Já Sandra Ferreira, a filha mais nova de Eusébio, não deixou escapar a oportunidade de referir o momento em que Eusébio ofereceu um passeio de carro a um rapaz: “O pai de um colega da minha filha contou-me que, quando era miúdo, ia frequentemente à Avenida Infante Santo e encontrava lá muitas vezes o meu pai, com o seu Saab Sonett amarelo. Ficava todas as tardes em frente ao carro, a olhar para ele. E, uma vez, o meu pai apareceu e perguntou-lhe se ele queria dar uma volta. Ele disse que sim, e o meu pai convidou-o a entrar. E subiram e desceram a Infante Santo. Passados 40 anos, o senhor contou-me isto e eu achei fascinante”, relatou Sandra, visivelmente orgulhosa.
Com orgulho também António Simões recordou o amigo, dizendo que “foi um privilégio ter sido seu companheiro, ter tido a confiança dele”. Emocionado, o campeão europeu admitiu ter “imensas saudades” de Eusébio: “há momentos em que é difícil não o ter cá. Quando ele faleceu, perdi um bocadinho de mim. É que foram muitos anos, muitos jogos, muitas coisas… Tenho saudades de ver um jogo com ele, de ir almoçar com ele, de estarmos sentados e não dizermos nada um ao outro. Há uma ausência, um vazio, que eu já não posso preencher”.
Esses almoços entre amigos tinham lugar no restaurante Tia Matilde, em Lisboa. Também Filipe Ascensão lá passou vários momentos com Eusébio. Enquanto preparavam o filme, iam “todos os dias almoçar ao Tia Matilde”. “O restaurante fechava”, avançou, “e nós ficávamos lá até às 16h, 17h… a contar histórias, a falar um pouco de tudo”. Com ternura e entre risos, lembrou ainda as picardias entre o ídolo do futebol português e os amigos Sportinguistas: “quando ele começava com as suas brincadeiras à volta do futebol, sobre a vitória ou a derrota no Benfica-Sporting do dia anterior… Era o caos! Era mesmo muito engraçado, era saudável, não havia maldade nenhuma nas brincadeiras dele com os amigos do Sporting”.