Foi como tinha de ser. Já tive muitos pesadelos, mas nem no pior o Porto ganhava na Luz, tendo em conta toda a carga emotiva deste jogo. Não podiam. Não ganharam.
No Domingo ficou mais uma vez provado quem são os benfiquistas e o que é o Benfica. Nem falo, para já, do resultado. Falo da nossa mística – que é só nossa -, do que ela significa e do simbolismo que tem estar no maior dos palcos num dia destes, estar na Catedral. É indescritível a forma como a vi vestida de vermelho e branco, vestida de negro, a sorrir e a chorar. Só sabe quem sente.
Foi como tinha de ser! Uma equipa sem medo, que jogou de facto para ganhar, que jogou ao ataque, que lutou, que mostrou as garras, que puxou pelos adeptos como eles puxaram pela equipa. Uma equipa que deu e recebeu, que honrou o Rei, que dignificou o manto sagrado. Só peço isso, que dignifiquem sempre essa camisola, que é única. Um orgulho.
Domingo foi a melhor das homenagens. Ganhar ao Porto, na Luz, sem sofrer golos, com um estádio inteiro a homenagear Eusébio e tudo a terminar numa vitória que nos torna líderes isolados do campeonato. Melhor? Só se o Eusébio jogasse. Mas aí não tinha a mesma piada, porque certamente ele marcaria três ou quatro golos e resolveria a questão facilmente. Como aliás era hábito. E não é isso que se quer num clássico.
Mas voltando ao real que parece sonho, é quase isso, um sonho. Só quem é verdadeiramente Benfica sabe, só quem respira Benfica sente. Ver um estádio que sempre foi e será, para sempre, vermelho vestir-se de negro para homenagear o seu maior símbolo foi algo arrepiante. Verdadeiramente arrepiante.
Foi como tinha de ser. Penso, volto a pensar, e acho que este foi um Domingo bom demais. Mas se não fosse assim seria como? Alguém concebe outra opção? Haveria outro cenário possível para o jogo de despedida do nosso querido Pantera Negra? Claro que não. Não podia e o Benfica mostrou isso elevando uma vez mais o seu significado, o nome de Eusébio, os seus adeptos, os seus jogadores. No clássico, o Benfica foi Benfica.
O Rei certamente vai descansar em paz; certamente ficou orgulhoso de todo o carinho, de tanto carinho.
Ao Benfica e ao Jorge só peço uma coisa: atitude!
Mas sempre. Queremos um jogo inteiro à Benfica, o que por outras palavras significa um jogo inteiro à Eusébio. Como disse Ricardo Araújo Pereira (enorme benfiquista), é outra forma de dizer Benfica.
Atitude, equipa! Honrem sempre o nosso manto, que tantos de nós comiam relva para ter uma oportunidade de o vestir, nem que fosse realmente por uma vez. Honrem o clube, honrem os adeptos, honrem o Rei, o maior. Sempre.
Se assim for talvez o nosso Pantera tenha de facto a verdadeira homenagem, a que merece. A derradeira homenagem. Só posso desejar que Ele tenha de facto essa prenda em breve, dos benfiquistas, e que também daqui a uns tempos eu possa dizer, de forma justa:
Por ti, Eusébio. Foi como tinha de ser.