A CRÓNICA: XADREZ EM CAMPO SEM XEQUE-MATE
Primeiro clássico de 2021 e, apesar da baixa temperatura sentida no Dragão, o jogo prometia ser escaldante. FC Porto e SL Benfica chegaram a este encontro da 14.ª jornada empatados com 31 pontos, a cinco do Sporting CP, que acabara de empatar em casa frente ao Rio Ave FC.
O FC Porto entrou pressionante, a sobrecarregar o lado da bola, mas o SL Benfica, muito devido à colocação de Weigl no meio dos centrais na hora de construir, conseguiu contrariar essa pressão e depois tentou explorar a profundidade e largura dos dragões.
Foi assim que surgiu o primeiro golo do jogo, aos 16′. Com a colocação de três centrais, Marega falhou a pressão em Vertonghen, que abriu em Nuno Tavares. O lateral encarnado cruzou para Seferovic que, com um toque subtil, deixou para a entrada de Grimaldo. O espanhol, frente a Marchesín, não perdoou e adiantou as águias no marcador.
A equipa de Sérgio Conceição via-se a perder em casa e sentia a obrigação de correr atrás do resultado, pelo que, nem dez minutos depois, o FC Porto chegou ao golo da igualdade. Bola parada batida à maneira curta, com Sérgio Oliveira a aproveitar a distração de Gilberto para colocar por cima da defesa em Corona. O mexicano assistiu Taremi que rematou e, com a ajuda de Marega, a bola acabou no fundo das redes de Vlachodimos. Tudo igual no Dragão à meia hora de jogo, no que vinha sendo um jogo de nervos entre as duas equipas.
Antes do intervalo, houve ainda oportunidade para as duas equipas se adiantarem no marcador. Primeiro o Benfica, através de Darwin, com Pizzi a cruzar atrasado na linha de fundo e o urugaio a enviar o esférico ao poste direito da baliza azul e branco. Escassos minutos depois, respondeu o FC Porto por Luis Díaz. O colombiano partiu para cima da defesa benfiquista, tabelou com Corona, tirou Otamendi do caminho e rematou em jeito, com a bola a sair muito perto do poste direito da baliza encarnada. Tudo igual após 45′ de sacrifício e grande pressão no Dragão, onde o FC Porto entrou melhor, mas o SL Benfica terminou por cima.
As equipas voltaram para o segundo tempo e a primeira oportunidade de perigo deu-se aos 61′, por intermédio de Rafa. O extremo recebeu sozinho depois de um cruzamento de Seferovic e atirou para defesa de Marchesín. Neste jogo de parada e resposta, o FC Porto também criou perigo por Marega. Aos 69′, o maliano cabeceou após cruzamento de Sérgio Oliveira para boa defesa de Vlachodimos.
Aos 72′, o jogo iria mudar. Taremi entrou duro sobre Otamendi e recebeu ordem de expulsão de Luís Godinho. Os portistas ficavam com menos um, num jogo em que 11×11 já estava muito equilibrado.
Ao contrário do que seria expectável após a expulsão, foram os dragões que tiveram a primeira oportunidade de golo. Díaz cabeceou ao segundo poste e Marega, no primeiro, não conseguiu encostar para as redes de Vlachodimos.
A partir desse momento, os encarnados balancearam-se para o ataque, aproveitando a superioridade numérica, mas o FC Porto manteve a sua baliza segura. Tudo igual no final da partida, tudo igual na tabela classificativa. Início de jornada atípico, em que os três grandes perderam pontos.
A FIGURA
Grimaldo – O lateral, hoje extremo encarnado, marcou o golo que adiantou o Benfica no marcador e foi o protagonista dos maiores desequilíbrios pelo lado direito da defesa portista. Destaque ainda para Weigl, que foi determinante no processo ofensivo dos encarnados.
O FORA DE JOGO
Luis Díaz – O extremo colombiano não esteve nos seus dias e tentou aparecer, quer por dentro, quer mais chegado à linha, mas quase sempre sem criar perigo. No lance em que teve a oportunidade de marcar, não conseguiu faturar.
ANÁLISE TÁTICA – FC PORTO
O FC Porto apresentou-se no 4-4-2 habitual, com os extremos a assumirem posições mais interiores, dando espaço aos laterais para se projetarem e criarem vantagem numérica no ataque. Devido à marcação individual de Nuno Tavares, Corona procurou ser mais “vagabundo” em campo, não se fixando apenas no lado direito da ofensiva portista.
A nível defensivo, os azuis e brancos procuraram pressionar e sobrecarregar o lado da bola, mas a primeira linha vinha sendo ultrapassada pela posição de Weigl, entre os centrais, que dava superioridade numérica ao Benfica na saída.
11 INICIAL E PONTUAÇÕES
Marchesín (6)
Mbemba (5)
Pepe (6)
Zaidu (5)
Nanú (5)
Uribe (6)
Tecatito (7)
Luis Díaz (6)
Sérgio Oliveira (6)
Marega (6)
Taremi (6)
SUBS UTILIZADOS
Diogo Leite (-)
João Mário (-)
Evanilson (-)
Grujic (-)
ANÁLISE TÁTICA –SL BENFICA
O SL Benfica apresentou-se em 4-4-2, com Nuno Tavares e Grimaldo a partilharem o corredor esquerdo. No aspeto ofensivo, os encarnados colocaram Weigl entre os centrais para anular a primeira linha de pressão do FC Porto e porcuraram explorar a largura e profundidade do conjunto de Conceição. Os extremos, tal como no FC Porto, apareceram mais por dentro, dando espaço aos laterais para subirem no terreno e ocuparem as faixas.
No que à defesa diz respeito, Nuno Tavares e Grimaldo tinham bem designados quais seriam os seus oponentes diretos, fazendo, respetivamente, marcações individuais a Corona e Nanú.
11 INICIAL E PONTUAÇÕES
Vlachodimos (6)
Gilberto (6)
Vertonghen (6)
Otamendi (6)
Grimaldo (7)
Nuno Tavares (6)
Weigl (7)
Pizzi (6)
Rafa (7)
Darwin (6)
Seferovic (6)
SUBS UTILIZADOS
Chiquinho (-)
Everton (-)
Waldschmidt (-)
BnR NA CONFERÊNCIA DE IMPRENSA
FC Porto
Bola na Rede: Sérgio, a colocação do Weigl entre os centrais na primeira parte fez com que houvesse superioridade numérica adversária na saída de bola do Benfica, sendo ultrapassada a sua primeira linha de pressão. Apesar de ter alterado isso ao intervalo, porque depois o Corona já pressionou mais alto, foi essa a falha que custou mais caro ao FC Porto hoje?
Sérgio Conceição: Nestes jogos, há determinadas situações que trabalhamos e basta uma má ocupação de espaços para a equipa sair e acaba por matar cinco jogadores que temos no meio-campo ofensivo. Percebi que houve um ou outro jogador mais abaixo em relação ao que tinha de estar. Uma vez ou outra pelo corredor direito e pelo esquerdo saíram de forma mais fácil que o que eu quero. São situações que se corrigem e que se trabalham.
SL Benfica
Bola na Rede: A colocação de Weigl entre os centrais, criando superioridade numérica na saída de bola, foi o seu maior trunfo no jogo de hoje?
Jorge Jesus: Não concordo. O Weigl tem um posicionamento cada vez melhor para o que queremos, mas acho que o segredo de anularmos o FC Porto não passou por aí. Sabemos a estratégia que montamos, trabalhamos par isso durante a semana. Sabemos que o FC Porto tem um corredor muito forte e a estratégia passou mais por aí.
Foto de capa: SL Benfica