsa nunca mais foi o mesmo desde da lesão. Não sei, parece que voltou em corpo, mas não em espírito. Alguém contacte o prof. Karamba para ver se isto muda. E o resto da equipa? Bem, o resto da equipa faz lembrar o Mantorras no fim da carreira. (Sem ofensa. Muito respeito pelo shôr Pedro).
O Lindelof fez um bom jogo desde que o ano começou UM! Foi contra o Dortmund em casa e foi o que nos safou lá atrás. O Luisão tem aguentado o barco, mas os adeptos já gemem pelo Jardel. O Eliseu…(olha para baixo e respira fundo) Bom, o Eliseu faz o que pode e o que não pode, literalmente. O Nélson é o menino de ouro. Joga quase sempre bem e raramente compromete. Já falei mal e bem do Salvio, nesta altura não sei mais o que diga. O Carrillo lá vai surpreendendo e o pobre do Mitroglou, que vai safando o Benfica, nunca sabe com quem joga, se com o Rafa, que nem para salvar uma criança de se afogar marca, se com o Jonas, que ao contrário de muita gente que está entre relações, está entre lesões, ou o Jiménez que ainda deve estar de ressaca.
A verdade é esta. O Benfica teve uma quebra acentuada, não por razões táticas, não que Vitória seja um Conte ou um Sampaoli, mas por cansaço. A equipa aguenta bem os primeiros 20/25 minutos e depois não dá mais. Vai abaixo.
Os primeiros sintomas surgiram na meia-final da Taça da Liga. A equipa arrancou bem, marcou cedo, mas depois foi desceu de rendimento. Fez uma segunda parte miserável e viu o Moreirense dar-lhe uma lição de bola e humildade. O problema continuou nos jogos seguintes, como em Setúbal, mas o pior, o pior foi em casa onde não se aguentaram das canetas contra os alemães e foi mais uma vez a sorte a guiar o destino do Benfica.
Rui Vitória tem de arranjar um esquema, uma fórmula, um método para dar a volta a esta situação. Fisicamente tem de conseguir gerir, de forma mais astuta, os jogadores que tem à disposição ajudando a privilegiar o aspeto anímico dos atletas e poupando os adeptos de ataques de dúvida e de coração.
Foto de capa: SL Benfica