Nem eu, nem ninguém – presumo -, acredita naquela declaração clássica que jogadores, equipa-técnica e dirigentes têm 20 vezes por época: “O próximo jogo é o mais importante da época”. E desculpam-se sempre por ser o próximo. Certo. É o próximo, mas se esse jogo for com o Cinfães ou com uma qualquer equipa para a Taça da Liga não é, como será facilmente descortinável por qualquer jornalista que faça a questão, o mais importante para as pretensões da equipa.
Porém, há casos em que isso, de facto, acontece. Pense-se: se o Benfica tivesse perdido pontos em Coimbra, mesmo sem saber que o Porto o ia fazer em Belém, teria sido terrível. Mas isso não seria determinante na luta pelo título – teoricamente, claro – haveria tempo para dar a volta à situação. Porém, olhe-se o próximo jogo do Benfica em Atenas. Contas à parte, todos sabemos uma coisa: se perdermos estamos fora e se empatarmos a coisa pode ser igual. Tendo em conta as exibições do Benfica, que vão servindo na Liga mas que não convencem qualquer benfiquista atento e crítico, diria à partida que não temos hipótese. Ora bem se sabe que no futebol nada disto funciona desta maneira, que, apesar dos dedos apontados e da falta de paciência dos adeptos, Jesus vai ganhando jogos. A questão que todos colocam é: será o Benfica, a jogar desta maneira, capaz de vencer o Olympiacos? Não acredito.
Primeiro que tudo, podíamos estar no melhor momento do ano que isso não seria sinónimo de vitória, já que este é sempre um jogo complexo, pela qualidade do adversário e pelo jogo decorrer em tal estádio, com tal ambiente. Depois, se existisse a alegria, coesão e sede de golo que houve em anos anteriores talvez a proeza fosse possível. E, na verdade, é. Para isso basta que o Benfica faça um jogo com um nível ao qual ainda nem sequer se aproximou esta temporada, ter a sorte do jogo e esperar que a turma grega não esteja particularmente inspirada.
Talvez suceda, talvez não. Jesus vai ficar com a manta mais curta, mas já ninguém acredita na sua saída até ao final da época. E a época, pelo menos uma parte dela, pode acabar aqui. A vontade pode perfeitamente não chegar. E aí, já sabem, é lutar pela eterna Liga Europa que já cheira mal. Mas que, porventura, é o nosso lugar. Pelo menos até agora.