«Eusébio – A História de uma Lenda»

    Uma delas, bem realçada no filme, foi a Taça dos Campeões Europeus conquistada em 1962, frente ao Real Madrid, numa final épica em que Eusébio marcaria dois golos, na vitória dos ‘encarnados’ por 5-3. O Benfica tornava-se bicampeão europeu, mas, para o ‘Rei’, o troféu pouco importava: o prémio mais importante era ter conseguido a camisola do seu ídolo, Di Stéfano, que guardou para sempre.

    Eusébio demarcou-se por esse instinto goleador. António Simões, antigo colega e amigo do ‘King’, assegurou que “quando precisávamos dele para ganhar, ele estava lá”. Na apresentação do filme «Eusébio – A História de uma Lenda», que decorreu na passada terça-feira, na Cidade do Futebol, em Oeiras, Simões foi mais longe e enalteceu a simplicidade com que Eusébio vivia, apesar do sucesso: “destaco-o pela lealdade. Como se pode ser tão grande na vida e ser-se tão leal? É muito difícil”.

    Fonte: SL Benfica
    O Filme «Eusébio- A História de uma lenda” irá estrear dia 23 de Março
    Fonte: SL Benfica

    O ‘irmão branco’ de Eusébio, como ele carinhosamente lhe chamava, fez questão de sublinhar que “o Eusébio foi a grande figura (e até o herói) do século XX”. “O Eusébio, para além da admiração das pessoas, conseguiu a simpatia delas. Quando ele faleceu, as pessoas vieram para a rua. Isso vai muito para além do respeito que Portugal teve por este homem. É muito difícil encontrar outra personalidade que tenha esse impacto”, disse.

    Porém, essa humildade não era sinónimo de falsa modéstia. O eterno camisola 10 tinha plena noção do seu valor e não se coibia de o reconhecer. Em conversa com o Bola na Rede, Simões lembrou, tal como o faz no filme, um momento que o marcou especialmente. “Uma vez, antes de um jogo, ele disse-me: «amanhã marco três golos». Ganhámos por 4-0 e o Eusébio marcou quatro golos. Eu avisei-o: «não me voltas a enganar»”, contou o antigo jogador.

    Mas não foi apenas António Simões quem recordou episódios curiosos sobre o ‘Pantera Negra’. Rui Costa, que também participa no documentário, esteve igualmente presente na Cidade do Futebol, e retrocedeu aos tempos em que Eusébio era seu treinador, nas camadas jovens do Benfica. “Ele dizia-nos sempre: não chutes por chutar, chuta para fazer golo”, revelou. “Custava-lhe muito que chegássemos ao pé da área e andássemos à procura de um passe, de alguém melhor posicionado para fazer golo.” Mas não foi esse o único traço que o ‘Maestro’ frisou.

    Rui Costa quis ainda mencionar que os jogadores treinados por Eusébio não podiam dizer uma asneira. “Uma vez, quando eu andava nas escolinhas, disse um palavrão, durante um treino. Ele perguntou quem o tinha feito, até que eu levantei a mão e ele me disse para ir para o balneário. Na cabine do estádio, estavam as senhoras da lavandaria e eu comecei a coxear e a dizer que me tinha aleijado, para não revelar a verdadeira razão de ter deixado o treino”, confessou, entre risos, e finalizou, saudoso: “Ele não era só um treinador de futebol, tentava ajudar-nos em tudo”.

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    Nadine Gil
    Nadine Gilhttp://www.bolanarede.pt
    Alentejana que se mudou para a capital para estudar Jornalismo. Vibra intensamente pelo Sport Lisboa e Benfica e só perde um jogo em casos extremos. Erros gramaticais provocam-lhe arrepios.                                                                                                                                                 A Nadine escreve ao abrigo do novo Acordo Ortográfico.