Este nome pode ainda parecer desconhecido para a maioria dos Benfiquistas, principalmente se não estiverem tão atentos à Formação, mas o que é facto é que Tomás Tavares tem crescido à velocidade da luz e perspectiva-se como sendo mais um talento a ser lançado no futuro, desta feita vindo da geração de 2001.
Tomás tem feito o seu percurso na Formação desde sempre ligado ao SL Benfica. É lateral-direito, mas a sua polivalência faz com que seja igualmente competente a lateral-esquerdo, defesa-central e, inclusivé, a médio. Pessoalmente, comecei a acompanhá-lo no escalão de Iniciados e já o vi percorrer todas as posições na defesa e também a jogar no meio-campo. E isto é impressionante, principalmente devido ao facto de não ser muito comum vermos jovens nos escalões de Formação com tamanho conhecimento de simultâneas posições e funções dentro do terreno de jogo.
Tomás mede 1,87m e, tendo em conta a sua tenra idade (17 anos), talvez exista ainda mais espaço para crescimento. Não estou com isto a dar primazia ao seu físico, até porque as qualidades deste jovem vão muito para além dos seus atributos físicos; o que é facto é que, neste momento, esta é uma vantagem que tem relativamente aos seus adversários. Embora não sendo um cabeceador exímio, Tomás faz uso da sua estatura para ganhar muitos lances aéreos e é também uma das armas a utilizar nos lances de bola parada, encontrando-se frequentemente no leque de jogadores escolhidos para atacar a baliza nessas situações. Ainda que larga, a sua passada fá-lo ser dono de uma velocidade bastante razoável, tanto no sprint, como na aceleração.
Destro por natureza, Tomás tem uma capacidade de passe bastante boa, tanto a curta como a longa distância. Frequentemente, vemo-lo a fazer variações de jogo com bastante precisão. Outras características também bastante interessantes são o seu drible e primeiro toque. Por norma, associamos os jogadores com maior estatura física a jogadores com pouca qualidade técnica, mas isso não acontece, de todo, com Tomás Tavares, uma vez que apresenta técnica suficiente para tirar adversários do caminho com relativa facilidade.
Finalmente, a qualidade que mais me entusiasma neste jovem é a sua capacidade mental e o que acrescenta ao jogo em termos de visão e inteligência no posicionamento, principalmente no momento ofensivo. Tomás é um lateral de propensão bastante ofensiva, mas não é do tipo de laterais que se preocupa somente em dar largura, à procura de sobreposições exteriores para ir à linha de fundo e centrar; o movimento mais característico de Tomás Tavares é precisamente a sobreposição interior, pisando muitas vezes os terrenos mais centrais e procurando desequilibrar desde aí, através de combinações rápidas e tabelas com os companheiros de equipa, decidindo sempre com qualidade e critério. E isto é fantástico, tendo em conta a sua idade! São muito raros os laterais com inteligência e capacidade para pisar o corredor central mais frequentemente do que o lateral.
Tomás Tavares tem tido uma evolução tremenda, trabalhando sob as ordens de Renato Paiva, primeiro nos Juvenis e, agora, nos Juniores. É mais um jovem jogador que, beneficiando de um modelo de jogo bem pensado e trabalhado, consegue ver potenciadas todas as suas qualidades, maximizando o seu nível exibicional e dando um maior contributo à equipa. Neste momento, tem visto a sua utilização ser repartida entre os Juniores e a Equipa de Sub-23, mas Tomás esteve já sentado no banco de suplentes da Equipa B de Bruno Lage no jogo da II Liga contra o SC Covilhã e chegou, inclusivamente, a ser chamado por Rui Vitória para treinar com o plantel principal. Basta vermos um jogo deste jovem para perceber que estamos perante mais um talento em ascensão, que não deverá tardar muito a dar-se a conhecer melhor.
Foto de Capa: SL Benfica
Artigo revisto por: Beatriz Silva